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Estado de Minas COLUNA

O mundo realmente não está legal, mas não está perdido

Para quem a cegueira não impede de ver tudo mais claramente, os fatos, processados pela imaginação, são instrumentos para melhor entender o mundo


17/07/2022 04:00 - atualizado 17/07/2022 08:14

Imagens do telescópio James Webb
O telescópio James Webb, há pouco mais de um ano no espaço, procura as estruturas vistas de um universo mais distante e observa o mundo celeste (foto: ESA/WEBB/AFP)


A confirmação de que existem milhões de galáxias e bilhões de estrelas no espaço sideral – reveladas pela Nasa, a agência espacial norte-americana, e pela Agência Espacial Canadense –, no início desta semana, deveria deixar o ser humano mais humilde imediatamente. Poderia ser um salto na consciência dos países e das pessoas. É, no entanto, somente mais uma notícia. Poucos aceitam que são demasiadas as coisas desconhecidas de uma vida e, ao mesmo tempo, a importância da rotina e da estabilidade.

Os padrões de vida são, hoje, sintonizados com o que sai na internet. O que é seguro ou desestabilizador chega às pessoas de forma on-line, criando uma tendência que impede de ver a qualidade média da vida humana em cada país. Por isso, só especialistas têm a coragem de dizer que, do ponto de vista da evolução, a vida está melhorando, mesmo que do ponto democrático esteja piorando no mundo todo.

O telescópio James Webb, há pouco mais de um ano no espaço, procura as estruturas vistas de um universo mais distante e observa o mundo celeste, solar, o céu do céu, tudo em constante evolução. As  descobertas são um alento para pessoas de bem que pode melhorar a convivência humana. Para quem a cegueira não impede de ver tudo mais claramente, os fatos, processados pela imaginação, são  instrumentos para melhor entender o mundo.

Infelizmente, para a maioria dos que têm olhos para ver, o otimismo não se sustenta. O grande problema do mundo atual é que as grandes distâncias da realidade não têm levado as pessoas a se aproximarem da ideia de eternidade. Os aficionados do dia a dia, mesmo durante a pandemia, não interromperam sua dependência de necessidades adiáveis.

Fizeram-se de fortes e, numa arrogância própria dos que nunca se feriram inteiramente, optaram pelo antagonismo de negar a realidade, atrasando o controle da doença. Poderiam aproveitar a oportunidade de encarar a dificuldade para fazer imperar a reciprocidade. Mas, foi também possível ver como a solidariedade prevaleceu nos sistemas de saúde e entre profissionais que são relíquia.

Para muitos, a humanidade está sendo mantida como uma múmia. Nem a fé do medo mantém Deus  como indispensável. As igrejas jogam mais com sua inclinação como instituição do que com o respeito que adquiriram como locais de paz e reflexão. E, por razões políticas, temos visto que a afetuosa demonstração de apreço por Jesus, a mais perfeita demonstração de tolerância diante do conflito, não  tem servido de sabedoria para muitos.

A doença, como uma possibilidade real de perda, não deve ser comparada como oposição ao que dá prazer. Na Bolsa de Valores, o lucro de uma empresa de fabricação de armas pode ser o mesmo da  Disneylândia. Tudo é visto como parque temático. Um cantor pacifista é tão milionário quanto um belicista. Mas, onde não existem grandes choques de classe, raciais e religiosos, as sociedades são mais governáveis. Quem tem hábitos de austeridade modera gastos, enfrenta melhor tempos ruins. Quem não está contente com si mesmo dificilmente será contentado. Para o coração humano, o mundo é o mesmo em toda a parte.

Dê tempo ao tempo, se o mundo vira um relâmpago, ninguém tem qualquer escolha. Proteja seu  patrimônio, invista, se arrisque, mas não se compare a valores materiais. A espiritualidade tem outra dimensão. As descobertas científicas libertam o homem do estado físico, mas é a reflexão moral que o liberta da infinita distância entre o que tem e o que é.

O mundo realmente não está legal, mas não está perdido. Pelos indicadores econômicos, os países  ficarão do mesmo jeito, alguns até regredirão. Talvez muito ainda precise ser feito, mas aquilo que não foi feito só é melhor se for bem feito. A pedagogia ancestral, que criou as nações mais importantes, nunca quis transformar uma criança que brinca num adulto que trabalha. Tudo tem sua hora.

A política não consegue lidar com o prazer e o desprazer ao mesmo tempo. Todas as ameaças ao prazer de governar provocam reação dos instintos mais primitivos. Na desarmonia do ego dos poderosos, o mais primitivo dos instintos no poder é o recalque – a incompatibilidade entre a crítica e a autoimagem. O palácio do governo é uma clínica de UTI geriátrica com mais solidão e abandono do que beleza. Poucos governantes conseguem entender o que é o bom poder.

Maus exemplos são Trump, Putin e Boris Johnson, que sofreram com a má adaptação ao ambiente político, imaginando encontrar prazer no destempero por uma visão supersticiosa do poder. Seus desejos inconscientes competiram com seus objetivos mais elevados e a descarga de realidade produziu mais desprazer e frustração do que prazer e compensação. Não vale a pena. (Com Henrique Delgado)

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