A Fifa puniu o Cruzeiro com a perda de seis pontos, quando começar a Série B, pelo fato de o clube não ter pago o empréstimo do jogador Denílson, que atuou apenas em cinco jogos. O valor de R$ 5 milhões deveria ter sido pago ao Al Wahda, e como isso não ocorreu, o clube árabe recorreu à Fifa. O Cruzeiro tinha até segunda-feira para fazer o pagamento. Não o fez e foi punido. Terá, agora, cinco meses para quitar tal dívida e, se não o fizer, sofrerá outra punição. O Conselho Gestor garantiu que pagaria a dívida, mas, com certeza, pela situação financeira grave, não conseguiu o recurso. Não cabe apelação. A sentença é definitiva. Isso complica a vida do Cruzeiro na competição quando ela começar, já que não tem time para subir – o grupo é ruim e conta apenas com cinco jogadores experientes –, e iniciar um torneio com menos seis pontos é muito grave. Brincaram com a verdade e a punição veio. A torcida quer saber se os culpados pela atual situação, acusados de corrupção, lavagem de dinheiro e outras falcatruas, serão indiciados pela polícia, condenados pela Justiça a irem para a cadeia, e se devolverão o produto do roubo. O ex-presidente Wagner Pires, Itair Machado e Sérgio Nonato deverão ser indiciados, segundo a polícia, nos próximos dias. O Ministério Público também está em cima do caso.
O Cruzeiro virou terra arrasada, assaltada, um buraco sem fundo. Uma gestão irresponsável, caótica e desonesta. A matéria veiculada pelo Fantástico há um ano mostrou tudo o que foi feito de grave pelos ex-dirigentes que comandaram o clube em 2018 e 2019. Negociações escusas, acusações de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, divisões de comissões com empresários de jogadores e uma série de irregularidades. Os acusados chegaram a sair para bares em BH, mas um deles, Sérgio Nonato, foi abordado por torcedores e agredido. Eles não podem pôr a cara na rua, pois correm sérios riscos. É preciso que o torcedor seja ordeiro e espere que a Justiça tome providências. Com certeza, a investigação da polícia é contundente e irá indiciar todos eles, mandando-os para a Justiça. Como as provas são irrefutáveis, deverão ser condenados. Porém, o torcedor não vai se contentar somente com isso. Quer que os possíveis culpados devolvam o produto do roubo aos cofres do clube, para que a instituição possa sobreviver. Hoje, o clube está com salários atrasados, sem perspectiva e com uma eleição nesta quinta-feira. O presidente eleito terá muito trabalho, com uma dívida de R$ 1 bilhão e um cenário devastador.
Até mesmo o cartão corporativo do clube foi usado de forma irregular e criminosa. Segundo consta, até uma casa de mulheres em Portugal teve como clientes os acusados, que usaram o cartão do clube para pagar a conta. Que vexame! Que gente nojenta e sem escrúpulos! A dívida com o clube árabe é de 2016, data do empréstimo do jogador Denílson, porém, a diretoria que sucedeu a anterior tinha a obrigação de quitá-la, como ocorre em todos os clubes. Como gastou uma fortuna em farras, em contratações equivocadas como as de Fred, por exemplo, a gestão Wagner Pires de Sá se lixou para o pagamento da dívida contraída pela gestão anterior e, agora, sem dinheiro, o Conselho Gestor não conseguiu cumprir o prometido e pagar a multa. Não cabe mais recurso e o torcedor vai ter de amargar, além da Série B, essa perda de seis pontos.
Um clube campeão como o Cruzeiro, com duas Libertadores, quatro Brasileiros e seis Copas do Brasil, respeitado no Brasil e no mundo, não deveria estar passando por isso. Vejam, senhoras e senhores, o que uma gestão fraudulenta faz com um clube. E existe a possibilidade de mais punição, pois a dívida pelo jogador Willian Bigode, hoje no Palmeiras, não foi paga. Conversei com Sérgio Santos Rodrigues, que deverá ser eleito hoje, e ele me disse que já está conversando com o clube ao qual pertencia Willian. Onde estão os “mecenas” que sempre aparecem para ajudar o clube? Por que não pagaram os R$ 5 milhões? É gente que só quer aparecer. Sou contra o tal mecenas no futebol. Por isso, sou a favor da transformação dos clubes em empresas. É a única forma de tornar o futebol sério e rentável. A situação dos clubes na América do Sul é caótica, e se não houver uma mudança na mentalidade e forma de gerir os clubes a maioria vai acabar. Gestões amadoras não cabem mais!
Se já há indícios para incriminar os acusados de corrupção no clube, que a polícia o faça e que a Justiça os julgue com os rigores da lei. É preciso resolver a situação de uma vez. O torcedor cruzeirense vai ter que se acostumar a períodos longe de taças e títulos. Eu escrevi aqui, há algum tempo, que conversei com um economista, que me disse que, se tudo der certo, em 15 anos o Cruzeiro pode se recuperar. Vejam bem: 15 anos! Gestão fraudulenta dá nisso. Sérgio Rodrigues me garantiu que, depois de eleito, vai jogar pesado pra cima dos criminosos e fazer com que o dinheiro roubado do clube seja devolvido, centavo por centavo. Ele tem uma equipe de trabalho que já vem montando planilhas de gestão para tentar minimizar os problemas e fazer uma gestão de acertos das dívidas. Não será fácil equacionar R$ 1 bilhão em problemas. Porém, quando se candidatou, Sérgio Rodrigues sabia no que estava entrando e, com certeza, tem planos para fazer uma boa gestão.