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Estado de Minas ENTRE LINHAS

Com resultado das urnas, Doria e Ciro largam na frente para 2022

Vitórias dentro de casa fortalecerem adversários do PSDB e do PDT, enquanto, ao sair derrotado do pleito municipal, o presidente Jair Bolsonaro terá que reorganizar suas forças para ter realizações a entregar e se firmar candidato à reeleição


01/12/2020 04:00 - atualizado 01/12/2020 07:20

Legendas que tiveram bom resultado nas eleições municipais e participam da base de apoio ao presidente Jair Bolsonaro pressionam por mudanças no governo federal, inclusive nos ministérios de Minas e Energia e da Saúde (foto: Alan Santos/PR )
Legendas que tiveram bom resultado nas eleições municipais e participam da base de apoio ao presidente Jair Bolsonaro pressionam por mudanças no governo federal, inclusive nos ministérios de Minas e Energia e da Saúde (foto: Alan Santos/PR )


Quando começa a próxima campanha eleitoral? Para a maioria dos políticos, quando a última eleição termina. Se tiver juízo, porém, o presidente Jair Bolsonaro, que tirou o gênio da garrafa antecipando sua estratégia de reeleição,  levará em conta o resultado das eleições municipais e puxará o freio de mão nas articulações eleitorais para 2022, para acelerar as reformas.

Do jeito que as coisas vão, não terá nenhuma grande realização para entregar no terceiro e quarto anos de governo, apenas obras iniciadas por seus antecessores e ainda em fase de conclusão.

A estratégia de Bolsonaro nas eleições municipais fracassou: esperava conquistar as prefeituras de São Paulo, com Celso Russomano (Republicanos), que nem chegou ao segundo turno, e do Rio de Janeiro, com Marcelo Crivella (Republicanos), que não conseguiu se reeleger.

Saiu do pleito muito menor do que entrou, embora os partidos de Centrão, principalmente o PP e o PSD, tenham revelado um excelente desempenho eleitoral. Para manter sua base no Congresso, Bolsonaro terá que fazer mais concessões a esses aliados.

Os partidos do grupo saíram muito fortalecidos, principalmente o PP, que venceu em 685 municípios; o PSD, com 655;  e o PL, com 345 prefeituras. Com as demais legendas, o Centrão controla cerca de 2,4 mil cidades, nas quais residem 35% da população: PTB, 212; Republicanos, 211; PSC, 115; Solidariedade, 94; Avante, 82; Patriotas, 49; e PROS, 41. Os líderes desses partidos pressionam Bolsonaro para fazer mudanças na Esplanada, nas quais desejam ocupar mais espaços, sobretudo os ministérios de Minas e Energia e da Saúde.

João Doria 

Enquanto Bolsonaro precisa reorganizar suas forças, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o ex-governador do Ceará Ciro Gomes saem na frente, embalados por vitórias eleitorais dentro de casa. Com a vitória de Bruno Covas, em São Paulo, o PSDB manteve seu poder de fogo, sob controle dos tucanos paulistas, mesmo contabilizando algumas perdas no computo geral: reduziu o número de votos de 17,7 milhões para 10,7 milhões;  de vereadores, de 5,3 mil para 4,4 mil; e de prefeituras, de 793 para 497; nas capitais, de nove para quatro; nas cidades com mais de 200 mil eleitores, caiu de 28 para 16. Entretanto, Doria tem dois trunfos na manga: o vice Rodrigo Garcia (DEM), que assumiria o Palácio dos Bandeirantes; e a aliança com o deputado Baleia Rossi (SP), que preside o MDB, e pode vir a ser o futuro presidente da Câmara. O que perde em números absolutos na eleição, Doria pode ganhar com a política de alianças, se atrair o MDB e o DEM.

O MDB continua sendo o maior partido do país, com 766 prefeitos, 7.300 vereadores e 10,9 milhões de votos. O partido teve um desempenho excepcional nas capitais, aumentando de três para cinco o número de prefeitos, sendo duas cidades polos regionais importantes: Porto Alegre, (RS), no Sul; e Goiânia (GO), no Centro-Oeste. O problema é que o MDB tem tradição de se dividir e/ou cristianizar os aliados, principalmente os paulistas. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, macaco velho em disputas nacionais, já advertiu Doria de que ele precisa se “nacionalizar”. O DEM também foi um campeão nas eleições municipais, vencendo em quatro capitais, sendo duas entre as mais populosas do país: Rio de Janeiro (RJ), com Eduardo Paes, e Salvador (BA), com Bruno Reis. Ao contrário do PSDB e do MDB, o partido aumentou o número de votos, de 5,8 milhões para 8,3 milhões; de vereadores, de 2,8 mil para 4,3 mil; e de prefeitos, de 265 para 458, passando de 7 para 11 prefeituras nas cidades com mais de 200 mil habitantes.

Ciro e Boulos

Com sua vitória em Fortaleza, Ciro Gomes também larga na frente, pois o PDT manteve Fortaleza (CE), com Sarto Nogueira, e Aracaju (SE), com Edvaldo Nogueira. Mas a grande aposta de Ciro, a delegada Marta Rocha (RJ), no Rio de Janeiro, não se materializou. Ocorreu no Rio o que pode vir a acontecer em nível nacional, um confronto com o PT. Os trabalhistas perderam votos na eleição (6,4 milhões para 5,3 milhões). A candidatura de Ciro, para se consolidar como alternativa de poder, precisaria ao menos de uma coligação com o PSB, cujas contradições com o PT se aprofundaram por causa da disputa no Recife (PE), na qual João Campos (PSB), consolidou-se como herdeiro do espólio do pai, Eduardo Campos, mas dividiu a base eleitoral do clã com a petista Marília Arraes, numa disputa familiar sangrenta. O PSB também perdeu votos (passou de 8,3 milhões para 5,2 milhões, mas manteve o número de prefeitos (434) e de vereadores (em torno de 3.500).

Outro que larga na frente é Guilherme Boulos (PSOL), com um desempenho espetacular em São Paulo, com 40% dos votos, o que praticamente consolida sua candidatura à Presidência pela legenda. O PSOL elegeu o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, e a maior bancada de vereadores do Rio de Janeiro, mas não teve um grande desempenho nacional em termos de prefeituras. Mesmo assim, Boulos ganhou projeção nacional e pode ameaçar os demais candidatos de esquerda.

Lula, Huck e Moro

O PT precisa resolver o que deseja fazer em 2022. A candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é inviável, embora exista esperança de que sua condenação na Lava-jato no caso do triplex de Guarujá seja anulada. O ex-prefeito paulistano Fernando Haddad, que seria a opção, está sendo desidratado.

Dois outros potenciais candidatos à Presidência estão se guardando: o apresentador Luciano Huck, que tem data de validade na TV Globo, se quiser mesmo ser candidato; e o ex-ministro Sergio Moro, que acaba de assinar contrato com um escritório de advocacia que dá consultoria à Odebrecht. O primeiro teria legenda no Cidadania, cujo presidente, Roberto Freire, defende o apoio à sua candidatura; Moro tem no Podemos, de Álvaro Dias, a melhor opção para ser candidato.


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