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Novo-velho estatuto contrário à história do Palestra/Cruzeiro

Batata! O novo (será?) estatuto, apesar dos avanços em relação à responsabilização dos dirigentes, veio com os esperados vícios de origem e privilégios


11/11/2020 04:00 - atualizado 10/11/2020 23:43

Paulo César Pedrosa, atual presidente do Conselho Deliberativo e apoiador da gestão Wagner Pires de Sá, sai em defesa da proposta do novo (será?) estatuto(foto: Tulio Santos/EM/D.A Press %u2013 21/5/20)
Paulo César Pedrosa, atual presidente do Conselho Deliberativo e apoiador da gestão Wagner Pires de Sá, sai em defesa da proposta do novo (será?) estatuto (foto: Tulio Santos/EM/D.A Press %u2013 21/5/20)

Ao olhar para a tela branca, peguei-me a pensar sobre algo potente para me tirar da cuca a vontade de discorrer sobre um tema espinhoso. Poderia resenhar sobre o empate com o Bugre campineiro, comemorado por uns e lamentado por mim. Ou entrar na polêmica volta do Vovô Sóbis. Até mesmo contar mais um capítulo da nossa linda história centenária. Mas nada disso me seduziu. Mantive a convicção da necessidade de jogar luz sobre algo que nós, torcedores de arquibancada, não podemos nos esquecer, por mais que seja esse o desejo de alguns conselheiros do Cruzeiro. Trata-se da assembleia geral do Conselho Deliberativo, no dia 19, convocada para apreciar a proposta de um novo estatuto (novo? será?), elaborada sem uma discussão ampla, democrática e realmente participativa dos sócios, sócios-torcedores e torcedores de arquibancada, esses que sustentam com amor e seus bolsos o clube.

Há duas semanas, alertei. Quando figuras como Paulo César Pedrosa, atual presidente do Conselho Deliberativo e apoiador da gestão Wagner Nonato Pires Machado de Sá, sai em defesa da proposta do novo (será?) estatuto, nós, torcedores deveríamos desconfiar e não baixar a guarda.

Batata! O novo (será?) estatuto, apesar dos avanços em relação à responsabilização dos dirigentes, veio com os esperados vícios de origem e privilégios, como o sistema antidemocrático e higienista de votação. O presidente do Cruzeiro continuará sendo eleito de forma indireta, ou seja, sócios comuns, que pagam o mesmo valor de mensalidade dos tais conselheiros, continuam sem direito a voto. Já o sistema de “castas” do Conselho também fica. Bem aos moldes de 1.600 anos antes de Cristo.

E o sócio torcedor? Ah, esse, agora, em troca de sustentar financeiramente essa estrutura arcaica, ganhou um “espelhinho”, aos moldes dos portugueses junto aos índios: 150 deles serão ungidos à casta mais rasa, e mesmo assim, se o valor do seu dízimo for o mais alto.

Manter essa estrutura antidemocrática, higienista e protetora de privilégio é uma demonstração de ignorância para com a história revolucionária da formação do Palestra/Cruzeiro, onde nasce primeiro a torcida de trabalhadores e imigrantes. Dela, surgem os amantes e praticantes do futebol. E só depois, se busca a ajuda para fundar o clube e formar seu corpo diretivo e de associados, que nada mais eram do que TORCEDORES DE FUTEBOL.

“Quando foi fundado, em 1921, o Palestra era um clube de futebol. Isso demandava receitas e foi feito um grande trabalho de convencimento dos torcedores e da comunidade italiana para que ajudassem na manutenção do time. Essas pessoas se tornaram os primeiros associados. Passaram a ter direito a assistir jogos de futebol, bem como eleger os futuros dirigentes. Nascia ali o Sócio do Futebol. O clube como atividade social só surgiu aproximadamente 20 anos depois, com a construção da piscina e eventos culturais no Barro Preto. Sendo assim os sócios de futebol são os verdadeiros e legítimos representantes do clube”. Reflito sempre sobre essa análise do Marcus Barreto, conselheiro e filho do maior cronista do Palestra/Cruzeiro, Plínio Barreto.

Não são poucos os casos de torcedores dedicados a trazer mais associados para o Palestra Itália. Fúlvio Fantoni, Antonio Scarpelli, Aquiles e Tolentino Miraglia, Mário Pace, Alfredo Noce, Antonio Falci, os Bambirras, os Costas, os Nicolais e tantos outros se dedicaram não a restringir direitos de sócios ou criar meios de censurar as vozes dos torcedores. Ao contrário, honraram a vocação do Palestra/Cruzeiro de ser o TIME DE FUTEBOL dos trabalhadores e de todos.

Suspirando por esse passado e voltando a olhar para a proposta do novo (será?) estatuto, fica a sensação de que, para ele representar a perfeita antítese da magnífica história do Palestra/Cruzeiro, só faltou, a quem a elaborou, incluir mais um artigo: “Para ser conselheiro, passa a ser obrigatório o uso do sapatênis”.

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