
Porém no Brasil, como dizia o saudoso, Kafunga, "o errado é que está certo", e esses regulamentos esdrúxulos - diga-se de passagem, assinado por todos os incompetentes dirigentes -, dão margem para isso.
Outro dia eu lembrei aqui que na Copa União, em 1987, Galo e Flamengo estavam no mesmo grupo, e o alvinegro ganhou turno e returno. O regulamento dizia que, nesse caso, o segundo colocado ganharia uma vaga na semifinal. Ou seja: o Galo classificou o Flamengo e acabou eliminado por ele. Mas a culpa é de quem assinou tal regulamento.
Durante esta semana, dirigentes alvinegros e rubro-negros trocaram acusações, via rede social, como briguinha de meninos, na escola. "Se você não me der a bola, não falo mais com você. Não pegue meu lápis, pois vou ficar de mal."
Uma vergonha que serve para acirrar os ânimos, já exaltados, entre os torcedores das duas equipes, que não se bicam, e para irritar os jogadores. Se houver briga ou jogadas mais ríspidas entre eles, com certeza os dirigentes de Galo e Flamengo serão os grandes culpados.
Num momento de tanta violência no país, onde quem é A não admite que tenha alguém que seja B, os dirigentes deveriam apaziguar os ânimos. Porém, exigir isso deles, é muito. Eles agem como torcedores, passionais e birrentos.
Meu sonho era ver os presidentes do Galo e Flamengo, lado a lado, na tribuna, se cumprimentando e, ao final da partida, apertando as mãos, como acontece na Europa, independentemente do resultado. Mas isso é pedir muito.
Por isso, sou a favor do clube-empresa. Imaginem, por exemplo, Ronaldo Fenômeno, dono do Cruzeiro, ao lado de Rubens Menin, que poderá ser o dono do Atlético, lado a lado, num dos camarotes do estádio que será inaugurado! Seria fantástico. Será que vamos evoluir para chegarmos a tal ponto?
Os dirigentes deveriam se unir em prol de seus clubes, faturamento e grandes jogos. Birrinhas e briguinhas infantis só mostram o quão estão atrasados e despreparados.
Só nos resta torcer para que a animosidade e o veneno destilado durante a semana não tenha contagiado os jogadores e que eles, no campo de jogo, sejam felizes, nos proporcionem um grande jogo, com dribles, tabelas e gols bonitos.
Qualidade as duas equipes têm, mas, neste momento, vejo o Galo mais bem preparado e mais coeso, pois tem uma defesa infinitamente superior à do Flamengo. Foi isso que o alvinegro mostrou no fim da temporada passada.
Quanto ao troféu da Supercopa, ele não fará o torcedor lotar a Praça Sete, nem a Gávea. É apenas mais um troféu que, por enquanto, não tem apelo. Haja vista que o Flamengo ganhou as duas edições que houve e não vi nenhum torcedor lotar as ruas. É competição para "inglês ver".