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Estado de Minas ENTRE LINHAS

O gabinete do confronto montado por Bolsonaro para encarar a oposição

Bolsonaro reforçou seu controle sobre os aparelhos de coerção do Estado - Forças Armadas, Justiça, AGU -, ao mesmo tempo em que fez concessões políticas


30/03/2021 04:00 - atualizado 30/03/2021 07:48

O presidente supreendeu o mundo político e a própria equipe com as mudanças que promoveu nos ministérios(foto: Evaristo Sá/AFP)
O presidente supreendeu o mundo político e a própria equipe com as mudanças que promoveu nos ministérios (foto: Evaristo Sá/AFP)
O presidente Jair Bolsonaro surpreendeu o mundo político e a própria equipe de governo com mudanças no Palácio do Planalto, ontem, na sequência do pedido de demissão do ministro Ernesto Araújo, das Relações Exteriores.

O troca-troca de ministros mudou completamente a configuração de seu estado-maior. Bolsonaro se prepara para conter a ofensiva da oposição contra seu governo, em razão do descontrole da pandemia do coronavírus e da recessão, depois de uma semana em que se isolara politicamente, confrontado pelo Centrão.

Bolsonaro reforçou seu controle sobre os aparelhos de coerção do Estado – Forças Armadas, Justiça, Advocacia-Geral da União –, ao mesmo tempo em que fez concessões políticas aos novos líderes do Congresso, ao substituir seu chanceler, que já tinha virado um fusível queimado, e entregar a articulação política do governo ao Centrão.

Quem imaginava um perfil de conciliação política, errou. Bolsonaro reforçou o aparelhamento do Estado. É um gabinete armado para o confronto, nos dois sentidos, com propósito de barrar qualquer tentativa de impeachment e usar a mão pesada do governo contra a oposição.

Trocando em miúdos, Bolsonaro substituiu o general Fernando Azevedo, que foi pego completamente de surpresa, pelo general Braga Neto, de quem se aproximou muito. Estava insatisfeito com o ministro da Defesa, porque não alinhou as Forças Armadas com sua política de confronto com os demais Poderes.

A gota d'água teria sido a entrevista do general Paulo Sérgio, chefe do Departamento de Pessoal do Exército, sobre o alto desempenho da Força na prevenção contra a covid-19 (a taxa de mortalidade por covid-19 do Exército é de apenas 0,13%, enquanto na população em geral é de 2,5%).

Bolsonaro não gosta do general Edson Pujol, comandante do Exército, que evita o envolvimento de militares da ativa com a política e combateu o negacionismo da pandemia junto à tropa.

Braga Neto foi chefe de estado-maior de Azevedo no comando militar do Leste, posto que depois veio a assumir. No governo Michel Temer, foi o interventor federal na Segurança Pública do Rio de Janeiro, ocasião em que mapeou a atuação das milícias cariocas e da banda podre da polícia, além de combater o tráfico de drogas.

Manteve sigilo sobre as investigações no caso Marielle Franco e sobre o envolvimento do clã Bolsonaro com as milícias, no escândalo das “rachadinhas” da Assembleia Legislativa, durante a campanha eleitoral.

Na Casa Civil, passou a coordenar todas as ações administrativas de governo, mantendo grande discrição, depois de protagonizar um incidente com Paulo Guedes, ao apresentar um plano de desenvolvimento à revelia do ministro da Economia. Os comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica devem colocar os cargos à disposição.

Articulação política

No Ministério da Justiça e Segurança Pública, assume o delegado da Polícia Federal Anderson Gustavo Torres, o que vai reforçar o controle de Bolsonaro sobre a Polícia Federal, além de estreitar relações com os serviços de inteligência das Polícias Militares. O novo ministro tem estreitas relações com os deputados da chamada “bancada da bala”.

Na Advocacia-Geral da União (AGU), retorna o ministro André Mendonça, porque o antigo titular, José Levi Mello do Amaral Júnior, se recusou a mover uma ação contra os governadores em razão do “toque de recolher”. Bolsonaro assinou a ação. No ministério da Justiça, Mendonça tentou usar a Lei de Segurança Nacional contra oposicionistas.

Na Casa Civil da Presidência, assume o general Luiz Eduardo Ramos, que é amigo de Bolsonaro e pegou gosto pela política, sendo considerado um bom articulador no Congresso. No lugar de Ramos, na secretaria de Governo, assume a deputada federal Flávia Arruda (PL-DF), que presidiu a Comissão de Orçamento. Foi indicada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

No Ministério das Relações Exteriores, assume o embaixador Carlos Alberto Franco França, que chefiava o cerimonial da Presidência. Sem nenhuma experiência no comando de embaixadas, é uma troca para satisfazer as exigências do Senado, principalmente depois das pressões do presidente da Casa, senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e do confronto de Araújo com a senadora Kátia Abreu (MDB-TO). O novo chanceler é considerado hábil e moderado, porém, não tem liderança no primeiro time do corpo diplomático.

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