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Estado de Minas Comportamento

Meu pai viveu 93 anos

Reflexões sobre pais e filhos'


20/02/2022 04:00

Ilustração
(foto: Pxabay)
 
 
Esta semana completa um ano que enterrei meu pai. Depois de 17 dias no CTI entubado lutando contra os efeitos de um infarto, o corpo enfim cedeu. O tempo passa rápido, temos o hábito de dizer. E de sentir. Esse tipo de data reforça lembranças que ficaram adormecidas desde o tempo em que tomamos ciência e consciência de que somos indivíduos. Quando eles se vão, passamos a lembrar mais de nossos primeiros passos, por que lá estavam nossos pais. Sim o tempo passa rápido, um pulo da infância à adolescência à vida adulta à velhice. Não foi assim com meu pai que viveu 93 anos?
 
Uma amiga que perdeu o pai no final do ano passado, me lembrava com satisfação que a gratidão será sempre muito maior que a tristeza que nos acomete vez ou outra quando nos lembramos dos entes queridos que se foram. Gratidão é o sentimento que deve imperar, muito mais que a saudade que corre o risco de passar quando a gente por fim se acostuma com a ausência.
 
Nem todos experimentam a paternidade ou a maternidade. Por outro lado, ser filho ou filha não é uma escolha e muito menos uma tentativa que pode ser frustrada. Querendo ou não , assumindo ou não, somos filhos. Independente de termos sido ou não criados por aqueles que nos trouxeram ao mundo, temos os pais como ponto de partida para a vida e a eles devemos essa gratidão. Todo o resto vem depois, um resto imenso a ponto de ser incomensurável, é verdade, mas que só nos foi possível viver porque nos foi permitido aqui chegar.
 
Se discuti muito a questão da paternidade e da maternidade, deixando em segundo plano (como se fosse menos importante) tudo o que acarreta a filiação. A não ser quando nos assustamos com notícias aterradoras de filhos que mataram brutalmente seus antecedentes ou os abandonaram na velhice. Aí sim nos lembramos de colocar em pauta as obrigações de filho.
 
Tenho o hábito de pensar nos pais quando paro para observar alguém que vive sozinho  em situação de grande vulnerabilidade. Um dependente de drogas morando em condições sub-humanas debaixo de um viaduto, por exemplo. Provavelmente, em algum momento essa pessoa viveu em família, mas algo fugiu-lhes ao controle. Fico imaginando o sofrimento e o sentimento de tristeza de todos. Penso nos pais quando vejo anúncio de filhos desaparecidos, filhos assassinados, suicidas. Penso nos possíveis filhos quando vejo idosos morando nas ruas, a mercê da chuva e do frio, da sede e da fome.

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