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Estado de Minas ENTRE LINHAS

Negociação de vacinas desmoraliza os militares que atuavam na Saúde

Investigações estressam as relações entre o general Walter Braga Netto e os senadores da comissão parlamentar de inquérito


16/07/2021 04:00 - atualizado 16/07/2021 07:08

Críticas da CPI a militares tem gerado momentos de tensão com cúpula das Forças Armadas(foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)
Críticas da CPI a militares tem gerado momentos de tensão com cúpula das Forças Armadas (foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)
Uma esquadra é a menor fração existente numa unidade militar, geralmente formada por três soldados e um cabo, que comanda a mesma. O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), quando disse que bastava um cabo e um soldado para fechar o Supremo Tribunal Federal (STF), foi até minimalista. Duas esquadras formam um grupo de combate, geralmente comandado por um sargento.

Ontem, o representante comercial da Davati Medical Supply Cristiano Carvalho, em depoimento à CPI da COVID, revelou a participação de oito autoridades do Ministério da Saúde que teriam atuado para agilizar a negociação de vacinas com a Davati, sendo seis militares. Os senadores investigam a compra de vacinas da Astrazeneca e da Janssen.

Com sede nos Estados Unidos, a Davati ofereceu ao ministério lotes com milhões de vacinas da Astrazeneca e da Janssen. As negociações avançaram rapidamente, apesar de a Davati não ter apresentado comprovação da existência dos lotes. Tanto a AstraZeneca quanto a Janssen negaram saber do negócio.

Cristiano Carvalho confirmou a acusação do policial militar de Minas Luiz Paulo Dominghetti, que também dizia representar a Davati, de que teria recebido do sargento reformado da Aeronáutica Roberto Ferreira Dias, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, um pedido de propina no valor de US$ 1 por dose, para viabilizar a compra de 400 milhões de vacinas da Astrazeneca.

Pressionado por integrantes da CPI, Cristiano Carvalho disse que, em 12 de março, ele e Dominguetti participaram de reunião no Ministério da Saúde intermediada pelo reverendo Amilton Gomes, da Secretaria de Assuntos Humanitários (Senah, uma instituição privada) e pelo coronel Helcio Bruno, do Instituto Força Brasil, ambos muito ativos nas redes sociais

Teriam participado das conversas os coronéis Cleverson Boechat, à época diretor de Planejamento do Ministério da Saúde; Marcelo Pires, que ocupava a diretoria de Programas, e o então secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco, aquele que dava entrevistas com um broche de operações especiais (uma faca ensanguendada) na lapela.

Na segunda-feira seguinte, segundo Carvalho, o dono da Davati, Herman Cárdenas, propôs substituir as vacinas da Astrazeneca pelas da Janssen, em dose única e mais barata. Pressionado pela senadora Leila Barros (PSB-DF), Carvalho citou também o ex-assessor do Ministério da Saúde Marcelo Blanco, tenente-coronel do Exército reformado.

Blanco e Helcio Bruno seriam os principais interessados na conclusão da compra. No depoimento, surgiu um novo personagem: Guilherme Filho Odilon, que seria um dos interessados no “comissionamento” da compra de 3 milhões de doses, no qual receberia 0,25 centavos de dólar por dose.

Tensões fardadas

O envolvimento de militares no escândalo das vacinas, que está sendo investigado pela CPI, está estressando as relações da CPI com o ministro da Defesa, general Braga Neto, que está na iminência de ser convocado pela CPI para depor sobre sua atuação como ministro da Casa Civil, quando coordenou as ações de governo contra a pandemia, tendo um papel decisivo na substituição do ex-ministro Henrique Mandetta na Saúde.

Foi por indicação de Braga Neto que o general Eduardo Pazuello assumiu a secretaria-executiva da pasta na brevíssima gestão de Nelson Teich e, depois, virou ministro. Com o general Luiz Ramos, atual secretário-geral da Presidência, os três fazem parte do estado-maior do presidente Jair Bolsonaro, que dá ordem unida na Esplanada dos Ministérios.

A incompetência dos militares na gestão do Ministério da Saúde não pode mais ser varrida para debaixo do tapete, diante de tantas trapalhadas e do número de mortos por COVID-19, cuja causa principal foram o negacionismo do presidente Jair Bolsonaro e a disciplina de “burro operante” do general Pazuello. Isso é jogo jogado. O problema é que o caso das vacinas está desmoralizando os militares que atuavam na Saúde naquilo que é um dos pilares da carreira militar: a probidade.

A repercussão disso na sociedade e nas Forças Armadas é muito grande. Ainda mais porque cresce na sociedade a rejeição à presença de militares e m cargos de natureza civil, movimento liderado pelos ex-ministros da Defesa Nelson Jobim, Celso Amorim, Jaques Wagner, Aldo Rebelo e Raul Jungmann, e ganha força no Congresso a PEC que limita a presença de militares da ativa no governo, de autoria da deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC).


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