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Estado de Minas COMPORTAMENTO

Negar a companhia diante de tal apelo seria deselegante


postado em 13/10/2019 04:00 / atualizado em 11/10/2019 17:29


 
 
A filha, que naquele dia não poderia levar o pai para fazer alguns exames como de costume, ligou para a faxineira da casa e pediu que ela a rendesse. “Você desce com ele, chama um táxi e pode deixá-lo a cargo das atendentes do laboratório que estão acostumadas a atendê-lo”.
 
Prontamente, a funcionária ajeitou tudo na casa e se arrumou para sair. Ao se dirigir ao senhor e chamá-lo, ele logo a dispensou. “Não precisa de você ir comigo. Posso fazer tudo sozinho, descer, chamar o táxi, informar meu destino e lá, no laboratório, conheço todo mundo. E pode ter certeza que saberei voltar, inclusive estou levando o celular. Ah e, caso me demore mais que o normal, é porque resolvi tomar um sorvete e apreciar o movimento da rua. Estou cansado de ficar preso dentro de casa”.
 
Muito sabiamente, não se sabe ao certo por medo de ser repreendida pela patroa se tal ordem não fosse cumprida ou se por preocupação e medo de deixá-lo à própria sorte, ela retrucou sem dar a ele chance de contestar. “O que mais gostei foi da ideia do sorvete. Adoro, ainda mais num dia quente como o de hoje. Faz tempo que não tomo um. Além do mais conheço uma sorveteria nova lá perto que nunca tive coragem de entrar. Mas tendo o senhor comigo será diferente”.
 
Ele sorriu-lhe, como quem diz que bem poderia trazer um para ela, quando ouviu o complemento rapidamente “A não ser que o senhor tenha vergonha de sair e ser visto junto de uma mulher feia”. Gentil como era e educado à moda antiga, negar a companhia diante de tal apelo seria deselegante. Posso apostar que a partir daquele dia, passou a preferir que a mulher “feia” fosse com ele. Afinal, “elas” costumam ser mais tolerantes com os caprichos dos pais das demais e não teriam coragem de negar uma paradinha para o sorvete ou coisa que o valha.
 
Muitas vezes ficamos pensando como podemos prestar uma ajuda de forma com que a pessoa que a receba não se sinta humilhada ou incapaz. Pequenas observações, por mais que possam parecer falsas, ajudam a diminuir a tensão e demonstram carinho, selo, mais que formas de incapacitar o outro.
 
Gosto de imaginar que o que ela pretendeu foi dizer a ele, através de metáforas e brincadeiras, que gostaria de fazer por ele aquela delicadeza e que esperava que ele aceitasse. Para melhorar, ao dizer que com ele entraria com desenvoltura na nova sorveteria do bairro, invertia os papéis de cuidador e de assistido.
 
Não a conheço pessoalmente, nunca a vi nem em foto, mas sou capaz de apostar também que ela pode ser tudo, menos uma mulher feia. Depois de ouvir esta história, o que lhe parece?

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