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Estado de Minas DA ARQUIBANCADA

No centenário, devoção da torcida do Cruzeiro foi como gol de placa

Em Belo Horizonte, por Minas e pelo mundo, os cruzeirenses reverenciaram o aniversário emblemático de uma instituição gigante


06/01/2021 04:00


Ao primeiro giro do relógio na madrugada de 2 de janeiro de 2021, ouviu-se uma explosão de vozes vindas do Barro Preto. O Palestra/Cruzeiro aplicava a primeira goleada do seu segundo centenário, mesmo sem colocar em campo nem um jogador sequer. Uma enxurrada de alegria, como uma sequência de gols, ocorreu ali mesmo nas ruas. Os tentos não foram anotados por um atacante clássico ou trombador. Tampouco de bola parada ou jogada ensaiada. Eles foram marcados por uma legião chamada Torcida Cruzeirense. O mais valioso patrimônio de todo o futebol mineiro. Quase uma dezena de milhões de craques. Gente capaz de fazer do coração um gramado mágico por onde o time estrelado pulsa e baila.

A peleja se iniciou um pouco antes, nas horas finais do primeiro centenário. A sequência daquilo tudo será lembrada para sempre como o coroamento de uma história de superações escrita pelo povo. Por isso mesmo, não seria genuíno se não viesse dele a iniciativa de parar uma cidade para dizer “parabéns, meu amado gigante!”.
 
 
Um dos pontos de celebração da festa azul foi no templo onde houve as maiores conquistas da Raposa, o Mineirão (foto: CRUZEIRO/DIVULGAÇÃO)
Um dos pontos de celebração da festa azul foi no templo onde houve as maiores conquistas da Raposa, o Mineirão (foto: CRUZEIRO/DIVULGAÇÃO)
 
 
Como bem escutei do amigo e mestre Gui Lanna, a verdadeira história do clube não pode ser resumida a um livro, filme ou reportagem especial. Ela está na vida de cada torcedor. Por isso mesmo, não é uma só, são várias e vivas. Cada qual com sentimentos próprios, lembranças únicas e modos especiais de amar o Cruzeiro Esporte Clube.

Na madrugada do último sábado, o primeiro capítulo de todas essas histórias cruzeirenses foi escrito. Em Belo Horizonte, Brasília, Mariana, Massachusetts, Montes Claros, em todo e qualquer canto desse universo onde um cruzeirense está. Na capital das Minas Azuis Gerais, em especial, a alma foi lavada e embalada com cânticos e luzes. Como se as estrelas, por reconhecimento, derramassem lágrimas de gratidão sobre os mantos sagrados das torcedoras e dos torcedores. Quando a alvorada veio, foi o céu quem azulou para participar da festa. Afinal, se aqui na Terra somos milhões, nele estão outros tantos, de Salomé a Felício Brandi.

O mar, mesmo a milhares de quilômetros de distância, quis dizer “parabéns” ao Cruzeiro. Fez-se representar por ondas gigantescas de gente pelas ruas e avenidas. O vento também cortou o ar para festejar o primeiro centenário e dar boas-vindas ao segundo. Soprou a história do Palestra Italia por bandeirolas vermelhas e verdes. Assim, fez cada esquina de Belo Horizonte se lembrar de que os operários, trabalhadores e imigrantes não construíram apenas casas, prédios e praças públicas. Eles fundaram também um clube democrático, no qual todas as raças finalmente se juntaram para jogar futebol-arte.

Daí por diante, foi presenteando sua terra com feitos heroicos e imortais. Do Palestra/Cruzeiro saíram os primeiros jogadores brasileiros “exportados” para a Europa; os mineiros convocados para as seleções brasileira e italiana, e os primeiros títulos nacionais e internacionais. E a torcida? Simplesmente se tornou a maior fora do eixo RJ-SP, e assim permanece.

Fechamos o primeiro centenário com uma história imbatível. Iniciamos o segundo em situação difícil, num lugar estranho ao legado de conquistas. Mas quem tem a torcida do Cruzeiro sabe bem o tamanho da vitória ao final de cada superação. No que depender dela, sempre será de goleada.


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