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Estado de Minas ENTRE LINHAS

Autoritarismo e corrupção são naturalizados na eleição no Brasil

Está havendo a naturalização do autoritarismo de Bolsonaro, cujo projeto de reeleição embute propósitos como subjugar o Judiciário


17/04/2022 04:00 - atualizado 17/04/2022 09:04

Jair Bolsonaro, presidente do Brasil, em frente a bandeira do país
Jair Bolsonaro, presidente do Brasil, tenta a reeleição (foto: Evaristo Sa/AFP)
Por suas convicções, declarações e atitudes, o presidente Jair Bolsonaro é considerado pela oposição uma ameaça à democracia no Brasil. Sua visão de mundo, a compreensão sobre o papel do Estado na vida nacional, seus métodos de atuação, tudo corrobora o seu perfil político autoritário. Em decorrência disso, e da postura negacionista e falta de empatia com as vítimas da pandemia de COVID-19, disseminou-se uma grande rejeição na opinião pública à sua reeleição, que se reflete nas pesquisas.

Em contrapartida, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aparecia como franco favorito nas pesquisas eleitorais, gerando grande expectativa de poder, uma vez que já não estava preso e suas condenações foram anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

- Ricardo Kertzman: 'Eleições de 2022 irão provar que Brasil é o esgoto da política'

Diante de um cenário de 660 mil mortos, 11 milhões de desempregados, alta da inflação e estagnação econômica, a volta de Lula ao poder parecia apenas uma questão de tempo e não, como seria necessário ser, de uma estratégia bem-sucedida para consolidar o isolamento de Bolsonaro.

Bolsonaro parecia fadado a ser enxotado do poder pelo eleitor. Com fim da pandemia, a situação mudou completamente. A principal preocupação da população já não é com a saúde, passou a ser com a economia, cujos problemas relatados acima estão sendo mitigados pelo governo.

O programa de transferência de renda Auxílio Brasil substituiu o Bolsa Família, uma herança do governo Lula. Outras medidas estão sendo adotadas, como mudanças na tabela do Imposto de Renda, subsídios para o gás de cozinha, adiantamento de 13º salário, liberação do fundo de garantia etc.

O governo opera de forma aberta em favor da reeleição. Bolsonaro exibe competitividade que parecia perdida, reduz-se a distância em relação a Lula nas pesquisas. Como são muito conhecidos, esses votos estão sendo consolidados antes da campanha eleitoral de rádio e televisão.

Isso ocorre em meio a um choque de narrativas, em quatro chaves: (1) as condições de vida da população durante os governos Lula e Bolsonaro; (2) a disjuntiva democracia x corrupção; (3) a mudança dos costumes, ou seja, as chamadas pautas identitárias; o tema do desenvolvimento, tendo como eixo a globalização e a questão ambiental.

Voto útil

A primeira chave tem uma base muito objetiva. Para o cidadão comum, as perguntas são: está empregado ou não, consegue serviço ou não, recebe ajuda do governo ou não, dá para pagar as contas, comprar a comida e chegar ao fim do mês com a dinheiro da passagem?

O que ameaça Bolsonaro e favorece Lula nesse quesito é a inflação, que está fora do controle. O peso da economia nas eleições costuma ser fundamental, embora possa ser decidida em razão de outros fatores.

Do ponto de vista institucional, porém, a segunda chave é mais preocupante. Não é somente a corrupção na política que está sendo naturalizada com a liquidação da Lava Jato e anulação de processos e condenações, entre os quais os do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Diga-se de passagem, a aliança de Bolsonaro com o Centrão está tendo um papel determinante para isso, inclusive para livrar o governo de investigações sobre seus escândalos.

- Leia: 'O Brasil real colide com o Brasil sem solução renovadora dos candidatos'

Também está havendo, em contrapartida, a naturalização do autoritarismo de Bolsonaro, cujo projeto de reeleição embute propósitos já bastante conhecidos, como subjugar o Judiciário, verticalizar o poder do Executivo e transformar a democracia brasileira num regime "iliberal".

Setores que haviam se afastado do governo, com a desistência de Sérgio Moro e a crise instalada na chamada terceira via, na qual os partidos se digladiam internamente, a começar pelo PSDB, estão começando a tratar o autoritarismo de Bolsonaro como um mal menor, diante da volta de Lula ao poder.

O debate sobre a agenda dos costumes, a terceira chave, consolida a polarização esquerda x direita, num ambiente social em que o conservadorismo vem levando a melhor.

O tema do desenvolvimento, no eixo da globalização e da questão ambiental, que seria o verdadeiro debate sobre o futuro do país, está sendo tratado de forma subalterna, quando nada Lula e Bolsonaro se reverenciam nas ações e realizações de seus respectivos governos, que já fazem parte do passado.

Falta uma candidatura robusta que possa cumprir esse papel de pautar o futuro no debate eleitoral e, assim, oferecer uma alternativa nova para o país.

Essa possibilidade está cada vez mais difícil, a ideia de uma candidatura única dos partidos de centro corre contra o tempo. As pesquisas estão dando sinais de que o "voto útil" no primeiro turno pode abduzir a candidatura da terceira via.

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