(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas LGBTFOBIA

Whitney Houston, Robyn Crawford e as relações interrompidas por preconceito

Filme sobre a cantora mostra que a LGBTQIAP+fobia estrutural não permitiu que Whitney mantivesse o seu relacionamento com outra mulher


31/01/2023 09:23 - atualizado 31/01/2023 10:54

Montagem mostra imagens reais de Whitney Houston e Robyn Crawford à esquerda, e as duas interpretadas no filme pelas atrizes Naomi Ackie e Nafessa Williams, à direita
À esquerda, imagens reais de Whitney Houston e Robyn Crawford. À direita, as duas interpretadas no filme pelas atrizes Naomi Ackie e Nafessa Williams (foto: Reprodução/Sony Pictures)

Foram décadas de especulações sobre a bissexualidade de Whitney Houston e seu relacionamento com Robyn Crawford, sua assistente durante a maior parte da carreira. Documentários já sugeriram que o namoro existiu, mas agora o filme “I Wanna Dance With Somebody - a história de Whitney Houston”, em cartaz nos cinemas, mostra como foi essa relação e como o preconceito estrutural foi motivo para que Whitney decidisse não seguir adiante com essa história de amor com outra mulher.

A  LGBTQIAP+fobia estrutural é a forma sistêmica de discriminação, opressão e exclusão de pessoas da comunidade LGBTQIAP, manifestada por meio de atitudes e práticas sociais que limitam os direitos e a vivência de pessoas LGBTQIAP . É um obstáculo para o nosso bem-estar e faz com que muitas pessoas não possam viver plenamente experiências comuns às pessoas heterossexuais.
 
Se um casal heterossexual pode andar de mãos dadas no shopping ou se beijar em um show ou balada, porque um casal formado por dois homens ou duas mulheres não poderia fazer exatamente as mesmas coisas? Se isso gera repreensão ou mesmo olhares de reprovação, o que está agindo é a LGBTfobia estrutural, que tem várias outras formas mais violentas de manifestação.
 
No caso da bissexualidade, existe especificamente a bifobia, manifestada de diversas maneiras, como acreditar que por ser bi a pessoa é promíscua ou que está apenas em dúvida, curiosa sobre a própria sexualidade. 

Discutir esse tema não é o foco do filme, que passa por toda a história de vida e carreira da cantora, mas a discussão está ali e há um bom tempo de tela para mostrar a relação das duas. O preconceito da família, a proibição da relação pela religião e o medo de que a imprensa descobrisse o namoro e isso atrapalhasse a carreira levou a cantora a decidir por terminar o namoro. 

É conhecido o fato de que Whitney Houston se casou com o cantor Bobby Brown, com quem teve uma relação agressiva e permeada pelo uso abusivo de drogas pelos dois. Uma relação que se manteve destrutiva até a morte da cantora. O que teria sido diferente se a relação com Robyn Crawford pudesse existir? Não é possível saber, mas o filme, assim como o livro escrito por Robyn, mostra como as duas se mantiveram juntas a vida inteira, como amigas e colegas de trabalho, em uma relação de muito cuidado e carinho. “Éramos amigas, éramos amantes. Éramos uma pessoa só”, afirmou Robyn no lançamento do livro “A Song For You” (uma canção para você, em português).

Bobby e Robyn não foram, obviamente, as únicas pessoas com quem Whitney se relacionou em sua vida, mas são as relações mais importantes e que recebem mais atenção na obra. Em uma entrevista à revista US Weekly, Bobby disse que sabia da bissexualidade de sua esposa e afirmou acreditar que Whitney poderia estar viva se Robyn tivesse sido aceita na vida da cantora.
 
Para ele, o preconceito da família foi o principal motivo para Whitney abrir mão da relação. A mãe de Whitney, Cissy Houston, já deu entrevista à Oprah demonstrando sua reprovação à possibilidade de Whitney não ter sido uma pessoa heterossexual. Segundo a diretora do filme, Kasi Lemmons, a família da cantora quase vetou que o relacionamento com Robyn fosse mostrado na produção.

Com a impossibilidade de saber o que teria sido diferente na vida de Withney se o preconceito estrutural não tivesse influenciado suas tomadas de decisões, fica ao menos a reflexão sobre a importância do combate à discriminação. Quantas outras pessoas passaram por algo similar e ainda hoje se veem obrigadas a não viver seus amores devido ao preconceito da família, medo do impacto na carreira ou por imposições religiosas? Quantas até chegam a viver essas relações, mas veem a necessidade de escondê-las? Quanto sofrimento isso causa? 

Que as aprendizagens que temos com histórias como a de Whitney possam nos ajudar a repensar atitudes e injustiças, para que as pessoas LGBTQIAP não se vejam obrigadas a deixar de viver seus amores e vidas de forma autêntica devido à violência e discriminação.

O filme conta com uma excelente atuação de Naomi Ackie no papel da cantora e está em cartaz no Shopping Del Rey, Ponteio, BH Shopping e Pátio Savassi.

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)