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Estado de Minas COLUNA DO JAECI

Ao dispensar profissionais, faltou critério claro ao Cruzeiro

"O Cruzeiro precisa se repaginar para a Segunda Divisão. Há jogadores que não querem ficar. Que sejam chamados e negociados. O que não pode é o clube arcar com salários milionários e os caras não atuarem"


postado em 08/01/2020 04:00 / atualizado em 07/01/2020 23:25

O treinador de goleiros Robertinho, entre Fábio e Rafael: profissional foi um dos demitidos pelo Cruzeiro(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press - 16/1/19)
O treinador de goleiros Robertinho, entre Fábio e Rafael: profissional foi um dos demitidos pelo Cruzeiro (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press - 16/1/19)


O conselho gestor do Cruzeiro é formado por homens decentes, sérios, éticos, que realmente querem ajudar o clube, afundado em dívidas e corrupção. Porém, é preciso cuidado na hora de demitir, se desfazer de jogadores e de dar uma nova diretriz. É sabido que há empresários de vários ramos no mercado nesse conselho. Porém, administrar futebol não é como vender um produto num supermercado, por exemplo. É preciso ter gente que entenda do riscado. Na parte financeira todos sabem trabalhar. O problema é na hora de demitir jogadores e funcionários, para que injustiças não sejam cometidas.

Por exemplo: o Cruzeiro mandou embora três dos quatro fisioterapeutas que tinha. Voltou atrás ontem. Mandou embora também o competente e qualificado Marcone Barbosa, que geriu o marketing do clube com eficiência, e Valdir Barbosa, um excelente profissional tanto na área de imprensa como na de diretor de futebol. E, além disso, demitiu o treinador de goleiros Robertinho, que trabalhava no clube havia 10 anos. Ora, se o salário dele era irreal para a função, por que não o chamaram para reduzir? Será que vão encontrar no mercado alguém tão competente como ele a preço de banana?

O Cruzeiro precisa se repaginar para disputar a Segunda Divisão. Há jogadores que não querem ficar. Que sejam chamados e negociados. O que não pode é o clube arcar com salários milionários, irresponsabilidade da diretoria anterior, e os caras não atuarem. Li no portal Superesportes que Dedé não quer ficar. É triste isso, pois quando ficou quase dois anos do DM por problemas no joelho, o Cruzeiro deu todo o apoio a ele, mantendo salários e seu posto no clube. Agora que caiu, ele simplesmente vai dar um adeus ao clube? É um direito dele, mas onde está a gratidão?

Carlos Alberto Parreira, técnico tetracampeão do mundo e consagrado, dirigiu o Fluminense nas séries B e C. Isso não foi demérito para ele. Ao contrário, deixou seu currículo mais nobre. Há atletas que jogaram o Cruzeiro na lama e agora querem fugir da responsabilidade. A ingratidão é um dos sentimentos mais podres da humanidade!

E não pensem os dirigentes que os meninos da base darão conta de fazer o Cruzeiro subir. Esqueçam! Para subir o Cruzeiro terá de contar com o paredão Fábio e com mais alguns jogadores experientes e vencedores. Os jovens só dão resultado quando entram em times arrumados. Vejam o caso do Flamengo. Lincoln, Reinier e outros formados na base só cresceram porque pegaram um grupo competente, experiente e arrumado.

Se os homens do conselho gestor acreditam que somente com jovens oriundos das divisões inferiores do clube irão tirar o time dessa situação, esqueçam. O futebol não é feito dessa forma. Achei que a dispensa de Egídio foi correta. Um lateral fraquíssimo ganhando fortuna. O Palmeiras, que o repatriou, o mandou de volta para o Cruzeiro e levou Diogo Barbosa, lembram-se? Pois é! E não se iludam com declarações de que há gente fazendo algo pelo clube por gratidão. No futebol, infelizmente, isso não existe. Há sempre um interesse por trás.

Não entendo a necessidade de um clube de futebol ter um diretor remunerado. Por que um presidente não liga para o outro e faz o negócio, como sempre foi nos bons tempos do futebol? Um diretor de futebol ganhar mais que um jogador, que é o protagonista, é uma vergonha. Na Europa essa figura não existe. Há, sim, os CEOs, contratados para gerir o clube, dar lucro e títulos. O futebol brasileiro está mesmo ultrapassado e retrógrado.

E para fechar, o Cruzeiro não é diferente de seus pares no Brasil. Deve muito, assim como a maioria. É só fazer uma auditoria em todos os clubes brasileiros, que talvez só o Flamengo escape, por ter arrumado sua casa. O Palmeiras, que devia pouco, hoje deve R$ 500 milhões. Por isso mesmo Vanderlei Luxemburgo assumiu com a missão de enxugar a folha, não contratar medalhão nem cometer a irresponsabilidade de gastar o que não tem. A realidade é essa – e ponto.

A diferença do Cruzeiro para os outros grandes clubes, segundo o conselho gestor, é “que o clube foi assaltado na última gestão” e a conta chegou como terra arrasada. Não há dinheiro nem para comprar papel higiênico. Dívidas astronômicas a maioria tem. Alguns cumprem o pagamento do Refis, outros, não. Por isso essa bola de neve. O dia em que os dirigentes dos clubes brasileiros tiverem responsabilidade fiscal, com certeza vão pensar 10 vezes antes de cometer atos ilícitos, pois a cadeia será o lugar deles.

O Cruzeiro continua gigante como instituição, com taças e mais taças em sua recheada galeria. Só perdeu respeito e credibilidade, que, com gente séria no comando, vai voltar em breve. Um grande pugilista pode ir à lona por alguns segundos, mas, quando se levanta, vai com força total para cima do oponente, aplicando-lhe um nocaute. Não tenho dúvidas de que o Cruzeiro vai se reerguer. Porém, precisará ter cautela, inteligência e, fundamentalmente, gente que entenda de futebol e que não gaste o dinheiro que não tem.

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