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Estado de Minas DA ARQUIBANCADA

Cruzeiro em busca da reação que unifique de vez a torcida

Partida contra o Brasil de Pelotas tem de significar a volta por cima na Série B. Mais do que nunca, o time precisa de apoio e união


02/09/2020 04:00

O Cruzeiro precisa reencontrar urgentemente o caminho das vitórias, como na estreia, diante do Botafogo-SP (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
O Cruzeiro precisa reencontrar urgentemente o caminho das vitórias, como na estreia, diante do Botafogo-SP (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)


Na arquibancada se inicia uma discussão sobre o desempenho do time, que logo se transforma numa briga entre dois torcedores vestidos com a camisa do mesmo time. Uma tirada de sarro após um jogo pegado, no campinho de terra do bairro, termina numa batalha de socos e pontapés entre dois amigos inseparáveis. Dividindo a mesma cama, um casal apaixonado passa dias sem trocar nem sequer olhares por conta de uma brincadeira infeliz sobre a aparência de um deles. No jantar, o irmão profere palavrões para adjetivar a irmã adolescente por namorar um menino de sua turma. Quem aqui não vestiu a carapuça por se ver personagem em ao menos uma dessas situações dentro da própria família, círculo de amizades ou torcida?

Tomo a iniciativa de ser o primeiro a me declarar “culpado”. Eu, um dos seres humanos mais falhos que já conheci nessa terra redonda – ou plana para alguns quadrados –, cai nessa tentação após a derrota para o América “Caostela do Adão de Lourdes” Mineiro. Inconformado, disparei xingamentos, tweets, dedos apontados e idiotices, frutos de uma inconsequente passionalidade. Pedi Dorival Júnior no intervalo da partida; questionei colegas de profissão; joguei a toalha quanto ao futuro do Cruzeiro na competição e apoiei o pessimismo.

Bastaram alguns dias para acalmar o coração celeste, judiado pelos últimos resultados, e logo me percebi ateando fogo na minha própria casa. Motivado por uma máxima popular: da família, amigos e time, eu e os meus podemos falar mal, mas se os desaforos, críticas e escárnios vierem de outra torcida ou grupo externo, nos unimos para nos defender do atrevimento.

Hoje, às vésperas de mais uma peleja, tomei esses rabiscos para redigir meu atestado de mea-culpa. Bem sei, não será o primeiro e tampouco o derradeiro dos meus arroubos por não me conformar com uma má atuação do nosso escrete ou por uma teimosia de um treinador.

Poderia preencher um caderno inteiro com as minhas cornetadas ao longo dos meus 40 e poucos anos de cruzeirense, mas basta-me relatar três delas para requerer meu perdão no confessionário. A primeira foi em 2001, quando, sentado próximo à esposa do ídolo Sorín, vi o Cruzeiro dar um vexame e perder por 3 a 1 para o Ipatinga. Perdi a paciência e xinguei o craque – em portunhol – por tentar um passe de calcanhar. A segunda foi num jogo do Brasileirão de 2003. Sim, eu gritei contra Alex por estar andando no meio-campo (dois minutos depois, ele fez uma jogada de gênio, selando a nossa vitória e me levando a engolir a língua). Por fim, em 2017/2018, vivi uma bipolaridade ao conviver com o insuportável Manobol, mas me derramar em lágrimas de alegria, no Itaquerão, agradecendo por me dar aquele hexa da Copa do Brasil.

Tudo isso me faz olhar para a frente e entender o quanto o Cruzeiro precisa agora de uma família unida. De uma torcida blindando os fatores externos para que o nosso barco tenha tempo e tranquilidade para cruzar as águas turbulentas.

Hoje é dia de Cruzeiro. Não consigo nutrir nenhum sentimento de tristeza ou desesperança quando penso no meu escrete entrando em campo contra o Brasil de Pelotas, seja como favorito ou em situação de extrema dificuldade na tabela. Em meu peito apenas o amor por ele, o desejo de apoiá-lo, de dar meu voto de confiança ao projeto de retomada de nosso lugar na história. Logo mais, precisamos de foco para que a energia negativa vinda de fora sirva para nos deixar ainda mais abraçados em família, amigos e numa Nação Azul.

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