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Estado de Minas COMPORTAMENTO

Quem é o inimigo?

Dizem que a humanidade vai mudar para melhor. Acredito, sou otimista e sei que estamos evoluindo


postado em 05/04/2020 04:00 / atualizado em 05/04/2020 09:11


 
Quantas vezes ouvimos ou dissemos, nas últimas semanas, que devemos cuidar e nos preocupar com aqueles a quem amamos? Ao ficarmos em casa, evitamos trazer para a família os agentes da doença, por exemplo? Ouvimos também precisões de todos os lados e oráculos de que a humanidade vai mudar. E será para melhor, diz a maioria. E está aí uma coisa na qual acredito. Sou otimista e, apesar de absolutamente todos os tropeços que a humanidade insiste em dar, sei que estamos evoluindo.
Não há nada de apocalíptico nisso. Apenas a realidade. O mundo continuará sua marcha frenética logo que formos liberados para circular, mas muita gente sairá de casa mexido o suficiente para enxergar os outros de modo diferente, para dar valores diferentes ao que, até outro dia, acreditava ser impossível viver sem. Estamos vendo que é possível sim, viver sem muita coisa, sem fazer muito do que fazíamos e ainda assim ser felizes.
 
Lembrei-me de uma passagem atribuída a Jesus, em Mateus e em Marcos, no qual o Mestre foi alertado de que “vossa mãe, e vossos irmão estão lá fora e vos chamam”. “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?”, perguntou estranhamente. Não é preciso acreditar em Jesus, ou se de fato isso tenha acontecido, para refletir sobre um dos significados dessas sábias palavras.
 
De quem devemos cuidar mesmo? Daqueles a quem amamos, nos respondem as mensagens com suas músicas e imagens com potencial de nos levar às lágrimas. Mas para mudarmde fato para melhor, como preveem muitos, temos que alargar este leque, não é? Estamos percebendo que não é só aos médicos que devemos aplaudir no meio desse caos.
 
Todo dia que vejo que o caminhão de lixo passou na minha rua, sinto um alívio semelhante ao que sentiria se o médico dissesse que meu filho não está doente. Toda vez que deixo alguma coisa essencial na casa de meus pais, agradeço porque alguém continua fazendo entregas nos supermercados e sacolões, os frentistas estão firmes e fortes nos postos de combustíveis, o pessoal da Cemig e da Copasa de plantão para eventuais desastres que acontecem, com ou sem ameaça de vírus. Cuidar de toda essa gente, e muitas outras, que também amamos ou deveríamos aprender a fazê-lo, é perceber que todos têm um enorme valor pessoal e não apenas suas funções essenciais.
 
E já que me atrevi a falar de Jesus, deixo aqui mais uma de suas passagens como provocação para nossas mentes, agora com tempo de sobra para refletir. Mateus relata que certa vez Ele fora questionado sobre  por que seus discípulos insistiam em violar a tradição dos antigos e “sábios” ao não lavar as mãos antes das refeições. Jesus aproveitou o momento para chamar a atenção de todos para o fato de que, muitas vezes, lavar as mãos não passa de um rito e que mais valem nossas ações no bem comum que simples intervenções higiênicas.
 
Que não fiquemos, então, presos apenas à necessidade vital e real de lavar as mãos atualmente. Essa simples ação jamais será suficiente para nos manter longe daquilo que pode nos fazer mal. Precisamos nos lembrar de que nosso inimigo maior não é o vírus. Ele é nosso inimigo comum. Meu maior inimigo sou eu mesma. E o seu?

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