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Estado de Minas coluna do jaeci

Dívida vira tormento também no Flamengo e no Corinthians

Clube do Rio de Janeiro deve quase R$ 700 milhões, enquanto o paulista tem endividamento próximo dos R$ 950 milhões


04/04/2021 04:00 - atualizado 04/04/2021 07:51

Mesmo conquistando títulos, como o Campeonato Brasileiro de 2020, dívida do rubro-negro vira preocupação à parte(foto: Alexandre Vidal/Flamengo %u2013 26/2/21)
Mesmo conquistando títulos, como o Campeonato Brasileiro de 2020, dívida do rubro-negro vira preocupação à parte (foto: Alexandre Vidal/Flamengo %u2013 26/2/21)

O Flamengo anunciou seu balanço com uma dívida líquida de R$ 681 milhões, R$ 171,5 milhões de aumento. Fico feliz por saber que há transparência em meu clube, e preocupado com esse aumento, pois vi o clube viver anos sem ganhar nada, sem montar grandes times, justamente porque não havia dinheiro.

Quando o ex-presidente Bandeira de Mello assumiu, resolveu fazer uma gestão austera, eliminando dívidas para tornar o Flamengo viável. Em seis anos de gestão, ele ganhou apenas a Copa do Brasil de 2013 e ficou no “cheirinho” em dois Brasileiros, como gostam de dizer os inimigos. Porém, deixou a casa ajeitada para Rodolfo Landim colher os frutos de dois Brasileiros, 2019 e 2020, e uma Libertadores, em 2019, levando o Fla à disputa do Mundial de Clubes depois de 38 anos.

Só mesmo jornalista que veste a camisa do clube, ou pago por ele, não divulgaria um balanço e não faria críticas. Nossa função é analisar e, mesmo entendendo os argumentos da diretoria para o aumento da dívida, com relação a pandemia de coronavírus, fico preocupado em saber que meu clube deve quase R$ 700 milhões. Há algum tempo essa dívida era de R$ 400 milhões, com Refis em dia. Mas é dívida!

As contratações de Gabigol e Pedro ajudaram essa dívida a crescer. O Flamengo contava com bilheteria e outras coisas mais para levantar a grana. O presidente alega que o faturamento é de R$ 756 milhões em relação a 2019 e que isso estaria acima do valor da dívida. Não me importa. Ao invés de reduzir gastos, despesas e o montante devedor, o Flamengo fez o contrário e a aumentou. É preocupante, sim.

Mesmo vendendo jovens como Nathan, Yuri César e Lincoln, os valores dessas negociações são inferiores à dívida pela aquisição de Pedro. A coluna de Rodrigo Mattos, sempre bem informado, é precisa. Não adianta ganhar taças, formar um esquadrão e dever quase R$ 700 milhões. É um número significativo e preocupante para um futebol brasileiro quebrado. O objetivo deveria ser o de diminuir dívidas – e não fazer crescer.

Claro que o torcedor está se lixando para dívidas. Ele quer taças e, nesse ponto de vista, o Flamengo está compensando. Porém, para nós, da imprensa, rubro-negros ou não, é preciso pôr o dedo na ferida e dizer que está errado. Um clube para ser superavitário, sob todos os pontos de vista, tem que estar zerado com dívidas e impostos. Não é o que a gente vê no futebol brasileiro.

O Corinthians também apresentou um balanço com dívidas na casa dos R$ 950 milhões, sem contar o Itaquerão, cuja dívida beira R$ 1 bilhão. É um grave problema. Vasco e Botafogo devem perto de R$ 1 bilhão. Atlético Mineiro e Cruzeiro, acima de R$ 1 bilhão. Onde iremos parar? Conversando com um economista, ele me disse que não importa se o clube tem ativos para cobrir a dívida.

“Isso é conversa para boi dormir. Se tem ativos, que os venda e zere suas pendências. E quem garante que os ativos são bens de fácil liquidação e venda? É preciso que o futebol brasileiro tenha responsabilidade fiscal e que os clubes tenham receitas maiores que as despesas, e provem que têm condições de contratar, pagar salários em dia e outras obrigações. O que a gente vê é clube sendo punido pela Fifa por dívidas de anos atrás. Isso não é gestão eficiente”, diz ele, que prefere não se identificar.

As dívidas dos grandes clubes brasileiros passam dos R$ 7 bilhões e são impagáveis. Há quantos anos a gente acompanha os clubes pedindo Refis, os governos sendo benevolentes e ajudando. Se o trabalhador, que paga seus impostos em dia, não tem nenhum tipo de ajuda, por que os clubes a merecem? Gestores irresponsáveis, alguns venais, e por aí afora. Só vejo uma solução para essa farra do boi acabar: os clubes virarem empresas. Não há outro caminho.

CEOs remunerados, para acabar com esse negócio de presidente que nada recebe e “dedica sua vida ao clube”, responsabilidade fiscal e a obrigatoriedade de pagar todas as contas em dia, tendo uma reserva para emergências. Para que vocês tenham uma ideia, aqui nos Estados Unidos, na MLS, Liga profissional, nenhum funcionário dos 26 clubes foi demitido durante a pandemia. Aqui, as franquias têm de provar ter receitas maiores que as despesas, pagar salários em dia e cumprir todas as obrigações. Caso contrário, nem se registra o clube.

Portanto, caros torcedores, e principalmente aqueles que deram chilique quando divulguei que o balanço do Galo supera o R$ 1 bilhão e que serviu de pauta para os colegas durante uma semana de debates fortes, a função dos jornalistas de verdade é relatar o fato de forma transparente.

Que bom que o Rodrigo Mattos divulgou a gigantesca dívida do Flamengo. Como torcedor do clube, fico muito preocupado. Como jornalista, mais ainda. E percebo que mesmo nos clubes que estão mais organizados, caso do Flamengo, a dívida é absurda e irreal para uma economia quebrada e arrasada como a brasileira.

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