
Bruno Bueno *
A maior torcida de Minas iniciou a semana derramando lágrimas. Partiu, de forma prematura, o jornalista Neuber Soares, que defendia o Cruzeiro na bancada democrática do Alterosa Esportes e escrevia a crônica semanal cruzeirense no extinto ''Diário da Tarde''.
Neuber, sempre de maneira irônica e elegante, lembrava diariamente aos leitores e telespectadores a incontestável superioridade celeste no estado, mesmo antes de nos tornarmos bi da Libertadores, tetra do Brasileirão e hexa da Copa do Brasil. A partida de Neuber martela em nossa cabeça como o ano de 2021 tem sido duro para o torcedor cruzeirense.
Duro também é ver, na maior crise da história do clube, no momento em que constatamos que 2022 também será vivido na série B, salários de funcionários e jogadores estão atrasados e uma greve inédita na história do Cruzeiro acontece, o presidente está viajando pela Europa. Nesse caso, pouco importa se na viagem foram tratados assuntos ligados ao Cruzeiro.
O presidente de um país não vai para o exterior em meio a um desastre natural, a uma onda de protestos, a um atentado, a um acidente industrial ou a uma situação de calamidade pública. Isso é o básico do administrar, do gerenciar, do cuidar.
Quando uma crise dessas proporções acontece, o mandatário tem que estar próximo, vivendo o dia a dia do clube, dando a cara a tapa. Não dá pra entrar em um avião, largar a confusão pra trás e, enquanto funcionários passam por dificuldades financeiras, sair gastando em euros num momento em que o real vale menos que a salinha de troféus do rival. É errado do ponto de vista administrativo, é feio do ponto de vista ético e simbólico.
Esperamos que verdadeiros cruzeirenses, como Pedrinho do BH e outros empresários, nos salvem de mais esse tsunami, até que sejamos administrados com mais competência e responsabilidade.
De resto, é preciso enaltecer o trabalho de Vanderlei Luxemburgo, que visivelmente está construindo um time mais competitivo e com atitude digna de quem veste uma das mais pesadas camisas do futebol mundial.
Luxa, além de dar padrão tático ao Cruzeiro, incutiu nos atletas espírito de luta e entrega, e resgatou o bom futebol em jogadores que andavam meio apagados, mas que têm muito a entregar, como Matheus Pereira, Adriano, Thiago e Rômulo. Com algumas substituições de peçase salários do clube em dia, Luxemburgo e Fábio têm plenas condições denos reconduzir à Série A em 2022.
Por fim, enquanto novas glórias não chegam – subiremos no ano que vem, mas ainda demoraremos alguns anos para brigar por títulos de peso – o que nos resta é recordar as inúmeras conquistas que nos colocam ano-luz à frente de qualquer outro time mineiro. Há três anos, oCruzeirão calava o Itaquerão e conquistava a sexta Copa do Brasil.
Ninguém no Brasil tem mais que a gente. Em Minas, então, é covardia: oplacar de copas do Brasil está em 6 a 1 pra nós.
Descanse em paz, Neuber! Vai resenhar nas alturas com Ninão, RobertoBatata, Felício Brandi, Perfumo, Moraes, Padre Américo Taitson, PlínioBarreto e Dona Salomé...
* Jornalista, cruzeirense nas boas e nas más. Escrevendo esta crônica aconvite do colunista Gustavo Nolasco
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