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O ódio ao Cruzeiro serve de muleta para a história de fracasso do clube de Lourdes

Cronista nostálgico deixa de lado o futebol-poesia, relembrando a trajetória centenária do Cruzeiro, para responder presidente do arquirrival


postado em 27/05/2020 04:00 / atualizado em 26/05/2020 23:33

Sérgio Sette Câmara, presidente do Atlético(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Sérgio Sette Câmara, presidente do Atlético (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)



Cruzeiro x Palmeiras. 27 de maio de 2021. Mineirão. Primeira rodada do Campeonato Brasileiro. Os jogadores dos dois escretes entram em campo com a bandeira dos seus respectivos Palestras. A fumaça azul sobe, encobrindo o verde do gramado. Fábio é aguardado no círculo central. Vai receber, das mãos de Tostão e Dirceu Lopes, uma placa comemorativa por ter sido o atleta que mais vestiu o manto sagrado nos 100 primeiros anos do Cruzeiro Esporte Clube. Com o corpo pintado de celeste e branco, 60 mil cruzeirenses, em lágrimas de emoção, cantam o hino composto pelo maestro palestrino Jadir Ambrósio. O gigante volta à Séria A.

Sou nostálgico crônico. Amante de um passado onde existia o futebol-poesia. Sendo cruzeirense, posso me dar a esse luxo, pois temos uma história verdadeiramente feliz. Mas uma semana após a eleição de Sérgio Santos Rodrigues como o 35º presidente do clube, me peguei divagando sobre o futuro. Terá ele a missão de comandá-lo no momento mais delicado da trajetória centenária, com uma dívida perto de R$ 1 bilhão e menos seis pontos num campeonato de regresso (que nem começou ainda). Sua disposição demonstrada para encarar esse rojão trouxe alento, assim como também nos ocorreu quando Dalai Rocha e o Conselho Gestor aceitaram o desafio da terra arrasada.

Por isso, deixei o roteiro da crônica vagar por um final feliz imaginário, onde, daqui um ano, estaríamos voltando de onde nunca deveríamos ter saído. Mas no meio da escrita, eis que o nosso suspiro de esperança volta a incomodar os adoradores do ódio. A gente pequena do Bairro de Lourdes, que sabe se lá o porquê, não consegue nos esquecer. Num sadismo quase débil, onde o amor-próprio é incapaz de gerar gozo. “Vai jogar com Luverdense”. Disse o presidente do afogamento sertanejo, em tom de menosprezo ao clube do interior do Mato Grosso.

Pois bem, 6+1 Câmara, deixei a bela poesia da crônica para conversar contigo sobre a diferença entre ódio e admiração. Lucas do Rio Verde, Aracaju, Pelotas, Cuiabá, São Luís, Maceió e Campinas. É nesse Brasil lindo e diverso, guerreiro e sonhador, que vamos iniciar nossa batalha de retorno. Enfrentar com respeito e honra clubes de história honesta, que nos admiram e correm em campo para um dia, quem sabe, se tornarem um gigante como o Cruzeiro.

Mesmo não sendo nosso lugar esportivo, vamos levar longe a camisa mais bonita do universo. Atender a curiosidade de muita gente que será grata por assistir de perto o time das cinco estrelas. A tal Academia Celeste que até então admirava pelo rádio, TV e títulos. Cidades e povos distintos, como é da natureza da própria torcida do Cruzeiro. Num Brasil interiorano, acolhedor, afeito ao sorriso, e não ao ódio contra ninguém.

6 1 Câmara, seja contra Santos de Pelé ou Luverdense, Bayern de Munique ou Sporting Cristal, River Plate ou qualquer um dos milhares de atléticos, sempre seremos esse Cruzeiro que tanto desperta seu ódio. Esse Cruzeiro admirado por pessoas de coração bom, torcedores de outros clubes onde “o caráter não treme”. O Cruzeiro de Dirceu Lopes admirado por Garrincha; de Tostão exaltado por Pelé; de Zés Ninguém, como eu, que torcem por admiração e felicidade, jamais por ódio e inveja.

A você, 6 1 Câmara, desejo uma semana com menos incompetência para que não dependa do dinheiro de mecenas para tampar o fiasco administrativo e esportivo da sua gestão à frente de um clube de futebol. Assim como também espero da sua parte menos ódio ao Cruzeiro, pois pretendo voltar, na próxima semana, à poesia das letras e da nostalgia.

Quem sabe, um dia, 6 1 Câmara, você durma e tenha mesmo esse seu sonho lunático da migração de cruzeirenses para a Turma do Sapatênis. Pois assim, num devaneio, finalmente terá a inédita experiência do protagonismo esportivo e de uma vida sem ódio ao seu maior pesadelo.

Viva a Lucas do Rio Verde! Viva a Munique! Viva ao futebol-poesia! Viva ao Cruzeiro querido por tanta gente bacana!

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