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Estado de Minas COLUNA DO JAECI

Zagallo é o mais bem colocado

"Fico feliz em ver o nome de Telê Santana entre os melhores, pois ele nos orgulhou com o time de 1982, uma das três melhores seleções de todos os tempos"


28/09/2023 04:00 - atualizado 27/09/2023 18:54
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Zagallo diante da sua estátua no Museu Seleção Brasileira
Zagallo participa da inauguração da estátua de cera em sua homenagem, no Museu Seleção Brasileira, no Rio de Janeiro (foto: LUCAS FIGUEIREDO/CBF - 20/10/22)


A revista inglesa, “Four Four Two” divulgou a lista dos 100 melhores treinadores do mundo em todos os tempos. Sir Alex Fergunson, que ficou 26 anos do comando do Manchester United, com 19 títulos conquistados, foi eleito o melhor, número 1. Quatro brasileiros figuram na lista. Zagallo, o mais bem colocado, está na vigésima sétima posição, Felipão ficou na trigésima nona, Telê Santana na quadragésima quarta e Parreira na quinquagésima quinta posição. Foram os únicos técnicos brasileiros reconhecidos. Achei justíssima a homenagem, só que eu colocaria Zagallo em primeiro lugar, pois é o único tetracampeão mundial de verdade. Duas vezes como jogador, 1958 e 1962, uma como técnico, em 1970, e uma como coordenador técnico, em 1994. Zagallo dirigiu aquela que é apontada como a melhor seleção de todos os tempos, com méritos totais para ele que conseguiu reunir cinco camisas 10 e colocá-los para jogar: Pelé, Tostão, Rivelino, Jairzinho e Paulo César Caju.

Fico feliz em ver o nome de Telê Santana entre os melhores, pois ele nos orgulhou com o time de 1982, uma das três melhores seleções de todos os tempos. É o que sempre falo: não é sobre perder ou ganhar, é muito mais que isso. Não ganhamos em 1982, mas aquela seleção de Éder, Cerezo, Zico, Júnior, Leandro, Falcão, Sócrates está no coração e memória de todos nós. Aquele time encantou o mundo, por jogar o verdadeiro futebol brasileiro, de toque, drible, tabela e gols. Gostaria que o nome de Carlos Alberto Silva, outro grande técnico, estivesse nessa lista. Na minha, ele tem vaga garantida. Felipão, mesmo tendo protagonizado o maior vexame de nossa história, com os 7 a 1, foi escolhido, afinal, foi campeão do mundo em 2002. Parreira é outro monstro sagrado entre os treinadores. Muita merecida sua indicação.

E olha que hoje vivemos uma crise de técnicos, já que no Brasileirão tínhamos 11 treinadores estrangeiros trabalhando. Hoje, não teríamos ninguém para ser indicado. Talvez Dorival Júnior, pelos últimos trabalhos, ou Renato Gaúcho, pelas conquistas com o Grêmio. Vivemos tempos sombrios, onde os treinadores não evoluíram, não se reciclaram, e não têm uma filosofia ofensiva de jogo. É tudo do mesmo, com retrancas, jogo feio, muita conversa fiada e pouco futebol. É bem verdade que a safra de jogadores é ruim, mas os técnicos, mal preparados, conseguem estragar o pouco que temos de melhor. No passado tínhamos grandes técnicos, de quem nos orgulhávamos. Hoje, não dá mais. Os treinadores brasileiros não se atualizam. Os europeus estão anos-luz a nossa frente, haja vista a quantidade de técnicos portugueses que trabalham no Brasil.

A resposta mais imediata partiu do presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues. Ele garante que o italiano Carlo Ancelotti está contratado e assumirá o comando da Seleção, em junho próximo, visando a Copa do Mundo de 2026. Eu não acredito nisso, mas se Ancelotti realmente for contratado, será a prova maior do nosso fracasso na formação de treinadores. Fomos pentacampeões com técnicos genuinamente brasileiros e isso nos bastava. Não basta mais. Perdemos nossa essência e estamos à procura dela, justamente onde a bola rola bonita, na Europa. Os europeus nos superavam na tática e na parte física. Nós éramos empíricos, criativos, com técnica avançada. Hoje, nem isso temos mais. Os técnicos retranqueiros e “porradeiros” acabaram com o nosso futebol. A escola gaúcha que o diga, com a linguagem do “pega, marca, mata a jogada, não deixa ele criar”. É a nova nomenclatura usada pelos técnicos brasileiros, ultrapassados e retrógrados. Que bom que o passado não foi esquecido e que a publicação inglesa tenha valorizado Zagallo, Telê Santana, Felipão e Parreira. Pelo menos, emplacamos quatro treinadores do mais alto nível. Temos alguns jovens promissores, mas a falta de espaço e paciência de todos nós, imprensa e torcida, não os permitem se firmar. Precisamos mudar esse quadro e dar espaço aos qualificados. Não podemos viver importando técnicos, como se fossem eles os maiorais. Com todo respeito aos técnicos portugueses, principalmente a Jorge Jesus e Abel Braga, Portugal nunca foi campeão do mundo, e não deveria ter treinadores mais qualificados que o Brasil, único pentacampeão do planeta. Tem algo muito errado com o futebol brasileiro.



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