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Estado de Minas HIT

Desfile das Campeãs é festa para quem trabalhou o ano pelas escolas

No Rio, colunista da HIT acompanha de perto os detalhes das escolas e a vibração de quem está por trás da festa


28/02/2023 04:00 - atualizado 27/02/2023 20:22

foliões que foram à Sapucaí
Ver as alas de perto provoca encantamento nos foliões que foram à Sapucaí (foto: Helvécio Carlos/EM/D.A Press)

Nada mais atual para quem já passou dos 40 do que o vídeo bem-humorado da atriz Ingrid Guimarães relatando os traumas e as dores de quem, como ela, ignorou a idade para se jogar na folia. “No dia seguinte, você não consegue fazer nada. Está impossibilitada”, diz ela em dos trechos do vídeo, disponível no Instagram, onde relata suas aventuras na Bahia. Ingrid defende, com louvor, um manual no qual a turma 40+ possa se divertir e não morra no dia seguinte.

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Dias atrás, o tema carnaval e idade resultou em texto no qual eu dizia que o melhor, na minha opinião dos alto dos meus 56 anos, era acompanhar a folia em fotos ou em janela virtual que se abre em nossos smartphones. Tanto que, ao longo dos dias de carnaval, as edições foram ilustradas com fotos lindas de Leo Lara.

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Mesmo sabendo que não é fácil para os cinquentões, ignorei os sinais, do corpo e do humor virtual, e decidi, a pretexto de mostrar na pele a realidade dos foliões maduros, embarcar para o Desfile das Campeãs, no Rio de Janeiro.

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Os primeiros sinais que mostram a diferença entre a vibe da rapaziada e gerações que vieram bem antes começa no local de encontro para o traslado de Copacabana para o Sambódromo. Homens e mulheres evidenciam seus  corpos sarados e suas silhuetas com figurinos customizados, calças em lantejoulas, para eles e elas, que são o máximo da beleza no carnaval ou fora dele. Os ousados preferem modelos em tecidos com brilho e transparência. Beleza e sensualidade, cara do carnaval, que explode nas mentes criativas que estão longe dos 40 e dos 50, que, por enquanto, não passam pelas cabeças.

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Do ônibus no traslado, a vizinhança do Sambódromo mistura ambulantes que vendem de tudo, foliões no corre com as fantasias em meio a um Centro de cidade com suas construções decadentes que algum dia teve o seu momento de glamour.

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Nem precisa acompanhar os jornais para perceber que O Nosso Camarote é um dos mais badalados e, por isso, um dos maiores, o que significa multidão que se divide entre vários espaços – de shows a gastronomia. Desembarquei cedo, passava das 22h30, e foi tranquilo cruzar todo o ambiente até a frente do camarote, sem o sufoco de atravessar a multidão no fluxo.

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Foi fácil porque todo mundo que chegou cedo teve a mesma ideia que eu. O jeito foi ficar ali, no meio do povo, ora na ponta do pé, ora desviando de uma cabeça ou outra, com olhos arregalados e pernas firmes por quase três horas. Foi difícil, mas foi lindo ver a beleza e as cores das escolas. Mais ainda o entusiasmo da turma que dá duro, como o pessoal que  empurra os carros ou segue ao longo do percurso na assistência de alas. Na Beija Flor, um homem de seus 40 anos, que deve dar a vida pela escola de Nilópolis, abria um sorriso para as pessoas a cada verso do samba-enredo, que cantava a plenos pulmões. Outro grupo aproveitava a ausência do rigor dos dias nos quais os desfiles estão sob julgamento e, quando os carros alegóricos paravam, faziam o trenzinho formado pelos colegas e curtiam a noite.

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Intervalo entre uma escola e outra, os shows mostravam que essa galera 30- tem fôlego  de sobra capaz de agitar as apresentações de Anitta e Pedro Sampaio.  Não dava para parar, dar uma olhada em dois nomes que são sucesso da música. Mas, coisa da idade, a multidão sempre me causa preguiça. Na muvuca, ou você segue o fluxo ou não sai do lugar.  Mas, como justificou Ingrid em sua viagem à Bahia: “Sabe Deus quando vou voltar aqui ou se voltarei. Melhor me jogar”.

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Passava das 2h e as pernas ligaram o sinal vermelho clamando por um descanso. Mas não era a hora. “E se eu não voltar aqui”, era o mantra. E ali, na minha frente, o ator José Loreto atendendo ao pedido das fãs. Nenhum foi negado, mesmo as fãs querendo arrancar pedaços do rapaz.

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Antes da entrada da Imperatriz Leopoldinense, entreguei os pontos. Com as pernas em frangalhos, voltei para o hotel. No dia seguinte, senti o corpo como o de Ingrid, sem conseguir fazer nada e, na torcida, para que ano que vem já tenha em mãos o manual criado por ela. Afinal, como a atriz, estrutura emocional para o carnaval tenho de sobra, já a estrutura física...

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