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Estado de Minas DA ARQUIBANCADA

O destino de glórias do Cruzeiro sob olhar da torcida atenta aos detalhes

Reconstrução do clube celeste requer torcedores mais vigilantes daqui por diante na busca por futebol arte e títulos


postado em 22/04/2020 04:00 / atualizado em 29/04/2020 21:06

 Idolo da torcida cruzeirense, Marcelo Ramos participou de várias conquistas, mas esteve para ser vendido ainda jovem, o que não ocorreu porque o técnico Ênio Andrade disse não (foto: Jorge Gontijo/EM/D.A Press - 15/2/03 )
Idolo da torcida cruzeirense, Marcelo Ramos participou de várias conquistas, mas esteve para ser vendido ainda jovem, o que não ocorreu porque o técnico Ênio Andrade disse não (foto: Jorge Gontijo/EM/D.A Press - 15/2/03 )

Vamos completar 40 dias sem Cruzeiro às 18h desta sexta-feira. Pensei nele com afeto durante todos esses momentos de saudade. Mas hoje me bateu uma pontada de tristeza. Ainda não sei o motivo, se a falta de ir ao Mineirão ou a ausência de uma saída para este momento difícil de nossa história. Logo me peguei pensando sobre como se constroem os destinos. Onde estão as pequenas escolhas capazes de decidir o rumo do restante de uma caminhada, para o bem ou para o mal.

Por exemplo, quais pequenos atos fizeram o Cruzeiro se tornar multicampeão? Qual passo da caminhada lhe fez o único gigante em 100 anos de futebol mineiro, mesmo contra a vontade (e forças ocultas) de uma parcela gorda da elite belo-horizontina – cevada no poder e no dinheiro público – fazendo de tudo para esse destino pertencer a outro clube?

Teríamos uma torcida tão exigente e por isso ativa na busca incessante pelo futebol-arte e por títulos, se não aprendêssemos com os palestrinos a dar valor à luta justa e honesta?  Isso, por exemplo, me faz sentir orgulho em não ser da Turma do Sapatênis, apesar de ter muitos amigos e amigas nela (eles não têm culpa do caráter duvidoso da instituição que amam).

Vou além na minha busca. Quais são os detalhes imperceptíveis que ditaram a rota de nossas conquistas? Em quais eleições, partidas, apitos de juízes, jogadas, brigas, substituições ou mesmo a face da moeda jogada ao alto para a escolha do lado certo do campo? Todos sabemos o significado de Joãozinho ter cobrado a falta em Santiago, em 1976, mas não pensamos em qual fato da vida dele lhe deu a coragem para cometer tal desatino. E se ele não fosse moleque?

Teríamos todos os títulos da nossa infindável galeria se jogadores tivessem tomado um rumo diferente durante sua carreira? Marcelo Ramos, o Flecha Azul, esteve em 14 deles, marcou 162 gols e desempenhou o papel de ídolo na formação de milhares de cruzeirenses. Nada disso estava escrito para o seu destino, pois seria vendido em 1995, quando ainda era apenas uma jovem promessa tentando se afirmar no novo clube. O técnico Ênio Andrade não permitiu. Teríamos esses títulos sem Marcelo Ramos?

Antes disso, entre 1990 e 1993, o goleiro Paulo César Borges também esteve por diversas vezes no topo da lista dos dispensados pela diretoria. Novamente, a proteção de seu Ênio mudou o rumo da história. Venceríamos as Supercopas de 1991 e 1992 se não fossem os pênaltis defendidos pelo PC contra o Colo Colo ou na batalha sangrenta do Monumental de Nuñez?

Em 1987, o Cruzeiro chegou à final do Campeonato Mineiro amargando uma sequência de apenas um título contra oito do Atlético de Lourdes. O jogo final, no dia 2 de agosto, caminhava para um empate até meados do primeiro tempo, quando João Luis covardemente quebrou o pé do centroavante celeste Vanderley. O técnico Rui Guimarães olha para o banco e vê como opção um suplente constantemente vaiado pela torcida e que estava com os dias contados para ser emprestado a outro clube. Hamilton entrou na partida e foi a peça decisiva nos dois gols de Careca e Robson.

A torcida do Cruzeiro teria recuperado a autoestima sem aquele título de 1987 e a formação do ataque com o genial Careca, os ponteiros Róbson e Édson e o centroavante tão questionado Hamilton?

Hoje me peguei a pensar nesses detalhes quase imperceptíveis, capazes de mudar um destino. Fiquei imaginando se os dirigentes atuais e futuros estão se dedicando o suficiente para entendê-los e assim realmente impedir que o nosso Cruzeiro seja definitivamente engolido pelo destino construído pelo câncer da gestão Wagner Nonato Pires Machado de Sá.

Talvez caiba a nós torcedores, daqui      pra frente, não nos atermos apenas aos grandes fatos do destino, aos gols, títulos, faltas no último minuto ou pênaltis defendidos. Neste exato momento de falta de Cruzeiro, podemos nos moldar para estar atentos às decisões imperceptíveis que poderão ditar o destino do nosso gigante, para o bem ou para o mal.

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