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Estado de Minas DA ARQUBANCADA

Felipão é um Roth com sorte. Um Joel com o inglês melhorado

Felipão é um Luxemburgo menos tosco, que sabe comer de talher, por assim dizer


14/10/2023 04:00 - atualizado 14/10/2023 09:19
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Luiz Felipe Scolari, técnico do Atlético, em treino na Cidade do Galo
Luiz Felipe Scolari, técnico do Atlético (foto: Pedro Souza/Atlético)
Desde a derrota para o Coritiba, este colunista vem sendo alvo de maledicências. É certo que o Nostradamus que habita em mim falhou grosseiramente, a despeito de toda a lógica que havia ao cravar o Galo campeão. Só há uma explicação para aquele que enxerga um time do Felipão campeão de alguma coisa: trata-se de um cego.

Agora, dizer que a culpa foi minha, que já estava tudo encaminhado e foi a minha revelação do passo a passo do título o causador da nossa desgraça, que gorei tudo com meu Toque de Merdas? Aí não! Aí já é racismo reverso, além do capacitismo que insiste em ver nas minhas mal traçadas um sinal de mongolismo, quando não da maconha e da bebida. 

Já seria caso também de etarismo, o preconceito com os velhos, algo que se restringia a mim comigo mesmo desde uma trombose em meados do semestre passado, e a consequente dor na perna que, informa o médico, ficará por isso mesmo, assim como o remedinho do colesterol.

Ao falar do "óbvio ululante" que seria o Galo campeão, fiquei me sentindo o próprio Joe Biden conjecturando sobre o mundo: "A situação no Oriente Médio nunca esteve tão tranquila".

Dou um Google em busca da frase "ipsis litteris" e sou informado de que Biden já superou as sete quedas - soma pelo menos nove desde que chegou ao poder, se contabilizados também os tropeços. Outro dia estava andando de quatro numa cerimônia militar. Ainda sou novo pra isso, mas o Felipão, não. O Felipão precisa cair o quanto antes, e cada um deve fazer sua parte nesse empurrão.

Felipão deveria ter se aposentado depois dos 7 a 1, afinal ficou escancarado para o mundo que, já não bastava a estratégia patriarcal da "família Scolari", agora era necessário entender alguma coisa sobre o jogo. Mas como o que mais tem é bobo no futebol, não deixam o Felipão se retirar de jeito nenhum, restando à beira do campo esse triste espectro em mangas de agasalho.

O pobre do Celso Roth virou sinônimo do atraso e seu último emprego foi em 2016. Aos 74 anos, Joel Santana virou youtuber. Está à espera de "um projeto sério e que me dê a segurança de que vou trabalhar pelo menos seis meses". Ainda bem que o faz sentado suas transmissões.

Felipão é um Celso Roth com sorte. Um Joel Santana com um quinto de seu carisma e um inglês melhorado, talvez. Tivesse se dedicado a aprender a língua do Tite, o titês, estaria a enganar ainda mais gente - não são poucos os que se deixam levar pelo Rolando Lero. De qualquer forma, Felipão tem sua própria escola de empulhação, e seu embuste é dos mais vitoriosos que se tem.

Felipão é um Luxemburgo menos tosco, que sabe comer de talher, por assim dizer. Luxa tem o prejuízo de seu sotaque por demais carioca, de Nova Iguaçu, enquanto Felipão carrega toda a distinção do sulino branco, sujeito ao mesmo tempo macho e de indiscutível integridade moral, fruto do Brasil que teria dado certo se não tivesse dado errado.  

O treinador do Atlético deveria ser sabatinado pela Câmara dos Vereadores. É um posto importante demais, com sabidas consequências sobre a saúde mental da população, motivo pelo qual não pode ser conferido a qualquer forasteiro sua indicação autocrática. 

Bastava um par de perguntas sobre futebol para se ver que Felipão não manja nada desse babado. Ele achou que poderia encarar a Alemanha de peito aberto porque havia entre os seus um menino de 1,50m com "alegria nas pernas". E decidiu que, em pleno Mineirão, na casa do santo, Victor deveria ficar no banco enquanto atuaria o goleiro egresso de uma liga amadora. Deu naquilo lá.

Na quinta, enfrentamos o Palmeiras, com vistas apenas a uma vaguinha última que seja na Libertadores de 2024. Abel já disse ser fã de Felipão. Sou fã de Sid Vicious, Jimi Hendrix, Jim Morrison e Janis Joplin. Nem por isso vou fazer igual a eles.

Ainda sobre minha condição de Nostradamus, saibam os detratores que ela é fruto do estudo minucioso da tabela, da análise criteriosa e imparcial do futebol. Como a Folha de S.Paulo já mencionou a morte de Jesus por "enforcamento", e a Veja publicou matéria sobre o "Boimate" - a cruza entre um boi e um tomate -, também reservo direito a um "Erramos". 

Erramos ao não enxergar, aí sim, o óbvio ululante: o Galo perdeu 13 dos 18 pontos disputados contra os times da zona de rebaixamento. Seu único objetivo é devolver o Crüzeiro à Segunda Divisão. 

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