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Estado de Minas Comportamento

Lembranças da primavera

'Fechamento do Jardim Azul me entristeceu'


11/10/2020 04:00


 
No momento em que escrevo esta coluna, ouço o canto das ci- garras. Mas são oito horas da noite e não me lembro de ser habitual a elas cantar no escuro. Tenho nas cigarras ótimas lembranças dos 15 anos em que passei no Colégio Santa Doroteia, no Sion.  Lá estudei desde o segundo ano primário (ensino fundamental) até me formar no colegial (ensino médio). Só saí cinco anos depois quando abri mão do emprego de professora para vir para o jornal Estado de Minas, ainda estudante de jornalismo.
Naquela época, o colégio ocupava um terreno bem maior que hoje e tinha uma mata enorme onde, mesmo não sendo permitido, costumávamos nos aventurar. Mas não precisávamos ir muito além dos corredores das salas para ouvir ou nos deparar com as cigarras. Elas estavam por toda parte, por obra da natureza ou por trapalhada das alunas.

Quem demonstrasse o mínimo de medo, aflição ou nojo era vítima certa das brincadeiras daquelas que tinham coragem de pegar a cigarra e colocá-la debaixo das carteiras, dentro das mochilas ou sobre a mesa dos professores, na esperança de a coitada começar a gritar a ponto de atrapalhar a aula.Gostávamos de usar as cascas que ficavam agarradas nos troncos das árvores como broches. Quem as usava ostentava o título de destemida e corajosa, o que para a idade era um trunfo muito grande.Entristece-me ouvi-las cantar hoje tão fora de hora, pois o fazem em função do calor excessivo que estamos vivenciando. Habitualmente, elas iniciam sua sinfonia no nascer do sol (são elas que me anunciam que são cinco horas da manhã) e encerram com o pôr do sol. Mas hoje disputam audiência com os sapos, que até então reinavam soberanos à noite em meio às matas que rodeiam minha casa.
 
Mas outro fato relacionado à minha infância me entristeceu esta semana. Foi o fechamento do Jardim Azul, do Imaculada Conceição, onde dei meus primeiros passos escolares. Estudei lá por três anos quando ele ocupava um prédio antigo tendo ao fundo uma casinha que ostentava um enorme Topo Gigio, por quem eu era apaixonada. Havia também uma parede com várias pias pequenas enfileiradas, onde escovávamos os dentes após o recreio e depois íamos descansar em pequenas cadeiras de lona.
 
Ainda me lembro de minha primeira professora, Madre Zélia, uma freira não muito jovem na época, mas bastante maternal. Eu era exageradamente tímida a ponto de não ter coragem de pedir para ir ao banheiro. Claro que eu não aguentava o aperto e acabava molhando as calças. Madre Zélia fazia de tudo para não me deixar constrangida, tendo chegado ao ponto de lavar minhas calcinhas e secá-las no ferro bem quente para que logo eu pudesse me sentir mais à vontade, o que não garantia que isso não se repetiria. E como se repetiu!!!

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