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Estado de Minas ENTRE LINHAS

Lula explora favoritismo nas pesquisas para ampliar as alianças

Não existe uma relação mecânica entre o descolamento do stablishment empresarial e jurídico do governo Bolsonaro e o apoio eleitoral desses segmentos ao petista


31/07/2022 04:00 - atualizado 31/07/2022 07:36

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se movimenta para ser eleito no primeiro turno das eleições presidenciais (foto: Evaristo Sá/AFP)

Os manifestos em defesa da democracia, das urnas eletrônicas, da Justiça Eleitoral e do Supremo Tribunal Federal (STF) – um deles articulado por ex-ministros daquela Corte, professores e alunos da tradicional faculdade de Direito do Largo de São Francisco (Universidade de São Paulo-USP); o outro, pela poderosa Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), com apoio da Federação do Comércio de São Paulo (Fecomércio-SP) e da Febraban – sinalizam um grande movimento de placas tectônicas na política brasileira.

Representam a reação da sociedade civil à narrativa golpista do presidente Jair Bolsonaro, principalmente depois da reunião com diplomatas de cerca de 70 países, na qual levantou suspeitas sobre o sistema eleitoral e atacou os ministros do Supremo Luís Roberto Barroso, Édson Fachin e Alexandre de Moraes. O fato de Bolsonaro ter anunciado a intenção de convocar uma manifestação para o 7 de setembro, Dia do Bicentenário da Independência, com o propósito de confrontar o Supremo, como anunciou domingo passado, na convenção eleitoral do PL, deu mais repercussão aos manifestos, que podem chegar a um milhão de assinaturas de personalidades dos mundos jurídico, empresarial, acadêmico, científico e artístico.

A 63 dias do primeiro turno das eleições, os dois manifestos sinalizam um realinhamento de forças políticas e sociais de muita envergadura, cujas consequências eleitorais não estão ainda definidas, mas revelam o profundo isolamento político de Bolsonaro, dos generais que o cercam e dos políticos do Centrão que controlam o Orçamento do governo. O inegável prestígio popular, que mantém uma base eleitoral bastante resiliente, e o peso da utilização da máquina governamental para desequilibrar a eleição a seu favor, por meio da aprovação da PEC da Eleição, não vêm sendo suficientes para reduzir os índices de rejeição do presidente Bolsonaro, o que mantém a polarização e a radicalização políticas, mas não a sua expectativa de poder.

A forte repercussão negativa aos pronunciamentos de Bolsonaro contra a urna eletrônica e o Supremo também aprofundou seu isolamento internacional. E pôs uma saia justa no seu ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, que vinha sendo o porta-voz das suas infundadas suspeitas em relação à segurança das urnas eletrônicas. Na quinta-feira, reunidos em Brasília, ministros da Defesa de 21 países assinaram uma carta em que se comprometem a manter e defender a democracia, manter a paz na região e reconhecer a soberania dos países. A 15ª Conferência de Ministros da Defesa das Américas (CMDA) já estava prevista, porém serviu para o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd J. Austin III, cobrar “devoção à democracia” de ministros da Defesa de países das Américas, num claro recado aos generais que formam o estado-maior de Bolsonaro no governo, entre os quais o vice Braga Neto e o próprio ministro Nogueira.

Alianças


Austin afirmou que as Forças Armadas devem se manter “sob firme controle civil” e que as instituições militares precisam ser transparentes. Foi mais um dos seguidos sinais emitidos pelo presidente norte-americano Joe Biden, de que o presidente Bolsonaro não deve embarcar numa aventura golpista. Essas advertências encontram eco na sociedade, principalmente na elite política, jurídica e empresarial do país, e nas Forças Armadas, cujas relações históricas com os Estados Unidos foram tecidas a partir da entrada no Brasil na II Guerra Mundial, com o envio da Força Expedicionária Brasileira (FEB) aos campos de batalha da Itália.

Na medida em que mantém seu favoritismo, a expectativa de poder está se transferindo cada vez mais para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ocorre que não existe uma relação mecânica entre o descolamento do stablishment empresarial e jurídico do governo Bolsonaro, revelado pelos manifestos, e o apoio eleitoral desses segmentos ao petista. As manifestações foram de caráter suprapartidário e, de certa forma, alimentam as esperanças dos candidatos Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) de que ainda possa haver espaço para uma terceira via. Ambos apostam que a alta rejeição de Bolsonaro pode levar os eleitores antipetistas a buscar uma alternativa.

É aí que o ex-presidente Lula, macaco velho de eleições, se movimenta para consolidar a polarização com Bolsonaro e tentar vencer o pleito no primeiro turno. Primeiro, tirou o salto alto e resolveu conversar com André Janones (Avante) para remover sua candidatura), que oscila na faixa entre 3% e 2% dos votos, ou seja, uma diferença que pode levar a eleição para o segundo turno. O parlamentar mineiro é um fenômeno das redes sociais e tem muita penetração no eleitorado jovem. Lula também negociou a retirada da candidatura de Luciano Bivar (União Brasil), que não tem expressão eleitoral significativa, mas dispõe de muito tempo de rádio e televisão e é um desafeto figadal de Bolsonaro. No pacote desse acordo, pode haver um acerto tácito na Bahia, o quarto colégio eleitoral do país, no qual o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil) desponta como favorito, com quase 40 pontos de vantagem em relação ao petista Jerônimo Rodrigues, o segundo colocado.





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