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Estado de Minas COLUNA DO JAECI

Que o futebol volte mudado depois do coronavírus, com novos ídolos

O futebol é importante para muitas pessoas que dependem dele para sobreviver, mas a preservação de vidas é muito mais importante


postado em 04/05/2020 04:00

Neymar é um dos poucos ídolos do futebol brasileiro, mas em alguns momentos parece que não quer ser(foto: UEFA/AFP)
Neymar é um dos poucos ídolos do futebol brasileiro, mas em alguns momentos parece que não quer ser (foto: UEFA/AFP)


Um infectologista argentino diz que o ideal é a volta do futebol na América do Sul somente em dezembro, pois, segundo ele, as altas temperaturas, acima dos 27 graus, não permitem que o coronavírus sobreviva sobre as superfícies, nem que se espalhe no ar. Sou leigo no assunto, mas gosto de ouvir as autoridades médicas e sanitárias. Tem gente que prefere dizer: “E daí se vai morrer gente, o que eu posso fazer”. Eu prefiro dizer: salvar vidas é o mais importante. Era isso que eu e todo brasileiro de bem esperávamos ouvir do chefe da nação.

O futebol brasileiro agoniza há tempos, como escrevi ontem. Os clubes que têm patrocinadores fortes, como o Palmeiras com a dona de uma empresa que empresta dinheiro a juros, não está tendo tantos problemas para pagamentos de salários, mas, ainda assim, vai se adequando à nova realidade. O Flamengo, que se dizia “rico”, está demitindo funcionários humildes, para manter os altos salários de Gabigol e cia, e para renovar com o mister, Jorge Jesus.

Uns priorizam a vida. Outros o lado financeiro. E ainda tem gente achando que depois da pandemia do coronavírus, o ser humano vai mudar para melhor. Alguns, sim, outros, não. Aqueles que só veem o poder do dinheiro e que acham que com ele podem comprar tudo, até saúde, vão continuar com o mesmo pensamento. Vivemos um período onde subcelebridades ganham milhões de seguidores na rede social, por conta de participação em programas lixo.

Num passado muito legal, tínhamos como ídolos Reinaldo, Zico, Cerezo, Dirceu Lopes, Alex talento e por aí afora. Hoje, os ídolos são Gabigol, Luan (lembram-se dele) e tantos outros jogadores inexpressivos. Nossos ídolos na música eram Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Renato Russo, Cazuza. Hoje são Anita, Ludmila e os Mcs. Nossos símbolos na política eram Ulisses Guimarães, Cristóvão Buarque. Hoje são Rodrigo Maia e Alcolumbre. Perceberam como tudo piorou?

O Brasil é um país sem um grande ídolo – o último e mais importante no esporte foi Ayrton Senna –, e, por isso, estamos vivendo uma crise moral terrível. Bailes funks são um direito do pessoal que vive nas favelas e até no asfalto. Mas não é correto vermos traficantes exibindo armas e as jovens rebolando a bunda até o chão para satisfazê-los. O futebol é apenas reflexo dessa sociedade sem valores morais, sem berço, sem amor ao próximo. “Eu sou Messias, mas não faço milagres”. Essa é a palavra do chefe da nação, e ela reflete o que parte da sociedade, doente, pensa. Tem gente insistindo pela volta do futebol, mesmo que isso represente mortes e mais mortes. “E daí, o que eu posso fazer?”

Sou um cara apaixonado pelo esporte bretão. Mas não esse que temos visto nos times brasileiros. Falo daquele timaço do Galo da década de 1980. Do Cruzeiro de Alex Talento, do Flamengo de Zico, do Vasco de Roberto Dinamite, do Corinthians de Sócrates e por aí afora. Ou, voltando um pouco mais, do Cruzeiro de Evaldo, Dirceu Lopes e Natal. Ou daquele de Joãozinho, Nelinho e Palhinha. Gente, tínhamos, no mínimo, dois craques por time. Hoje não temos nenhum.

Se não existisse Neymar, que é craque, mas parece não querer ser, não teríamos nenhum craque brasileiro. Olha a que ponto chegamos! Aí eu pregunto com sinceridade: vocês, que são do bem, trocariam vidas pela volta do futebol atual? Claro que uma vida não vale a volta de futebol de época nenhuma. A vida em primeiro lugar. Uma partida de futebol envolve, além dos jogadores, técnicos, dirigentes e pessoas que trabalham no entorno. E se no jogo com portões fechados os torcedores se aglomerarem do lado de fora do estádio? Tudo isso tem que ser pensado. O futebol só deve reabrir suas portas quando estivermos seguros de que o coronavírus não vai matar mais ninguém. Caso contrário, que fique congelado. Não há outra alternativa. A vida deve sempre estar em primeiro lugar.

Há dois meses tenho feito matérias sobre o coronavírus para a Rádio Tupi, para meu canal no Youtube, para meu blog, no Superesportes, e também aqui neste espaço. Sim, não podemos ficar insensíveis ao que acontece no Brasil e no mundo. Tenho o orgulho de dizer que sou jornalista, diplomado, e que trabalhei na geral, na TV Globo, mesmo na época em que eu fazia o Globo Esporte. Sempre estive à disposição do jornalismo. Outro dia um seguidor me disse que se o futebol acabasse, ficaríamos desempregados. Bobinho ele! Desempregados vão ficar os que não fizeram universidade, não têm diploma e que nunca trabalharam na geral. Ou os que são contratados pelas empresas, sem nenhuma qualificação. Os que só sabem falar de futebol. Esses, realmente, correm riscos.

Vejam o show de cobertura da pandemia do coronavírus que os profissionais aqui do Estado de Minas estão dando. Arriscando suas vidas para informar melhor. Veja o banho de cobertura que os repórteres do esporte da Rádio Tupi estão dando. Todos comprometidos com a notícia. O Giro Esportivo, há 32 anos no ar, programa de maior audiência do rádio brasileiro, comandado pelo brilhante Wagner Menezes, deixou o futebol de lado e nas duas horas no ar, das 22h à meia-noite, tem informado nosso ouvinte sobre a pandemia e suas consequências. Ouvindo autoridades médicas e sanitárias, buscando sempre a melhor informação. Isso é jornalismo, e nos orgulha muito.

Temos a certeza de que esse pesadelo chamado coronavírus, que está matando centenas de milhares de pessoas, que destruiu a economia mundial, vai passar, e que o futebol voltará. Gostaria que voltasse em outro plano, com dirigentes mais honestos, sem a figura inútil do diretor de futebol, sem jogadores medíocres ganhando fortunas, sem técnicos enganadores ficando ricos em 3 anos. Sei que o futebol do passado não voltará nunca mais. Não há craques no Brasil e no mundo. Os últimos são Messi, Cristiano Ronaldo e Neymar. Os dois primeiros, consagrados e vencedores. O último, aos 28 anos, sem ter ganhado nada como protagonista.

Espero que essa parada sirva para motivar os jovens treinadores. Que eles tenham estudado, revisto alguns jogos do passado e aprendido alguma coisa. Não dá mais para suportar essa linguagem do “pega, mata a jogada, dá porrada”. E chega de os clubes procurarem técnicos ultrapassados, só pelo nome, pagando fortunas. O time a ser copiado é o Flamengo, por sua estrutura e pelo time e técnico que tem. Claro, JJ tem os melhores jogadores do país, mas nenhum craque. Porém, com tanta gente boa de bola, é possível fazer um grande time, e ele fez.

E o que mais agradou aos verdadeiros amantes do futebol foi perceber que o Flamengo ganha jogando bonito, como no passado. Sem Zico, Adílio, Júnior e cia, mas com futebol de toque, de dribles, de tabelas, de gols. É só isso que o torcedor quer. Claro, somente depois que tivermos seguros de que o coronavírus estará controlado. Aglomeração, neste momento, ou jogos, ainda que com os portões fechados, será um suicídio. Não importa se o futebol voltará em junho ou dezembro. Que volte mais lúcido, mais transparente, mais qualificado e mais decente em todos os aspectos. Os torcedores do bem vão agradecer!



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