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Estado de Minas

Presidentes falastrões fizeram do torcedor verdadeiro palhaço


postado em 22/06/2020 04:00

(foto: CLEBER MENDES/AGÊNCIA O DIA/ESTADÃO CONTEÚDO %u2013 2/3/20 )
(foto: CLEBER MENDES/AGÊNCIA O DIA/ESTADÃO CONTEÚDO %u2013 2/3/20 )
No Rio, o prefeito Marcelo Crivella autorizou a volta do Campeonato Carioca: estado é o segundo maior foco de mortes por coronavírus no país

O futebol caminha mesmo para um buraco sem fundo. Dirigentes fazendo média com os torcedores, os chamando de palhaços, sem que eles percebam. Eles não se preocupam com 50 mil mortos até agora por COVID-19, pois num país onde se matam 50 mil pessoas ao ano por arma branca ou arma de fogo parece que isso virou uma coisa normal. Os dirigentes se acham donos dos clubes e os torcedores são seus “súditos”. Vão do céu ao inferno do dia para a noite, e vice-versa. A turma do robozinho trabalha para a política, para o futebol, para quem pagar mais. E alguns querem se iludir achando que robôs votam de verdade. Que pena! Felizes são os torcedores que comemoram taças e títulos, não outras coisas. No Rio, a bagunça continua. O prefeito, aquele da igreja que passa a sacolinha, diz que o futebol está suspenso. Os clubes peitam e dizem que vão jogar. Enquanto isso, no Maracanã, o hospital de campanha tenta salvar as vítimas do coronavírus. Tudo num espaço bem próximo. O som dos jogadores batendo à bola ecoa no hospital vizinho. Como não há torcida no Estádio do Maracanã, pode-se ouvir o que ocorre no gramado a distância. Pobre humanidade, gananciosa, achando que o dinheiro está acima do bem e do mal. Fico feliz de ter tanta gente copiando a frase que ouvi de Arrigo Sacchi, em 1994, na final do Mundial, quando ele disse que “O futebol é a coisa mais importante entre as menos importantes da vida”. Sempre dei crédito ao técnico italiano e gravei essa frase para a minha vida toda. Porém, tem gente que fala a frase como se fosse dela. Outro dia, vi um cronista de São Paulo pôr isso no seu blog como se fosse dele, sem aspas, e sem citar Sacchi. Deve ser da turma dos robôs.

O dia em que o torcedor entender que dirigentes de clubes são seus empregados, pois a razão da existência de um clube é a torcida, a coisa muda de figura no Brasil


Mais triste é saber que há gente reclamando que a pandemia o deixou sem emprego, outros que suas empresas quebraram. Mas dinheiro para bobagens eles conseguem. O dia em que o torcedor entender que os presidentes de clubes são seus empregados, pois a razão da existência de um clube é a sua torcida, a coisa vai mudar de figura no Brasil. Ou não, pois um povo que gosta e se acostumou com pão e circo aceita qualquer coisa. Por isso sou saudosista, adoro os grandes dirigentes, estadistas, gente que sabe qual é o seu papel. Numa coisa o torcedor não é bobo: ele sabe quem é vencedor e quem é perdedor. Os amigos viram inimigos com as críticas, pois a grande maioria não sabe conviver com elas. Nem mesmo aqueles que usaram você para chegar ao clube e que se esqueceram disso. Gente mesquinha, que não vale o prato de comida que come. Os traidores de hoje serão os traídos de amanhã. Não tenham dúvida disso. Quem manda é quem tem dinheiro e poder. Vaquinhas de presépio existem aos montes. Elas pensam que mandam, mas, na verdade, só obedecem à ordem do chefe.

O “genocídio” que estamos vendo por parte de alguns governantes será cobrado pela História. Vidas não voltam. Já vimos guerras, pandemias e tragédias que foram vencidas pela humanidade, que reconstruiu, ainda que lentamente, suas economias. Num passado não muito distante, uma vida valia muito. Hoje, pelo que temos visto, para muita gente não vale nada. Que mundo cruel! O futebol não pode ficar impune aos desmandos de seus dirigentes. Se não pagarem aqui nessa vida terrena, pagarão em outro plano, não tenho dúvidas disso. O que leva uma pessoa a ponto de se achar acima do bem ou do mal só porque é presidente de um clube? Só mesmo sua pequenez, baixa autoestima e vaidade. Dirigir “a coisa mais importante entre as menos importantes da vida”, para alguns, é o máximo que podem atingir. Já outros, que nunca se importaram com o cargo, tornam-se gigantes diante de uma torcida reconhecida e apaixonada. Cada um colhe o que planta! E “assim caminha a humanidade, com passos de formiga e sem vontade”, como diria o poeta e músico Lulu Santos.

Não sei se a bola vai voltar a rolar ou não no Campeonato Carioca. Mas sei que torcedor nenhum que seja humano e temente a Deus irá comemorar qualquer conquista ou quem seja o conquistador. Deveríamos estar comemorando cada vida salva por médicos, enfermeiros e todos que estão na linha de frente no combate à COVID-19. Aliás, gente que nunca foi valorizada. Os garis, por exemplo, sempre foram tratados com desprezo, mas só agora tiveram seu valor reconhecido por alguns. Na França e na Holanda, declararam-se os campeões com a paralisação das competições. No Brasil eles estão brigando para terminar os estaduais, competições falidas e ultrapassadas que podem servir como única chance de os fracassados porem um título no currículo. Enquanto isso, os torcedores, considerados palhaços por alguns dirigentes, vão ao circo, na esperança do grito de “é campeão”, quando deveriam estar gritando contra a fome, a miséria, a desigualdade social. Deveriam gritar contra vidas perdidas em cada estado, município, cidadezinha do Brasil. A conta vai chegar para todos, principalmente para os desalmados, covardes, que se aproveitam da fragilidade e do momento pelo qual as pessoas estão passando. Um futebol falido, tecnicamente fraquíssimo, com vários ex-jogadores em atividade, é o que temos. E é esse futebol que esses dirigentes estão sobrepondo às vidas. Tristeza é a palavra certa. Estou aqui para aplaudir quem salva vidas. Os outros, os oportunistas, a vida se encarregará deles!

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