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Estado de Minas COLUNA DO JAECI

Que tal repensarmos nossa vida com a chegada do coronavírus?

"Falando do futebol, chegou a hora de mudarmos conceitos, horários dos jogos, a gestão dos clubes e muito mais. Não é possível, num país onde se matam 50 mil pessoas, jogos serem realizados às 21h30"


postado em 22/03/2020 04:00

Antes de suspender competições como o Campeonato Mineiro, jogos foram realizados com portões fechados, como Cruzeiro x Coimbra(foto: ALEXANDRE GUZANSHE/EM/D.A PRESS)
Antes de suspender competições como o Campeonato Mineiro, jogos foram realizados com portões fechados, como Cruzeiro x Coimbra (foto: ALEXANDRE GUZANSHE/EM/D.A PRESS)


Domingo é dia de futebol, da cervejinha gelada, de jogar conversa fora. Porém, nesses tempos de crises e da pandemia do coronavírus, o melhor que fazemos por nós mesmos, nossa família e pelos outros, é ficar quietinhos, em casa, na certeza de que não contrairemos o vírus e que também não o propagaremos. Serão dias difíceis, meses, mas, com força e fé, vamos superar esse momento terrível. As competições esportivas pararam no mundo quase todo. Alguns países ainda insistem em manter o futebol, mas isso é uma irresponsabilidade. Até mesmo no Brasil havia federações relutando em parar o esporte bretão. Uma vergonha. A vida das pessoas está acima de qualquer coisa. Acima de patrocinadores, de dirigentes inescrupulosos, de televisões. Não me interessa se as redes que detêm os direitos das competições vão ter prejuízo. Que se danem elas e os patrocinadores. Essa gente gananciosa, que explora o povo e que se sente no direito de pôr o futebol na hora em que bem entende, mudar regulamentos, virar a mesa. Felizmente, a CBF tem um presidente sério, correto, que quer fazer muito pelo futebol e que pensa, antes de tudo, no público. Rogério Caboclo tem dado exemplos com uma gestão eficiente e correta, privilegiando o torcedor, os atletas, os clubes. O nosso vice-presidente, de Minas Gerais, Castellar Guimarães Neto, é um craque e hoje atua na Fifa nas questões das transferências de jogadores. Formado pela Sorbonne, na França, representa nosso estado com maestria, clareza, presteza e competência ímpar. Torço para que um dia seja o presidente da CBF.

Como escrevi outro dia, essa pandemia do coronavírus pode ter chegado para repensarmos melhor nossos valores e nossas vidas. Falando especificamente do futebol, chegou a hora de mudarmos conceitos, horários dos jogos, a gestão dos clubes e muito mais. Não é possível, num país onde se matam 50 mil pessoas por arma de fogo ou arma branca por ano, os jogos serem realizados às 21h30. Isso é um crime contra a população! Não é possível também os clubes, endividados e quebrados, pagarem R$ 1 milhão mensais aos jogadores e técnicos. Isso é um descalabro num país com economia quebrada, onde o salário mínimo de fome é de pouco mais de R$ 1 mil mensais. Os valores estão completamente invertidos. Não é possível os presidentes de clubes não terem responsabilidade fiscal. Não é possível diretores de futebol fazerem negociatas com empresários, dividindo comissões com eles. Vamos repensar tudo e mudar a forma de administração nos clubes brasileiros.

Eu sempre escrevi – e isso, anos antes dessa pandemia – que é inadmissível um jogador de futebol receber R$ 150 milhões em salários anuais, e um cientista, um médico, gente que descobre a cura para doenças e que trata dos doentes e salva vidas, ganhar uma miséria. Publiquei isso no meu Instagram e recebi o apoio de 99% das pessoas. Um ou outro disse que “médicos e cientistas não enchem um estádio de futebol e não fazem gol de bicicleta numa final de campeonato”. Como diria Robin, da dupla com Batman, “santa ignorância”! Os jogadores não descobrem como curar uma doença e nem salvam vidas! Ora, senhoras e senhores, o mundo passa por uma crise econômica jamais vista. Ao fim dessa pandemia do coronavírus, muitos países vão quebrar e outros vão penar para manter empregos. O Brasil, por exemplo, que tem milhões de desempregados, deverá passar por sua maior recessão. E há gente preocupada com jogadores de futebol. Os caras saem das favelas, não têm berço e educação em sua maioria e se acham acima do bem e do mal. Eu fico com os médicos e os cientistas, que curam e salvam vidas. Eles são mais importantes para mim. Não têm jatos, iates nem são celebridades, mas são meus ídolos, justamente por serem anônimos e salvarem tanta gente no mundo.

E não me preocupo se o futebol for relegado ao último plano. Sou jornalista por formação e trabalhei durante anos na TV Globo, na geral, onde aprendi a ser jornalista de verdade. Aqui mesmo, no Estado de Minas, já fiz várias matérias pertinentes a outras editorias. Estou no futebol porque gosto, porque sempre joguei bola e admirei o esporte bretão, principalmente, o praticado nas décadas passadas. Isso que a gente vê hoje é comércio, falcatrua, falta de craques e muita ilusão. Sempre houve jogadores muito bem pagos, mas a disparidade não era abissal como é hoje. Reinaldo, um dos maiores gênios que vi, e o cara que mais se aproximou de Pelé, na minha visão, ganhava o equivalente a R$ 30 mil mensais, que era um baita salário para a época. Hoje, um Messi e o CR7, só para citar os dois melhores do mundo, ganham R$ 150 milhões em salários anuais. E, cá pra nós, eles não engraxariam nem a chuteira de treino do Rei. Os jovens dirão que pirei. Não pirei não. Perguntem aos meus contemporâneos, e eles dirão a mesma coisa. Hoje existe muito marketing, redes sociais e blá, blá, blá. Na minha época, existiam craques e futebol de verdade.

Vamos repensar o mundo e os valores. Vivi uma época em que não havia assaltos, crimes bárbaros, como os que vemos todos os dias, em que o Maracanã recebia 180 mil pessoas e todos saíam alegres ou tristes, com vitória ou derrota, mas o máximo que ocorria era uma gozação saudável do vencedor. Hoje, os bandidos travestidos de torcedores matam, aleijam e cometem os mais cruéis crimes. Há gente morrendo na Itália porque não há respirador para todos. Há pessoas acima de 62 anos sendo deixadas de lado em prol do salvamento dos mais jovens. Há médico se contaminando para salvar vidas. Há voluntários se dedicando em prol de quem jamais viu. Gente de coração de verdade, que não pensa no dinheiro e, sim, no bem comum. Vamos repensar, gente! O dinheiro é importante para vivermos, comprarmos nossa alimentação e outras coisas mais. Porém, mais importante que ele é a compaixão, o amor ao próximo, a doação. Obrigado aos médicos, enfermeiros e todos aqueles que nesse momento grave se arriscam por todos nós. Que a salva de palmas dos brasileiros da noite de quinta-feira se estenda por toda a vida e que, definitivamente as pessoas se conscientizem de que “o futebol é a coisa mais importante, entre as menos importantes da vida”.


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