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Estado de Minas COLUNA DO JAECI

Por um 2023 melhor para o futebol mineiro

Claro que os campeonatos estaduais não são parâmetro para nada. Jogos fraquíssimos, contra equipes de qualidade duvidosa, que em nada acrescentam


01/02/2023 04:00 - atualizado 01/02/2023 09:22

Paulinho, do Atlético, corre em comemoração de gol
Paulinho, do Atlético, é um dos melhores reforços contratados neste início de ano para o Campeonato Mineiro e o restante da temporada (foto: PEDRO SOUZA/ATLÉTICO)

Baterias recarregadas, contrato renovado com esta casa maravilhosa chamada Estado de Minas, e vou para minha trigésima quinta temporada aqui, um privilégio para poucos. Se manter numa empresa tão desejada e tão cobiçada por quase quatro décadas não é para qualquer um. E já vou avisando: quem não gosta de ouvir verdades, nem perca tempo em ler minhas colunas. Aqui eu não quero agradar a torcedor A ou B. Quero apenas expressar minha opinião sobre o futebol e os mais diversos assuntos, sempre de forma coerente e isenta. Não sou e nunca serei o dono da verdade, mas também não aceito réplicas desaforadas ou mal-educadas. Divergir, com educação e inteligência, é o mínimo que se espera de alguém que está do outro lado.

E para começar o ano quero abordar a expectativa em torno do futebol mineiro, onde o Galo se reforçou com peças muito boas, Edenilson, Patrick e Paulinho, trouxe um treinador que fez belo trabalho no Inter, Coudet, mas que largou o time do sul em ótima posição no Brasileirão para dirigir o Celta de Vigo, onde jogou e foi ídolo. Pelo jeito, não deu muito certo lá. Entretanto agora é outra história, outros comandados e outra equipe. Mesmo com todos os problemas financeiros que enfrenta, o Atlético continua em busca de taças e com uma equipe forte, pelo menos no papel. Acredito que seja o único rival que possa bater de frente com Flamengo e Palmeiras, que dominam o futebol brasileiro há cinco temporadas, com exceção de 2021, ano em que o Galo foi o dono do Brasil.

Claro que os campeonatos estaduais não são parâmetro para nada. Jogos fraquíssimos, contra equipes de qualidade duvidosa, que em nada acrescentam. As cotas recebidas pelos grandes são tão imorais quanto as cotas recebidas por Flamengo e Corinthians no Brasileirão. Curioso: não vejo Atlético e Cruzeiro defenderem os times pequenos das Minas Gerais na questão cota de participação no Mineiro, mas reclamam, e com razão, de receberem pelo menos quatro vezes menos em relação aos valores recebidos por Flamengo e Corinthians no Brasileirão. Vejam que quando o calo aperta no pé deles, reclamam, quando não, ficam caladinhos. E assim caminha o futebol brasileiro, desorganizado, egoísta, onde cada clube só olha para o próprio umbigo. E os dirigentes, escolhidos pelos conselhos deliberativos, posam de maiorais, se sentindo acima do bem e do mal, só porque estão no cargo, e não são donos deles. Ninguém está acima do clube, nem os maiores ídolos. E vale lembrar que com a chegada do clube-empresa os presidentes atuais não passam de figuras decorativas, pois quem manda é o dono do clube. Vejam o caso de Cruzeiro, Botafogo, Vasco. Só se fala em Ronaldo Fenômeno, John Textor e na 777. Ninguém nem se lembra os nomes dos presidentes de tais clubes, essas figurinhas decorativas.

Talvez, por isso, alguns dirigentes morram de medo de que seus clubes se transformem em empresas, pois sumirão do cenário nacional como num passe de mágica. Alguns falam o português totalmente errado e parece que decoram as palavras que vão proferir. Brigam entre eles na hora da formação da Liga e são vaidosos ao extremo. Outro dia, conversando com um presidente bem esclarecido e visionário, ele me disse: “tem um dirigente que chega na reunião da Liga e já causa mal-estar. Tudo que Flamengo e Corinthians propõem ele vai contra, e virou chacota entre a gente”. Eles não pensam no coletivo e sim em puxar a brasa para a sua sardinha. Não entendem a força que os clubes têm se forem unidos. A rivalidade deve ficar apenas no gramado, como é na Europa. Por isso que lá o futebol está anos-luz à nossa frente.

Voltando ao futebol mineiro, alguns poucos torcedores azuis, é verdade, ficaram chateados quando gravei que o Cruzeiro não vai brigar por títulos nesta temporada. Ora, senhoras e senhores, isso é apenas a constatação da realidade. Um time quem mandou 22 jogadores embora, e que contratou 14, ainda em formação, e com 10% do dinheiro de Flamengo e Palmeiras, não pode mesmo aspirar troféus. É se preocupar em fazer uma campanha digna no Brasileirão, avançar enquanto puder na Copa do Brasil e ponto. O técnico Paulo Pezzolano pensa como eu e mandou a real também. Se ganhar o Campeonato Mineiro e nada será a mesma coisa. Como o Carioca, o Baiano, Gaúcho, Pernambucano ou Paulista. São competições ultrapassadas, retrógradas e inexpressivas. O Cruzeiro se replaneja, se projeta para sanar suas dívidas e voltar a figurar no cenário nacional e internacional, como grande ganhador de taças que é. Não pode pensar em títulos a curto prazo, mas pode sim sonhar com algo maior a médio prazo. A esperança do torcedor azul é de que o Cruzeiro surpreenda. Tomara que isso aconteça, mas os indicativos não são esses.

Quanto ao América, clube mais bem organizado das Minas Gerais, com gestão muito boa e pés no chão, ele sabe do seu tamanho e tem sido um gigante em se manter entre os melhores do Brasileiro, fazendo boas campanhas na Copa do Brasil, e quase beliscando outra vaga na Libertadores. Vai disputar a Sul-Americana. É o segundo ano consecutivo em que o Coelho está numa competição internacional. Isso é muito importante para o nosso estado e para o futebol. O América não faz dívidas que não pode pagar, não tem problemas com transfer ban e trabalha de acordo com sua realidade, com um bom grupo, um time certinho e um técnico competente.

Para fechar, o técnico do Palmeiras, Abel Ferreira, é vencedor, pois os números mostram isso. Porém, é tão desequilibrado quanto Jorge Sampaolli. Não sei como um cara com desequilíbrio emocional pode conduzir um grupo. Reconheço que a arbitragem brasileira é uma calamidade, haja vista o que o tal Wilton Perreira Sampaio fez no jogo Inglaterra x França, na Copa do Catar, mas daí ao técnico receber dezenas de cartões amarelos e sete vermelhos, chutando microfone de TV e se pondo à frente de um jogador que vai pegar a bola para bater um lateral, é demais. Um suco de maracujá poderá acalmá-lo. Quanto a Seleção Brasileira, não acho que ele tenha o perfil. Vence sem grande futebol, é desequilibrado emocionalmente, e não iria muito longe. Precisamos resgatar nosso futebol, desde as divisões de base. Para isso, só mesmo um técnico que pense em tabela, drible, passe e gol, e esse não é o perfil do português.


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