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Estado de Minas COLUNA HIT/Francisco Malta/Ator, roteirista e diretor

'De folha em flor', longa com roteiro de Francisco Malta, estreia em abril

Ator, roteirista e diretor mineiro diz que filme leva o público infantil para o mundo lúdico do faz de conta. 'As crianças estão conectadas demais', adverte


22/02/2021 04:00

(foto: Acervo pessoal)
(foto: Acervo pessoal)

Francisco Malta era adolescente quando chegou a BH, vindo de Santa Maria do Itabira. Aos 15 anos, iniciou sua carreira nos palcos. Foi aluno do NET e do Teatro Universitário da UFMG. Atuou em “Blue jeans”, dirigida por Fernando Couto e Márcio Machado, entre outras peças. “Foi um sucesso absurdo”, recorda. Aos 19, seguiu para o Rio de Janeiro em busca do sonho de trabalhar na televisão. 

Os primeiros trabalhos dele na TV foram “Você decide” e “Angel mix”, as novelas “Uga uga” e “Senhora do destino” e a série “Chiquinha Gonzaga”. O mineiro também lançou os livros “A loira do Bonfim”, “Da palavra à imagem: o processo de adaptação literária para o audiovisual” e “Roteiro e personagens”.

“Minhas fontes são sempre os clássicos. Aristóteles é meu mestre, o meu guia. Não ando sem ele e Machado de Assis por nada”, diz.

Malta tem no currículo 15 curtas e três longas. A supervisão de roteiro do curta “Através dos sentidos” (2019) representa um marco para ele. “Fui convidado por Cátia Castilho (idealizadora do filme) e Gilson Nascimento (diretor). É um trabalho muito significativo em minha trajetória, foi realizado com o grande Milton Gonçalves, lenda viva da TV, uma das pessoas mais educadas que já encontrei na vida. Ficar ao lado dele conversando é um aprendizado”, afirma. 

“De folha em flor”, com estreia prevista para abril, é o seu segundo roteiro, parceria com Flávia Cortes. Também é seu segundo longa para as crianças. O que o atrai no universo infantil?
Foi uma honra dividir o roteiro com a Flávia Cortes, uma referência para mim como escritora infantil. O mais rico no processo de escrita para crianças é poder usar e abusar da fantasia, da nossa imaginação. É um universo em que cabe tudo, que faz aflorar meu lado lúdico. A criança é muito sincera, não aceita ser enganada. Quando você cria uma situação, ela precisa ser crível para aquele universo; caso contrário, a criança não vai embarcar na fantasia. “De folha em flor” aborda a questão da sustentabilidade como pano de fundo.

De onde vem a sua inspiração?
Minha inspiração vem principalmente da literatura, sempre. E das histórias que ouvia quando criança. Ser mineiro traz esse lado contador de histórias, pois a gente adora um bom causo. O desafio é não levar a narrativa para algo relacionado à tecnologia, visto que hoje as crianças estão conectadas por tempo demais. Busco levá-las para dentro do faz de conta, fazer com que esse tempo seja dedicado a viver naquele universo paralelo, lúdico e especial.

No ano passado, “Uma tia da pesada”, seu longa de estreia, chegou à TV...
Luan Moreno é um jovem diretor muito talentoso, foi meu aluno na universidade. Prometemos trabalhar juntos no futuro. A proposta partiu dele, e me vi desafiado a escrever para um universo que nunca tinha explorado. Como roteirista, acho importante transitar e conversar com diferentes gêneros e públicos. O menino que há em mim ficou feliz de poder voltar a fazer travessuras. Minha infância foi marcada por boas leituras, como os livros do Pedro Bandeira, da Coleção Vagalume e da Sylvia Orthof. Isso me levou a descobrir Bernardo Guimarães, Guimarães Rosa e Machado de Assis. No filme, há um livro fictício, o “Livro D’Ouro”, que pertenceu a dom Pedro I. Tamara Taxman faz com tanta propriedade a tia, que adoraria ser vizinho dessa personagem.

Como você vê o atual cenário cultural do país?
O momento da cena cultural no Brasil é lamentável. Este desgoverno é um retrocesso. Elegeram um ignorante em todos os sentidos, que não vê valor na educação e na cultura, e parte da população que sonha com a volta da casa-grande e da senzala ainda o apoia. Na verdade, educação e cultura nunca foram tratadas como prioridades no Brasil. Mas esta é a nossa função como artistas: resistir. Literatura é resistência, pois provoca a reflexão. O que podemos perceber nitidamente, porque os ditadores se sentem incomodados com a arte.

Quais são os desafios do audiovisual no pós-pandemia?
No Brasil, o setor sempre precisou enfrentar desafios. Muita coisa mudou e vai ficar definitivamente. Sempre gosto de listar o lado positivo das coisas. As pessoas perceberam que certas reuniões não precisam ser presenciais, que um ensaio pode ser feito a distância, pois isso otimiza o tempo e a agenda de muitos profissionais. Por outro lado, ampliou a exigência por profissional mais capacitado, aquele mais flexível, que atenda a muitas demandas. Você precisa entender de produção, roteiro, captação, direção, etc. Como roteirista, trabalhei em todos os departamentos, e isso facilita muito o processo de escrita. Para mim, o audiovisual é sempre um trabalho em equipe. Um departamento depende do outro para contar a história. No pós-pandemia, no quesito roteiro, serão necessários elenco reduzido, um ou dois cenários e muita criatividade. Neste momento, escrevo meu terceiro longa infantil e busco fazer mais com menos. É preciso que nossos governantes não vejam os artistas como inimigos. Nunca a arte foi tão importante na vida das pessoas. Fez-se necessária uma pandemia para percebermos isso. O que seria deste isolamento social sem séries, lives, peças virtuais, livros, telenovelas? Íamos morrer, sim, mas de tédio.

Você assinou a supervisão de roteiro e direção do documentário “Um jardim singular”, único filme brasileiro exibido no Museu de Arte Moderna de Nova York, o MoMA, em 2019.
A diretora e produtora Mônica Klemz trouxe a ideia. Ganhamos o edital da Secretaria Estadual de Cultura aqui do Rio de Janeiro e o projeto já nasceu assim, vitorioso. Conquistamos mais de 15 prêmios no Brasil e no exterior. Passamos por mais de 40 festivais pelo mundo. O documentário fala sobre o jardim do Palácio do Catete, e a Mônica Klemz foi costurando isso com a história do Brasil. 

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