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Dívidas monstruosas desafiam o novo presidente do Cruzeiro

O clube está quebrado, arrasado, perto da falência. Não existe vara de condão ou mágica. A nova diretoria terá de se virar para quitar os compromissos


postado em 25/05/2020 04:00

O goleiro Fábio é um dos mais experientes do grupo celeste: dura missão de ajudar na reconstrução da Raposa (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press %u2013 7/3/20)
O goleiro Fábio é um dos mais experientes do grupo celeste: dura missão de ajudar na reconstrução da Raposa (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press %u2013 7/3/20)

O Cruzeiro já tem um novo presidente, isso é fato. Porém, nada mudou e não mudará a curto prazo. Cadê o time para a disputa da Série B, competição que, quando começar, já terá o time azul como lanterna, com 6 pontos negativos? Cadê o dinheiro para o pagamento dos salários atrasados? Ídolos como Fábio, Léo, Marcelo Moreno, que baixaram seus salários de forma substancial, topando receber o teto estabelecido de R$ 150 mil mensais, precisam receber, pois todos têm compromissos. O clube está quebrado, arrasado, perto da falência. Não existe vara de condão ou mágica. A nova diretoria terá de se virar para quitar os compromissos. Preocupa-me o fato de o Cruzeiro ter apenas três grandes jogadores, justamente os citados acima, para a disputa de uma competição que é dura. O torcedor quer o time de volta à elite ano que vem, no centenário, e não se conformará caso isso não ocorra. Com esse time, eu, Fábio e Marcelo Moreno já dissemos que não há a menor condição de subir. Não há dinheiro para pagamentos de salários, como haverá para contratações? Depender de mecenas não é uma boa opção, pois gerir um clube é muito mais que isso. A marca Cruzeiro foi jogada na lama pela quadrilha que comandou o time nos últimos dois anos. Uma dívida impagável de R$ 1 bilhão. Há gente que acha que só por gostar do time tem capacidade para gerir. Não é assim. Temos vários péssimos exemplos no Brasil.

Segundo me disseram, o presidente deu entrevista priorizando a imprensa de fora de Minas Gerais, na qual disse que o principal rival do Cruzeiro não é o Atlético, porque “o Cruzeiro rivaliza com quem tem títulos, e o Galo não tem”. O presidente do Atlético pode dizer também que seu principal rival é o Flamengo, com quem travou batalhas épicas, principalmente, na década de 1980, quando eram base da Seleção de Telê. Atlético, Flamengo e Corinthians são os times que vendem jornal, que dão ibope, que realmente atraem mídia. Isso é fato! Existe o Galo da Era Kalil, que ganhou uma Libertadores, uma Copa do Brasil e uma Recopa, entre os títulos mais importantes. O de Nélson Campos, primeiro campeão brasileiro, em 1971. O de Valmir Pereira, que fez belíssimo trabalho, e o de Elias Kalil, que montou o maior time da história do clube, com Cerezo, Reinaldo, Éder, Luisinho, entre outros. Mas, como dizem os atleticanos, “torcer para o time preto e branco é muito mais que taças e títulos”. É uma coisa indescritível, que só mesmo quem é alvinegro sabe o que significa. Como sou rubro-negro, flamenguista confesso, entendo um pouco desse sentimento, pois acho que é o mesmo que nós, flamenguistas e os corintianos, sentimos. Porém, Fla e Timão têm muitas taças.

Aprendi, ainda na faculdade de jornalismo, que se houver um time pequeno e apenas um torcedor, esse merecerá o mesmo respeito daquele time que tem milhões de torcedores. Por isso, acho uma bobagem tremenda essa discussão de quem é maior, quem tem mais torcida, quem tem mais taças. O Galo, dirão seus torcedores, não está insolvente, quebrado ou com dívidas impagáveis. Ao contrário, está construindo sua casa, para se tornar dono de mais taças. Um estádio é sempre um belo patrimônio e alavanca conquistas. Quando uma pessoa assume um cargo da grandeza da presidência do Cruzeiro e já começa espetando o rival, é sinal de que o adversário o preocupa, e muito. Acho que cada um deve cuidar do seu umbigo, em solucionar os problemas dos seus clubes, que são muitos. Não vejo dirigentes europeus detonando clubes rivais ou fazendo brincadeiras de mau gosto. Como lá os clubes são empresas, têm donos, há seriedade no comando, com responsabilidade fiscal, com prisão em caso de fraude e outras coisas mais. Nosso futebol deveria caminhar para o lado do clube-empresa, mas continua na contramão da história, com gestões amadoras e algumas fraudulentas.

Vale lembrar que os clubes mineiros só têm espaço na mídia nacional quando estão por cima, ganhando taças, ou quando são manchetes policiais, caso do Cruzeiro nos últimos tempos. Portanto, puxar o saco da imprensa nacional não é uma boa medida. Ela c... e anda para os times mineiros. Se apega a Flamengo e Corinthians, com 90% do noticiário, e divide o restante para os outros grandes de Rio e São Paulo. Se houver espaço, os times mineiros e gaúchos recebem um cantinho de coluna. Os do Nordeste, nem isso. Aprendi, nesses 40 anos de futebol, que poucos são os dirigentes verdadeiros, amigos, leais. A maioria te usa quando precisa. Escolado que sou, não estou nem aí para eles. Confio e tenho amizade com alguns deles. O restante deve ser tratado com distância e cobrança quando houver erro. A vaidade desses caras é muito grande para merecer minha consideração.

''O clube está quebrado, arrasado, perto da falência. Não existe vara de condão ou mágica. A nova diretoria terá de se virar para quitar os compromissos''



Governo tem que intervir

Já passou da hora de o governo federal intervir nos clubes, exigindo a transformação deles em empresas. Não dá mais para ficar bancando Refis, como o Profut, com dirigentes irresponsáveis, sem responsabilidade fiscal. Os clubes brasileiros estão quase todos de pires na mão, quebrados, com dívidas astronômicas e, a cada ano, as dívidas aumentam, pois os presidentes contratam a rodo e vão inflando a folha de pagamento. Não dá mais para gerirem suas instituições sem serem remunerados, pois pode ocorrer o que houve no Cruzeiro, com dirigentes acusados de roubo e formação de quadrilha. Os clubes-empresa contratam CEOs para geri-los. Se dão resultados positivos, são mantidos. Se não, é pé na bunda e outro é contratado. Funciona bem na Europa, nos Estados Unidos e em vários países sérios, por que não pode funcionar também no Brasil? Chega de conselhos deliberativos aprovando contas, amigos dos amigos. Isso é muito amadorismo. Não dá mais! No Século 21, principalmente depois da pandemia do coronavírus, que já matou centenas de milhares de pessoas, a vida tem de ser repensada, e o futebol não pode ficar fora disso. Salários irreais, contratações fora dos padrões financeiros dos clubes não deverão ser mais aceitos. Ou o torcedor briga por isso ou os clubes vão falir. Clube-empresa é a única solução para tornar os clubes superavitários e em condições de brigar de igual para igual com seus pares que estão organizados, caso do Flamengo.



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