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Estado de Minas DA ARQUBANCADA

Qualé, Zé? O Cruzeiro é nóis!

Ele não era o nome. Zé Ricardo se tornou o nome. Por questões técnicas, sim, mas principalmente, comerciais


08/09/2023 04:00
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Zé Ricardo em palestra com os jogadores do Cruzeiro
Zé Ricardo assumiu o comando do Cruzeiro após a demissão de Pepa (foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro)
A sinceridade e o respeito são cruciais para consolidar a confiança em qualquer relação. Seja ela familiar, amorosa, profissional ou no caso em questão, entre a diretoria do Cruzeiro e o maior patrimônio do clube: nós, torcedores. Tardou, mas essa postura foi adotada nesta semana, quando da troca de treinadores.

O diretor de futebol do Cruzeiro, Pedro Martins, fez uma fala marcante ao dizer talvez o óbvio, mas de uma maneira direta e provocadora de uma reflexão profunda, inclusive, por parte da torcida: "Qualquer troca de treinador precisa ser encarada como uma derrota". Pode ser algo evidente sim, mas um gestor vir a público admitir falhas dessa maneira é digno de destaque e cumprimentos.

A mesma sinceridade que o atual dono da SAF Cruzeiro, o empresário Ronaldo Nazário, usou em uma entrevista de julho deste ano, conduzida pelo maior rapper brasileiro de todos os tempos, Mano Brown. No 11º episódio da quarta temporada do podcast "Mano a Mano", Ronaldo foi contundente em expor seu pensamento: na atualidade, a qualidade dos técnicos brasileiros é muito inferior à dos estrangeiros, principalmente - segundo ele - dos portugueses.

O "escolhido" pelo staff de Ronaldo para substituir o português Pepa foi um técnico brasileiríssimo, de apelido popular que não deixa dúvidas. Um Zé, como nós!

A chegada de Zé Ricardo foi tratada pela SAF como coerência e estratégia interna; uma decisão fruto de uma longa análise dos seus "pensadores". Nem ao céu, nem à terra.

Ele não era o nome. Zé Ricardo se tornou o nome. Por questões técnicas, sim, mas principalmente, comerciais: era barato, pois estava em baixa e sem necessidade de quebra de vínculo contratual - leia-se, pagamento de multas. Além da pressão dos clientes da SAF (a torcida), que tenderia a crescer ainda mais após o "não" do treinador com o perfil coerente com a fala de Ronaldo, o argentino Gabriel Milito.

Por outro lado, a vinda de Zé Ricardo foi sim coerente e também sincera por parte da diretoria. O primeiro indício é o fato de ter o mesmo perfil de trabalho tático-técnico do português Pepa. Defesas sólidas e transições rápidas para, em um contra-ataque, beliscar uma vitória, que seja, com um gol solitário. Seu histórico nos clubes brasileiros por onde passou - Vasco, Botafogo, Flamengo e Internacional - corroboram com essa comparação.

Na atual situação do Cruzeiro no campeonato, é dessa sinceridade que necessitamos.

Assim como no início do Brasileirão, quando vínhamos de um fiasco no campeonato estadual, agora também, a fragilidade do nosso elenco é uma fratura exposta. Ficou muito claro não passar de lampejo, o bom desempenho das primeiras rodadas, quando até beliscamos a vice-liderança.

Nossa realidade será mesmo escapar do Z4 e no máximo, buscar uma vaga na Copa Sul-Americana de 2024. O que, reitero, seria uma grande "conquista", pois nos daria a chance de voltar a disputar uma copa continental, como aconteceu com a Supercopa, no momento final de redenção da década de 1980.

Em um país onde o uso de Power Point se popularizou como estratégia criminosa de promotores e juízes-políticos, ver a SAF Cruzeiro abandonar as palestrinhas "sapatênis" e colocar a cara para boleiro bater, como fez Pedro Martins, já é um alívio. Assim como a escolha (sincera ou comercial, não importa) por um Zé, simbolicamente, já nos diz algo.

Querendo ou não, inventando uma desculpa esfarrapada para exaltar a "escolha" de Zé Ricardo ou não, fato é que a diretoria da SAF Cruzeiro se moveu após os protestos dos seus clientes - a torcida cruzeirense - e buscou um novo caminho para o restante da temporada mais importante da década.

Se depender desse rabiscador, nós, os Zés das arquibancadas, estaremos com o Cruzeiro do Comandante Zé.

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