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Estado de Minas coluna do jaeci

Diniz: não seja refém do "velho" Neymar

"Neymar tinha tudo para brilhar, como protagonista, mas sempre optou por ser coadjuvante, inclusive quando foi para o Barcelona e ficou idolatrando Messi"


10/07/2023 04:00
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Neymar
Neymar, que não é unanimidade entre os torcedores, tem perdido espaço para outros jogadores na Seleção, como Vinícius Júnior (foto: Buda Mendes / POOL / AFP)

 
Fernando Diniz, novo técnico da Seleção Brasileira, que dizem ser interino, mas que para mim será efetivado, começou mal sua trajetória, mesmo antes de estrear. Ao dizer que “Neymar é uma aberração”, usando uma figura de linguagem para falar que o jogador é um gênio, ele mostrou que será mais um refém do “velho” mimado. Sim, velho, pois aos quase 32 anos me recuso a chamar Neymar de “menino Ney”, como fazem os puxa-sacos. Neymar pode ser uma aberração em sua vida extracampo, quando promoveu festa em sua mansão, em Mangaratiba, durante a pandemia do Coronavírus, foi para a avenida Marquês de Sapucaí, escorado em muletas, quando agrediu um torcedor no Parque dos Príncipes, quando se envolveu em confusão com uma moça que foi a Paris a seu convite e o acusou de abuso sexual, quando virou notícia por trair a namorada e admitir publicamente, e quando invadiu uma área preservada para construir um lago em sua mansão, recentemente, levando uma multa de R$ 16 milhões. Realmente esse cidadão é uma aberração, fora das quatro linhas, pois dentro delas tem sido um engodo e ficado aquém do que todo mundo esperava.
 
Eu já sabia que qualquer treinador que assumisse teria Neymar como referência. Claro que ele é excepcional jogador, quando aparece em campo, e ninguém é burro para não admitir isso. Mas bem longe dos gênios Cristiano Ronaldo, Messi, De Bruyne e outros que eu possa ter esquecido. Neymar tinha tudo para brilhar, como protagonista, mas sempre optou por ser coadjuvante, inclusive quando foi para o Barcelona e ficou idolatrando Messi. Aquele time, campeão da Champions em 2015, tinha Messi, Xavi, Iniesta e Luiz Suarez como os grandes protagonistas. Neymar era o coadjuvante de luxo. Na Seleção Brasileira, foram três Mundiais e três fracassos. No da Rússia, virou chacota mundial com o seu “cai, cai”. Duas cirurgias no tornozelo o deixaram mais vulnerável e menos talentoso. Tenho minhas dúvidas se esse jogador ainda terá algum sucesso quando aparecer nos gramados. O PSG não sabe que dia ele se reapresentará. Três jogadores do clube, que estão lesionados, já se apresentaram para recuperar a forma. Neymar, não. Ele é muito pouco profissional.
 
Se eu fosse o técnico da Seleção, confesso que não chamaria mais Neymar. Minha referência seria Vini Júnior. Aliás, Neymar deu uma declaração forte, em que acusou seus companheiros de não jogarem para ele: “Os jogadores argentinos jogaram para o Messi ser campeão do mundo. Preciso disso na Seleção Brasileira”. Ledo engano dele. Messi fez um Mundial perfeito, com atuações de gala, inclusive na final. E o time da Argentina era muito bom coletivamente e jogou dessa forma. Já vi a Seleção Brasileira privilegiar Neymar e todos correrem por ele. Mas os fracassos sucessivos talvez tenham cansado Casemiro e cia. A vida é feita de escolhas e Neymar parece não querer ser o melhor do mundo ou mesmo jogar em alto nível. Ele prefere aparecer nas passarelas e envolver em confusões e se comportar como uma criança mimada. Espero que Diniz repense sua entrevista e entenda que a hora é de Vini Júnior, Rodrygo, Anthony, Raphinha e outros jovens, com experiência no fracasso de 2022, no Catar. Derrotas fazem parte da vida e é com elas que você aprende e cresce.
 
Preocupa-me também o fato de Fernando Diniz falar de Paulo Henrique Ganso. Ele realmente é craque, genial, mas, depois de três cirurgias no joelho, participa muito pouco de um jogo, embora decida num toque. Mas o tempo dele na Seleção passou. Convivi de perto com o atleta, em 2012, quando ele esteve na Seleção Olímpica, em Londres. Foi apático, se conformou em nem ser relacionado para o banco e mostrou toda a sua apatia. Gosto de vê-lo jogar, por sua técnica refinada, mas, para o futebol moderno, não dá. E Diniz não vai criar na Seleção o ambiente que criou no Fluminense, onde todos correm para Ganso. Para mim, é carta fora do baralho, e se Diniz o convocar será para agradar o Fluminense, sua torcida e o próprio jogador.
 
Espero que Diniz dê mais chances a quem joga por aqui, não deixe empresários interferirem em suas convocações e tenha o povo brasileiro como meta. Sim, a Seleção precisa se reaproximar da torcida, que anda descrente, desanimada e até distante do time canarinho, a ponto de 70% dos brasileiros dizerem que não estavam nem aí para nosso time na Copa do Catar. Mano Menezes, Felipão e Tite provocaram isso, com trabalhos pífios. Felipão ainda se salva por ser o último técnico campeão do mundo com o Brasil. Mano ficou dois anos e não deixou absolutamente nada. Tite ficou seis anos e nos deu um prejuízo técnico assustador. Também não deixou legado algum. A crise técnica é grande e Diniz, que gosta da tabela, do drible, da arte, do gol, deve se blindar e escolher os melhores do momento. Sempre foi assim, nas boas épocas do nosso verdadeiro futebol, e Diniz é o único capaz de resgatar isso. Não se deixe envolver por políticas, pedidos de convocações e outras coisas mais que sabemos que acontece. Siga suas convicções e não deixa de convocar os melhores. Somente assim você resgatará a confiança do torcedor e dos próprios jogadores. Eles sabem muito bem quem faz média, quem conhece do riscado e quem realmente privilegia os melhores. Você, Diniz, é nossa última esperança. Se fracassar, é porque o Brasil não tem mais jeito. Não fique refém de Neymar ou de quem quer que seja. Seja o Diniz do Fluminense, afinal, você foi chamado, com o nosso apoio, pelo belo trabalho que faz no time carioca, mesmo sem ter um título de expressão em sua carreira.

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