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Estado de Minas DA ARQUIBANCADA

Coincidência? Claro que não! Corpos físicos se separam; almas, não

"Quatro anos após aquela experiência vivida por mim e pelo Rafa no Mineirão, em 2019, o Cruzeiro volta a disputar a Série A do Campeonato Brasileiro"


08/02/2023 04:00 - atualizado 08/02/2023 10:39

O garoto Rafa acompanhou o jogo do seu Cruzeiro contra o América, no fim de semana, no Mané Garrincha, pelo Campeonato Mineiro
O garoto Rafa acompanhou o jogo do seu Cruzeiro contra o América, no fim de semana, no Mané Garrincha, pelo Campeonato Mineiro (foto: Álbum de família)

Arthur Andrade*

No dia 6 de abril de 2019, dois meses e dois dias após o falecimento do meu pai (Leonardo, um cruzeirense apaixonado, nascido em 1947, que nos deixou em 4 de fevereiro de 2019), levei meu filho, o Rafa, pela primeira vez ao Mineirão, para compartilhar a paixão pelo Cruzeiro que dividia com meu pai.

Ao falar da experiência com o amigo Gustavo Nolasco, ele acabou publicando um texto que fiz relatando a minha experiência, o que se tornou uma grande homenagem ao meu pai. O jogo era Cruzeiro e América, com vitória do Cabuloso por 3 a 0 (gols de Leo, Fred e Rafinha).

Mal sabia eu que, ao final daquele ano, além do meu pai, faleceria também o “Incaível” (a propósito, alguns cruzeirenses apaixonados sucumbiram após aquela trágica queda do Cruzeiro para a Série B; Salomé e Pablito entre eles).

Aquela experiência de levar o Rafa pela primeira vez ao Mineirão fora marcante para mim. Confesso que os três anos que se seguiram ao rebaixamento foram menos intensos, “cruzeiristicamente” falando, pelo fato de morar em Brasília. Esse era, inclusive, o motivo de um certo “remorso” que havia relatado naquele texto: estar distante de Belo Horizonte e não poder assistir aos jogos do Cruzeiro no estádio nos fins de semana.

Quatro anos após aquela experiência vivida por mim e pelo Rafa, no Mineirão, em 2019, o Cruzeiro volta a disputar a Série A do Campeonato Brasileiro. E com ele, eu e o meu filho voltamos a vivenciar uma experiência mágica, transcendental, FENOMENAL…

No texto publicado em 2019, eu disse: “(…) o amor a um time de futebol cria um vínculo especial entre pai e filho. Para mim é como um segundo encontro de almas! Comigo foi assim, tanto como filho quanto agora, como pai”.

E, mais ao final do texto, fiz a seguinte reflexão: “O resultado do jogo apenas coroou o momento. Ter um gol do (zagueiro) Leo no jogo também não foi obra do acaso... Foi uma forma de o Leo, meu pai, atestar que estava ali, junto de nós. Após a experiência, confesso sentir um certo remorso por não poder compartilhar momentos como esse todos os fins de semana, por estar distante de Belo Horizonte”.

No último sábado, 4 de fevereiro de 2023, exatamente quatro anos após a sua morte, meu pai procurou uma forma de, novamente, atestar que está junto de nós. Se naquela oportunidade eu lamentava não poder viver momentos como o relatado, por morar em Brasília, ele fez com que os mesmos Cruzeiro e América, no ano em que o Cabuloso retorna à Série A, jogassem em Brasília e eu e o Rafa tivéssemos a oportunidade de assistir ao jogo com ele, o nosso saudoso cruzeirense.

Ao contrário do que mostrou o placar, posso dizer que eu e o Rafa saímos, mais uma vez, vitoriosos, pois pudemos torcer e cantar pelo Cruzeiro em um estádio de futebol, junto com meu pai.

O fato é… Corpos físicos se separam; almas, não!

Antes de terminar este meu texto, peço respeitosamente licença ao Das Quebradas e aos familiares de Salomé e Pablito para compartilhar a minha versão de um trecho da música entoada pela torcida do Cruzeiro:

“Cruzeiro, Cruzeiro amado,
O meu pai Leonardo,
Do céu também vai cantar!”

*Itabirano, residente em Brasília, cruzeirense nas boas e nas más. Escrevendo esta coluna a convite do jornalista Gustavo Nolasco

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