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Estado de Minas COLUNA

Economia enfrenta velhas incertezas e novas narrativas

Além de o superávit primário do setor público ter mostrado que o Brasil não começa tão mal o ano novo, inflação ao consumidor pode ser menor no segundo semestre


04/01/2022 04:00 - atualizado 04/01/2022 08:38

Brasileiros enfrentaram alta generalizada de preços no varejo em 2021
Previsões indicam que, após um 2021 de grande pressão sobre os preços ao consumidor, inclusive nos postos de combustíveis, a inflação deve recuar para taxa anual de 5% a 6% (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press - 18/11/21)


Tão velho quanto andar para frente é apontar as incertezas de um ano que começa, quando se trata da economia brasileira. Estamos hoje apenas no quarto dia de 2022, mas já há incontáveis previsões que vão desde verdadeiras catástrofes até tímidas expectativas de moderado sucesso.

O calendário eleitoral, como sempre, aguça o pessimismo dos militantes da banda do quanto pior, melhor. Esses nem sempre têm compromisso com a realidade e, não raro, carregam nas tintas, a ponto de colocar em dúvida sua honestidade intelectual. Igualmente, não se pode levar cegamente em conta a defesa que de seu trabalho fazem os que estão em posição de comando da política econômica. Eles tendem a valorizar os êxitos obtidos e minimizar as consequências do que decidiram mal ou do que não conseguiram evitar.

Na iniciativa privada, os fracassos também ocorrem, a diferença é que eles são logo desvelados pela inescapável lógica da contabilidade e seus autores dificilmente escapam da censura ou da demissão. A intenção de aplicar ao agente público essa reprovação por meio do voto popular é parte da disputa democrática, desde que não se construam apenas narrativas sem base real – jogo sujo que, esse sim, deveria ser punido.

Já que falamos no calendário eleitoral, é dispensável discutir se a economia será decisiva no resultado limbo das urnas. Com isso todos concordam, a começar dos economistas de boa escola, sérios o bastante para passarem longe da militância ou de um “honroso” convite do próximo mandatário.

Pequenas discordâncias podem ocorrer. A mais comum é a do equilíbrio fiscal. Para os que profetizam o caos, o governo jamais teve o controle do gasto público e a situação de “prevalência fiscal” vem gerando desconfiança na economia, inibindo o investimento e o emprego. Já para os que trabalham com mais técnica em suas projeções, a questão fiscal se resume na incerteza quanto à capacidade de o governo atacar o rombo gerado no combate à pandemia e, ao mesmo tempo, evitar novos gastos.

Os primeiros estão apenas criando mais uma narrativa longe da realidade e os demais se excedem em suas precauções. Na verdade, com a obtenção em 2021 do primeiro superávit primário do setor público desde 2013, o Brasil não começa tão mal o ano novo quanto sugerem os que torcem para o quanto pior, melhor.

Superávit

O que era expectativa tornou-se realidade na semana passada, com a divulgação pelo Banco Central das estatísticas fiscais relativas a novembro, mês em que o setor público consolidado (União e estados) registrou superávit primário (sem os juros da dívida) de R$ 15 bilhões, ante déficit de R$ 18 bilhões em novembro de 2020. O governo central participou com R$ 3,5 bilhões e os governos regionais com R$ 11,7 bilhões, após receberem pesadas verbas da União para o combate à pandemia.

Com esse resultado, o superávit primário do setor público, acumulado nos 11 primeiros meses de 2021, somou R$ 64,6 bilhões, montante que indica o fechamento do ano com resultado primário positivo, ainda que os dados de dezembro, que só serão conhecidos no fim de janeiro, registrem déficit mensal nas contas do governo central.

Essa realidade, que muitos fingem não ver, não apenas desautoriza prognósticos de exagerado (para não dizer tendencioso) pessimismo em relação ao controle fiscal, como também reduz a pressão sobre o curso da inflação.

Até os estagiários em economia sabem que a atual disparada dos preços é um fenômeno mundial decorrente do desarranjo na oferta, provocado pelos lockdowns da crise sanitária. Mas também sabem que há algo mais: o desequilíbrio fiscal e o consequente aumento da emissão de moeda e/ou do endividamento para cobrir os déficits jogam pesado a favor da inflação.

A propósito do mencionado choque de oferta, não há economista sério que não veja hoje sinais claros de que esse desarranjo nas cadeias de suprimento começa a se desfazer. É precipitado marcar uma data para o fim desse processo, mas é razoável esperar que seus efeitos positivos sobre a economia sejam mais claros no fim do primeiro trimestre.

Inflação

Não é à toa que boa parte das projeções confiáveis apontam para uma taxa de inflação anual entre 5% e 6% a partir do segundo semestre de 2022. Isso anima os mais otimistas a encurtar o tempo em que voltaremos a ter taxas de juros em curva declinante rumo a patamares civilizados, favorecendo, assim, a retomada do crescimento.

Antes disso, há turbulências a serem enfrentadas neste início de ano. São os reajustes provocados pela alta generalizada de preços em 2021 e que, por algum motivo, não foram imediatamente transferidos ao consumidor. Alugueis, impostos sobre a propriedade de imóveis e de automóveis estão nessa lista de aumentos represados, assim como os preços de alguns serviços como os de saúde e educação.

Aos que não puderam aproveitar a pandemia para reforçar sua poupança, a sugestão é evitar os juros do cartão de crédito. Eles vão refletir a política monetária mais apertada para combater a inflação e, como é muito provável que dias melhores virão ainda este ano, será uma pena ficar fora da bonança.

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