(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas COLUNA DO JAECI

51% dos brasileiros não querem saber da Seleção e da Copa do Catar

Quem vai ligar para futebol se há 30 milhões de pessoas na mais completa e absoluta miséria?


08/08/2022 12:00 - atualizado 08/08/2022 14:57

CHARLY TRIBALLEAU/AFP
O trabalho contestado de Tite, apesar dos números, e a antipatia de Neymar são fatores determinantes para o resultado da pesquisa (foto: CHARLY TRIBALLEAU/AFP)

Uma pesquisa feita na última semana mostrou de 51% dos brasileiros não estão interessados na Seleção Brasileira para a Copa do Mundo, e que o técnico Tite tem apenas 47% da preferência, o índice mais baixo de técnicos brasileiros que estiveram em Mundiais. É muito triste essa constatação, já que estamos falando do maior patrimônio esportivo do povo brasileiro.

Mas, se analisarmos o momento do país e do mundo, vamos entender muito bem. Quem vai ligar para futebol se há 30 milhões de pessoas na mais completa e absoluta miséria? Mais de 15 milhões de desempregados, gente passando fome. Fiquei 30 dias em BH e vi muita gente abrindo sacos de lixo em busca de resto de comida. Cenas tristes, pois o ser humano merece dignidade, alimentação, moradia e saúde.

Porém, a cada ano, com raras exceções, vemos políticos enriquecendo, se lixando para quem votou neles. Agora, saem em campanha, mentindo, prometendo o que jamais vão cumprir. A situação do Brasil é gravíssima, principalmente depois da pandemia. Pense bem em quem você vai votar. Do seu voto dependerá o seu futuro.

Voltando a falar de Tite, Seleção Brasileira e sobre a pesquisa, não poderíamos esperar algo diferente. Os sucessivos escândalos na CBF, a distância dos jogadores da atualidade do povo brasileiro, a antipatia de Neymar e o trabalho contestado de Tite, apesar dos números, são fatores determinantes para o resultado da pesquisa.

Vejo alguns colegas dizerem que Tite só perdeu cinco jogos. Ok, mas perdeu os que não deveria perder, entre eles, a eliminação para os belgas, na Copa da Rússia, e a perda da Copa América, para a Argentina, em pleno Maracanã. Ponham um “camelo” para dirigir o time brasileiro e ele também perderá pouco, ainda mais com amistosos contra equipes de qualidade duvidosa.

Comparo com a Fórmula-1 da atualidade. Se o piloto não tiver o melhor carro, nada feito. Vejam que Hamilton, heptacampeão, não está conseguindo nada nessa temporada. Não tem o melhor carro. Certa vez o saudoso tricampeão mundial, Niki Lauda, disse: “ponham um macaco pilotando na melhor equipe e ele chegará em primeiro ou segundo lugar”.

Sou de uma época em que os carros eram iguais e os pilotos ganhavam corridas no braço. Estou falando de Jack Stwart, o escocês voador, do próprio Niki Lauda, Emerson Fitipaldi, Nélson Piquet, Ayrton Senna, e por aí vai. Pilotos de verdade, que dirigiam máquinas, as ajustavam e ganhavam corridas. Hoje, a tecnologia faz tudo. O piloto tem apenas que ter a sorte de ser contratado pela melhor escuderia.

A Seleção Brasileira sobrou nas Eliminatórias, pois na América do Sul, tirando a Argentina, não tem concorrente. Aí, deita e rola. Quando a parada é contra um europeu, ainda que de porte médio, temos dificuldades em vencê-los. Eles evoluíram na parte técnica e nós, involuímos. Neymar é nosso único grande jogador e parece ter começado a temporada focado. Parece! Tomara que esteja, pois poderia fazer a diferença.

Há uma garotada boa, pedindo espaço a Tite, e ele parece ter cedido. Pelo menos a Vini Júnior, Rodrigo, Raphinha, Matheus Cunha e Anthony. Como teremos 26 jogadores convocados, dá para levar todo mundo. A zaga e as laterais são preocupantes, pois até aqui, ninguém virou unanimidade. Daniel Alves, que já deveria estar aposentado, é uma brincadeira de mau-gosto de Tite. Thiago Silva, que nos entregou em tantas competições, outra aberração. Eu não confio nem um pouco neles. Tem o Militão, que cresceu no Real Madri. Quem sabe ele ganha a vaga do “cativo” Thiago Silva?

Enfim, a Copa do Mundo está chegando e o povo brasileiro não está nem aí para ela. Claro que a medida em que for se aproximando, o torcedor vai se entusiasmando e querendo ver o que o Brasil poderá conseguir. Eu acho o hexa muito difícil, mas não impossível, haja vista que não há uma grande seleção no mundo. Se Neymar jogar o que sabe e Tite achar zagueiros, laterais e puser a garotada, poderemos ter outra sorte. Caso fracassem, os garotos estarão maduros em 2026, no Mundial que será sediado em conjunto por Estados Unidos, México e Canadá. Até lá, teremos um jejum de 24 anos, outra vez, como foi de 1970 até 1994. E isso pouco importará, pois como disse Arrigo Sachi: “o futebol é a coisa mais importante entre as menos importantes da vida”.

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)