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Estado de Minas TIRO LIVRE

Adilson Batista, o camisa 12 do Cruzeiro

O aviso da diretoria veio claro com o bate-volta de Adilson no cargo num intervalo de horas, ontem: convicção sobre o que fazer não há


postado em 13/03/2020 04:00 / atualizado em 12/03/2020 21:17

No treino dessa quinta-feira, o técnico do Cruzeiro, Adilson Batista usou uma camisa personalizada, com seu nome e o número 12 às costas(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
No treino dessa quinta-feira, o técnico do Cruzeiro, Adilson Batista usou uma camisa personalizada, com seu nome e o número 12 às costas (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)


Poucas horas depois de ser readmitido após uma demissão extraoficial, o (ainda) técnico do Cruzeiro, Adilson Batista, deu mais uma daquelas cartadas para reforçar seu vínculo com o torcedor celeste. Entrou no campo da Toca II para comandar treino com uma camisa personalizada. O nome às costas e, logo abaixo, o número 12. A mensagem, nada subliminar, estava lá: Adilson, ex-zagueiro dos bons, se colocou como o 12º jogador da Raposa, mesmo tendo pendurado as chuteiras há quase 20 anos.

Talvez se ele ainda estivesse atuando, muito torcedor ia até gostar da notícia, porque se tem um setor que anda precisando de ajustes na equipe celeste é a defesa. Uma cozinha arrumada é ponto de partida para o equilíbrio da casa toda. Mas a ajuda de Adilson não será exatamente para proteger a meta de Fábio, pelo menos diretamente.

Reza a lenda futebolística que o 12º jogador é aquele fiel escudeiro da equipe. Que não tem as benesses de titular e fica, na maioria das vezes, alijado dos holofotes. Desprovido de vaidade, sempre pronto a pelear pelo time, ainda que seja preterido. Sem mágoas. E todo esse cenário o deixa, de certa forma, confortável em seu papel de coadjuvante – um importante e útil coadjuvante, ressalte-se.

Ao vestir a 12 em meio à crise instalada na Toca após a derrota por 2 a 0 para o CRB, pelo duelo de ida da terceira fase da Copa do Brasil – e que por pouco não custou sua cabeça –, Adilson quis mandar um recado ao grupo (“Sou um de vocês”) e à torcida (“Estou com vocês”). Quis sair do olimpo dos treinadores e descer ao terreno dos reles mortais, para merecer deles uma solidariedade que pode prolongar sua vida útil no comando celeste.

Porque o aviso da diretoria veio claro com o bate-volta de Adilson no cargo num intervalo de horas, ontem: convicção sobre o que fazer não há. Em reunião via aplicativo de troca de mensagens, os conselheiros cruzeirenses discutiram e até votaram o destino do treinador, quase como num paredão do BBB. Apurações do portal Superesportes mostram que há uma divisão de pensamento em relação à permanência do técnico. Não há consonância de ideias.

Pelo menos até domingo, quando o Cruzeiro enfrenta o Coimbra, às 16h, no Independência, pela nona rodada do Campeonato Mineiro, Adilson estará à frente do time azul. Não há, contudo, garantias de que ele continuará empregado após essa partida. O resultado em campo terá relação direta com tal decisão.

Em quinto lugar, a Raposa corre risco de não avançar à próxima fase do Estadual: tem 14 pontos, atrás de América (18), Tombense (17), Caldense (17) e Atlético (15). Apenas os quatro primeiros se classificam, e restam três rodadas para terminar essa etapa da competição. Derrota para o Coimbra, vice-lanterna com apenas quatro pontos somados em oito jogos, teria efeito prático e moral negativo. Até empate, possivelmente, derruba Adilson.

A culpa de todo esse panorama não é só do treinador. É preciso fazer justiça nesta análise. No início da temporada, quem estava no comando do clube deixou claro que os primeiros meses de 2020 seriam de arrocho, contenção de despesas. Sem contratações de nível. Era sabido que o time celeste seria formado essencialmente por pratas da casa neste começo de ano, já que a saída de medalhões era iminente e o dinheiro estaria voltado para quitação de salários e dívidas, não para investimento em reforços.

Essa equação levou à equipe que está aí. Contra o CRB, dos 14 jogadores que entraram em campo, oito tinham idade de Sub-23. Em campo, o time que a Raposa tem hoje equivale ao CRB e a outros adversários que ela encontrará na Segunda Divisão, por mais duro que seja para o torcedor admitir isso. A diferença é a tradição, ou aquilo que enquadram como “camisa”. Mas somente o peso da camisa azul não vai resolver, é preciso reconhecer isso.

Tal choque de realidade é essencial neste momento, para toda e qualquer avaliação. Não falam tanto em reconstrução? Então, não se chega ao telhado sem começar pelos alicerces. O que deve ser questionado é quão estáveis são os alicerces que o Cruzeiro tem erguido.

Em condições normais de temperatura e pressão, diriam os físicos, é claro que o time celeste tinha a obrigação de vencer o CRB no Mineirão. De golear até. Mas, vejam só, as condições não são essas. A turbulência ainda está no começo. E é preciso ser um bom piloto para saber administrá-la, pois, entre mortos e feridos, pode acabar não se salvando ninguém.


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