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Estado de Minas PAOLA CARVALHO

Consumo digital, consciente e social: a economia regenerativa vem aí

Para a consultoria BOX1824, a economia regenerativa foca no impacto positivo do negócio junto às pessoas e ao planeta


09/05/2020 04:00 - atualizado 09/05/2020 08:44

(foto: Flickr)
(foto: Flickr)

 
Os impactos provocados pela pandemia da COVID-19 na economia vão além da redução da receita de um negócio ou mesmo da oportunidade de novos produtos e mercados. Para a consultoria BOX1824, acabamos de adentrar na era da economia regenerativa, e entender o novo consumidor emergente deste contexto é imperativo a quem deseja prosperar.
 
Os três pilares são: consumo mais digital, consciente e social. “Juntos, eles constroem a base para um modelo econômico mais transparente, justo e responsável. A compreensão das características deste novo modelo e das formas de negócio que dele emergem facilitará não só as tomadas de decisão de curto prazo, mas principalmente motivará líderes e suas equipes a desenharem cenários futuros de longo prazo promissores”, destacou o estudo da BOX1824.
 
O novo contexto exige uma mudança de mentalidade quanto à lógica de criação de valor. Na economia clássica, ela está centrada na produção industrial e posse. Na economia compartilhada, nas experiências do consumidor e acesso. Agora, na economia regenerativa, no impacto positivo do negócio junto às pessoas e ao planeta. As soluções oferecidas por uma empresa precisam responder aos problemas estruturais de onde atua. A origem do termo “economia regenerativa” não é precisa.
 
Há quem remeta ao ex-banqueiro John Fullerton, cuja longa trajetória pode ser espelhada em outras histórias tocadas e encurtadas pela COVID-19. Crescido numa típica família americana e com educação tradicional, fez carreira em Wall Street e alcançou, aos 35 anos, posição de liderança global no setor de derivativos no JP Morgan. Em uma viagem na primeira classe na Singapore Airlines, com champanhe numa mão e o New York Times no colo, decidiu que viver o sonho americano de sucesso e depois ser um filantropo não seria a sua história. Cinco anos depois, após um desmaio no elevador, deixou o banco.
 
Passou a estudar os limites do crescimento, atividades antinaturais, holismo (princípio universal que explica a matéria, a vida e o espírito) e chegou na economia regenerativa. Exemplo: títulos hipotecários que exploram pessoas pobres podem levar um país à falência e são sintomas de um projeto falho que não tem entendimento holístico.
 
Não é uma mudança trivial, atesta Fullerton. Isso porque a definição de valor e sucesso é baseada na taxa de retorno sobre o capital: um retorno de 17% é melhor do que um de 15%, independentemente das consequências para chegar a esse resultado. Para ele, uma forma de tornar possível é pela conexão à escala biorregional, começar de baixo para cima.
 
A pandemia tem acelerado o processo de entendimento de economias saudáveis e a regenerativa é uma delas. O alinhamento aos princípios de sistemas regenerativos é uma fonte de prosperidade que desloca e substitui a atual. Mas, como diz Fullerton, é preciso ir contra uma inércia institucional arraigada na economia global e bloqueada em um caminho insustentável.
 
Um dos livros que impactaram Fullerton foi Small is beautiful (O negócio é ser pequeno), do escritor alemão E. F. Schumacher. A mesma obra inspirou o indiano Satish Kumar, que fundou, no início da década de 1990, na Inglaterra, a Schumacher College, jogando luz ao debate sobre a economia ecológica, que propõe como alternativa uma vida mais sustentável e ética a partir de uma visão holística, um entendimento integral.
 
A escola vem atraindo estudantes internacionais dos EUA, Japão e Brasil. Mais da metade dos alunos de pós-graduação e dos cursos curtos são de fora da Europa, sendo a maioria do Brasil, de diversas áreas de atuação em empresas privadas, setor público e organizações sem fins lucrativos, entre outras. E já conta hoje com uma unidade brasileira.
 
A física Vandana Shiva, fundadora da Fundação de Pesquisa em Políticas para a Ciência, Tecnologia e Recursos Naturais (RFSTN), um nome ligado à Schumacher College, ressaltou em artigo recente que as respostas à crise provocada pela COVID-19 devem levar a uma mudança de paradigmas, introduzindo processos que regenerem a saúde das pessoas e do planeta.
 
Para ela, uma das evidências apresentadas pela pandemia é a fragilidade do modelo econômico baseado na ilusão do crescimento e ganância sem limites que sistematicamente violam a capacidade do planeta Terra e a integridade de ecossistemas e espécies.
 
“A ilusão de que a Terra e seus seres são matéria-prima a ser explorada visando ao lucro está criando um mundo conectado pelo adoecimento”, disse Vandana. “A crise do corona e a resposta a essa crise podem se tornar o solo fértil para suspendermos processos que degeneram nossa saúde e a saúde planetária, iniciando um processo de regeneração de ambas.”

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