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Estado de Minas COLUNA HIT

Dias de luta, dias de glória

O professor Tiago Belotte defende, no 'Diário da quarentena', que 2020 não foi um ano perdido


08/10/2020 04:00

Tem quem insista nessa tese, mas eu sou contra. Não é por teimosia ou por ser de um signo que tem como necessidade discordar. É por respeito.

Respeito a cada uma das pessoas que teve este como o último ano de suas vidas. Que escreveram histórias feitas de momentos felizes, tristes, alegres, dolorosos, e que, em sua última parte, foram tecidas com bravura. Dois mil e vinte é o ano que tem a honra de contar o último trecho deste ciclo de suas histórias. É marco temporal na vida delas e de todos que as amam.

Respeito às pessoas que trabalham em hospitais e demais serviços de saúde. Talvez tenha sido o ano em que mais tenham transbordado horas extras e lágrimas em suas vidas. Gente acostumada a lidar com a doença, com a morte. Mas que enfrentou essas duas coisas numa outra ordem de grandeza. Que reconhece: a vida é mesmo um sopro. Mas sofreu por ver quem não tivesse ar para um último suspiro. Por terem experimentado, 
dia a dia, que a inteligência é atributo que nos faz humanos, mas é o afeto que confirma a nossa humanidade.

Respeito a todas as pessoas que trabalham na educação. Que se reinventaram da noite para o dia. Que se tornaram redatoras, videomakers, youtubers, especialistas em ensino a distância. Que acolheram estudantes e famílias em áudio, texto ou vídeo. Por conferência ou mensagem de WhatsApp. Pessoas que, talvez antes de todos nós, já sabiam que dois mil e vinte não era sobre se a criança vai aprender a ler, se vai aprender a multiplicar ou passar no Enem. É sobre ser resiliente, adaptável, independente, forte. Competências que farão diferença em todos os outros anos de sua vida.

Respeito a você. Você que, assim como eu, o seu vizinho e aquela pessoa que nenhum de nós dois conhecemos, teve que lidar com perdas, frustrações, dores e derrotas. Só você sabe as forças que precisou criar, as habilidades que precisou desenvolver e os pratinhos que precisou girar para continuar se levantando em cada novo dia deste ano.

Tem como dizer que de dois mil e vinte não levaremos nada?

A jornada do herói – teoria que explica a linha narrativa dos filmes, séries e livros que mais encantam as pessoas – é feita de picos e vales. Chorão chamaria de dias de luta e dias 
de glória.

Nas histórias, individuais e coletivas, os momentos mais difíceis que primeiro são lembrados.

Da vida da minha mãe, eu sei de cor os momentos mais duros, sofridos e que me dão vontade de voltar no tempo para estar lá e abraçá-la. E são justamente esses momentos que me fazem admirá-la mais.

Se alguém disser pra você que este foi um ano perdido, faça uma coisa pelos que se foram, por suas famílias, pelos profissionais da saúde, pelos professores. Faça por mim, por você e por cada pessoa que atravessou o desafio de estar vivo em dois mil e vinte. Diga que não. Responda que este foi um ano lutado e aprendido. Que fará diferença na forma como viveremos o próximo e todos os outros anos da nossa vida.

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