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Estado de Minas COMPORTAMENTO

Amnésia

"Sou capaz de dormir inclusive na cadeira de dentista"


13/08/2023 04:00 - atualizado 13/08/2023 07:35
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Ilustração
(foto: IA)

 
No início da semana, experimentei o primeiro e único episódio de amnésia da minha vida, pelo que me lembre. Nunca precisei tomar remédio para dormir, isso porque dizem que primeiro durmo depois deito. Esse é um ato fácil pra mim a qualquer hora do dia ou da noite. Deito e penso “pode dormir “ e simplesmente o faço. 
 
Fui fazer uma cirurgia em dois dentes, um de um lado e outro do outro. Cirurgia complexa que exigiu muito mais que uma simples anestesia local, a velha e essencial companheira no que se refere a tratamentos dentários. Pelo ao menos no meu caso. Morro de dor só de olhar pro dentista. 

“Vou te dar um comprimido pra dormir, pois preciso de você o mais relaxada possível”. Ok, disse pra ela, apesar de adiantar que, se não há dor, sou capaz de dormir inclusive na cadeira de dentista. 
 
Tomei o tal remédio e ficamos esperando fazer efeito. Batemos papo, contamos sobre nossas viagens recentes. Fui caminhando pra cadeira, fui ao banheiro, conversei mas um pouco. Sentei ou melhor me deitei, pois é assim que me sinto naquela poltrona capaz de nos colocar de cabeça pra baixo. Desmaiei. 

Quando terminou, ela foi puxando conversa e me lembro de ouvi-la ligando para meu marido avisando-o que já podia ir me buscar. Sei que saí de lá andando, pois no outro dia ela me contou que eu recusei a oferta da cadeira de rodas. “Estou super bem“ e de fato parece que estava mesmo. 
 
Não me lembro de nada a partir do momento em que me levantei da cadeira reclinável. Cheguei em casa e reconheci minha cama, meu maior sonífero. Dormi feito uma pedra, o que não tem nada de anormal.
 
Ao acordar no outro dia listei com meu marido tudo o que precisávamos fazer. Para cada item, ele respondia: “já conversamos sobre isso ontem”, ele respondia. “Que perigo”, retruquei, “agora você pode aproveitar e dizer que eu disse o que eu não disse”. Sorte a minha que ele está longe de ser desse tipo. 

Enfim, fiquei lembrando da luta de minha mãe em insistir para que eu escovasse meus dentes quando criança. Ela ficava o tempo todo batendo nessa tecla junto a mim e aos irmãos. Como eu ia ao banheiro e molhava minha escova, ela acreditava que eu a obedecia. Agora pago o preço, e alto em todos os aspectos, de ter negligenciado algo tão importante. Disso nunca vou me esquecer.

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