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Glocalização: uma mudança inadiável

Com a localização, encurtamos as distâncias entre o produtor e o consumidor, diminuímos custos, evitamos desperdícios e reduzimos impactos ambientais.


postado em 23/05/2020 04:00

Jeremy Rifkin, sociólogo americano: %u201CEsta é a crise de nossa civilização. Não podemos continuar pensando na globalização como hoje%u201D (foto: ERIC PIERMONT/AFP)
Jeremy Rifkin, sociólogo americano: %u201CEsta é a crise de nossa civilização. Não podemos continuar pensando na globalização como hoje%u201D (foto: ERIC PIERMONT/AFP)


Temos de construir agora – ou pelo menos decidir agora que temos de construir – as infraestruturas que nos permitam viver de uma maneira diferente. Pensadores, ativistas, especialistas… muitos vêm reforçando não é de hoje a necessidade de estabelecermos um relacionamento diferente com o planeta. E a pandemia do novo coronavírus escancarou essa urgência. “A globalização acabou, devemos pensar em termos de ‘glocalização’. Esta é a crise de nossa civilização, mas não podemos continuar pensando na globalização como hoje, pois são necessárias soluções glocais para desenvolver infraestruturas de energia, comunicação, transporte e logística, entre outras”, afirmou o sociólogo americano Jeremy Rifkin, em recente entrevista publicada pela BBC.

Rifkin se define como ativista em favor de uma transformação radical do sistema baseado no petróleo e outros combustíveis fósseis, é consultor de governos e empresas em todo o mundo e escreveu mais de 20 livros dedicados a propor fórmulas que garantam a sobrevivência no planeta em equilíbrio com o meio ambiente. Para ele, a mudança radical começaria na forma como organizamos nossa economia, nossa sociedade, nossos governos: a maneira de estar neste planeta.

Não pense que o “mercado” está afastado desse pensamento. O fundo soberano da Noruega, um dos maiores do mundo, com US$ 1 trilhão em ativos, anunciou neste mês que decidiu excluir companhias de petróleo, mineradoras e geradoras de energia de seu portfólio, colocando-as em sua lista de investimentos proibidos. A Vale e a Eletrobras, por exemplo, foram banidas pelo conselho executivo do Norges Bank, o banco central norueguês, gestor do fundo. Agora é levado em conta o risco de que as companhias contribuam para danos ambientais e violações aos direitos humanos.Nos Estados Unidos também. Larry Fink, fundador e presidente do fundo de investimentos BlackRock, publica todo início de ano uma carta aberta aos líderes de companhias investidas ao redor do mundo. A mensagem carrega o peso dos mais de US$ 6 trilhões administrados pelo fundo, o triplo do Produto Interno Bruto brasileiro. Com o título “Propósito e lucro”, ele destacou que as empresas precisam mostrar compromisso com os países, regiões e comunidades onde atuam.Nos próximos anos, aponta ele, o mundo verá a maior transferência de riqueza da história: US$ 24 trilhões dos baby boomers (nascidos nos anos 1940 até a década de 1970) para os millennials (nascidos nos anos 1980 e início dos 1990). Os sentimentos das novas gerações influenciarão suas decisões não apenas como funcionários, mas também como investidores. “Conforme essa riqueza muda de geração e as preferências de investimento também se transformam, questões ambientais, sociais e de governança serão cada vez mais significativas para as avaliações das empresas”, escreveu Fink.

Em entrevista recente ao El País, o pensador norte-americano Noam Chomsky, a voz de referência da esquerda nos Estados Unidos, pediu uma grande mudança de rumo, argumentando que a colocação de mãos privadas em funções públicas explica grande parte da crise provocada pelo coronavírus. “Se não obtivermos algum tipo de Green New Deal (proposta de transformar o sistema econômico através de uma redução drástica das emissões de gases de efeito estufa e o compromisso com a eficiência energética), será uma desgraça”, afirmou. Para Chomsky, se não falarmos sobre a causa da pandemia, as próximas serão inevitáveis e piores, por causa do aquecimento global, entre outros fatores ambientais.

Nesse contexto, mais e mais pessoas estão despertando para o fato de que, devido aos custos ambientais, um modelo econômico fundamentado em consumo infinito é insustentável. E, em contraponto à globalização, destacam a necessidade de privilegiar o que é local. Trata-se de trazer a atividade econômica para perto de casa, oferecendo apoio às comunidades locais em vez de grandes empresas distantes.“No lugar de uma economia baseada em fábricas que exploram seus funcionários no Sul global, em família compostas por dois membros estressados que trabalham no Norte global e uns poucos da elite do mundo todo, a localização significa uma diferença menor entre ricos e pobres, e um contato mais próximo entre produtores e consumidores”, destacou em artigo a sueca Helena Norberg-Hodge, pioneira do movimento batizado de localização.Helena é fundadora e diretora do Local Futures (Futuros Locais), autora dos livros The Economics of hapiness (A economia da felicidade) e Ancient futures (Futuros antigos). Em seu premiado filme A economia da felicidade (2016) já mostrava que, em paralelo à intensificação da busca da eficiência de escalas, desenvolvemos um sistema que não poderia ser mais dispendioso, ao ponto de maçãs inglesas voarem para a África do Sul para serem polidas e distribuídas para o mundo.

Com a localização, encurtamos as distâncias entre o produtor e o consumidor, diminuímos custos, evitamos desperdícios e reduzimos impactos ambientais. Injetamos e distribuímos dinheiro dentro de uma localidade, sejam bairros, cidades ou outra estrutura de convivência.No próximo 21 de junho será celebrado o Dia Mundial da Localização, criado para inspirar mudança para o bem-estar das pessoas e do planeta. A organização Local Futures promoverá evento no site worldlocalizationday.org com palestras e fóruns.

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