
Se, em 2020/2021, o presidente do clube sumia para não dar satisfação aos jogadores e funcionários do clube sem salários, como revelaram recentemente ex-jogadores, a nossa SAF parece seguir a mesma cartilha em relação à torcida e à imprensa - aqui, leia-se jornalistas que não aceitam jabás, e não "influencers" ou "comunicadores", muitos desses regados a mimos ou patrocínios casados com o clube.
Voltando às práticas da diretoria anterior, mesmo representando uma torcida de nove milhões de pessoas de todas as classes sociais - em sua maioria, de baixa renda -, dentro da SAF se manteve uma prática nefasta e segregacionista: a de privilegiar uma categoria de sócios-torcedores destinada aos de maior poder aquisitivo quando o tema é o diálogo verdadeiro e a prestação de contas.
O próprio Comitê de Torcedores, iniciativa reconhecida, festejada e aplaudida, parece mesmo - infelizmente - ter o fim temido: o de ser apenas um jogo de cena para aplacar crises de comunicação. Passado um mês de funcionamento, a diretoria do clube renegou seus respeitados integrantes - e por mim, admirados - a um vernissage de fantasia para mascote.
Esse silêncio seletivo soa como flerte à cultura repugnante do sapatênis, para desonra da classe operária de imigrantes italianos que fundou um clube popular e democrático para chamar de seu em 1921.
Lá pelas bandas da Turma do Sapatênis, mesmo o Atlético de Lourdes sendo sustentado pelos Bilionários do Brasil Miséria, a cada resultado negativo, insistem na prepotência de jogar a culpa na arbitragem ou no "sistema", como se ele não fosse operado pelos próprios ricaços. De cá, não tem sido muito diferente.
Bom relembrar o chilique dado por nosso atual mandatário às primeiras e democráticas críticas vindas da torcida raiz ao desempenho pífio no início da temporada.
Bom relembrar o chilique dado por nosso atual mandatário às primeiras e democráticas críticas vindas da torcida raiz ao desempenho pífio no início da temporada.
E o que falar desse eterno "quase" dentro dos gramados? Justiça seja feita, a SAF foi em busca de bons nomes para o restante da temporada. Trouxe reforços pontuais que rapidamente deram provas da capacidade de qualificar o time, como Lucas Silva e Arthur Gomes.
Porém, não temos mais tempo para esperar que esse bom padrão de jogo continue a ser inoperante quanto aos resultados. Chega a ser patética a comemoração - e o silêncio da diretoria da SAF - por jogarmos melhor contra o Palmeiras do que contra o Goiás se, no final, o placar foi o mesmo: derrota.
Porém, não temos mais tempo para esperar que esse bom padrão de jogo continue a ser inoperante quanto aos resultados. Chega a ser patética a comemoração - e o silêncio da diretoria da SAF - por jogarmos melhor contra o Palmeiras do que contra o Goiás se, no final, o placar foi o mesmo: derrota.
"Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles que gostam." A frase do filósofo Platão é boa analogia para refletirmos sobre o perigo de a torcida do Cruzeiro - sempre apaixonada, presente, alegre e maior de Minas Gerais - abrir mão ou se constranger por cobrar a atual diretoria do clube.
Quanto àqueles "que gostam de governar" sob a égide do silêncio seletivo, do flerte com o sapatênis e do eterno "quase" (no Z-4), lamento desagradá-los, mas sigo do lado dos que não nasceram para ser gado ou massa de manobra.