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Estado de Minas DA ARQUIBANCADA

Ganhar do Boca será mais um passo da redenção do Galo

Contra história marcada por tantos azares e injustiças, o Atlético precisa a todo custo se garantir nas quartas de final da Libertadores


17/07/2021 04:00 - atualizado 17/07/2021 08:23

No confronto com os argentinos na Bombonera, o empate por 0 a 0: o que importa agora é o triunfo atleticano no Mineirão(foto: MARCELO ENDELLI/AFP)
No confronto com os argentinos na Bombonera, o empate por 0 a 0: o que importa agora é o triunfo atleticano no Mineirão (foto: MARCELO ENDELLI/AFP)


Recebi ontem um PDF com as duas páginas impressas (isso é um colosso!) que o famoso jornal português “A Bola” dedicou a “Lutar, Lutar, Lutar”, filme sobre a história do Galo com o qual este escriba colaborou na concepção, roteiro e produção – mas que, sobre todos e sobretudo, é um filme dos craques Helvécio Marins Jr. e Sérgio Borges, cineastas mineiros radicados no mundo, atleticanos, graças a Deus (ou a Reinaldo, que também é deus). Pelas mãos dos dois, fez-se um épico monumental. A matéria-prima, vamos convir, não tem melhor.

O que difere “Lutar, Lutar, Lutar” dos muitos filmes sobre clubes de futebol é que ele não abraça apenas as glórias – mergulha também em todos os infortúnios, afinal, a fonte daquilo a que chamamos “atleticanidade”. Conforme o jornalista português Pedro Cadima, “uma crença em valores que é uma procissão de fé de uma massa fanática com estômago para engolir algumas das maiores injustiças ou crueldades da bola”.

Com as salas de cinema ainda fechadas no Brasil em razão da pandemia, “Lutar, Lutar, Lutar” faz bela e inesperada carreira nos festivais internacionais – teve estreia em Buenos Aires, passou por Roterdã, na Holanda, e é exibido neste sábado em Portugal. O Galo é orgulho no exterior desde 1950, quando foi o primeiro clube brasileiro a receber um convite para excursionar na Europa (e atropelá-los), parte do esforço de reconstrução do continente no pós-guerra. Agora, por onde passa o filme, o público se derrete por Reinaldo, “o genial e suave matador do Galo”, segundo “A Bola”, e deseja sentir-se parte da “febre insana de sua torcida, uma das mais fiéis do Brasil, na soberba comunhão e mais catártica erupção”.

Pois bem. Como no filme, cuja ordem cronológica inexiste, adiantemos os anos – estamos em julho de 2021. “Quis o destino”, assim falava o rocambolesco narrador de um LP histórico sobre a conquista de 1971, que Boca e Atlético se enfrentassem na Libertadores. O Boca, não importa se circunstancialmente meia boca, é a representação máxima do futebol sul-americano. Tirar o Boca, me perdoe o Nacho, não é tirar o River. Com o Boca há uma mística que se agiganta, um Maradona rodando a camisa, uma Bombonera, ainda que agora vazia. Tirar o Boca de uma Libertadores é elevar-se à nova prateleira. E é por isso que, se tenho um reparo ao Manto da Massa que venceu o concurso (já comprei o meu!), é que não deveria ser o mapa de Minas – mas o mapa-múndi, marcado com sua quase centena de consulados espalhados, aí, sim, sobre a Terra plana.

O Galo precisa tirar o Boca em nome da sua história, marcada por tantos azares e injustiças. A vitória na terça-feira seria mais um capítulo da sua extraordinária redenção. O Atlético teria sido campeão do mundo, não fôssemos operados por José Roberto Wright e o Flamengo em 1981 (é uma grande satisfação poder mostrar isso ao mundo inteiro), naquilo que o jornal inglês “The Guardian”, e agora “A Bola”, descreveram como o “maior roubo da história” do futebol. Se a gente tirar o Boca, vamos acreditar no título mais uma vez. Se vier o título, vamos pensar que dá pra ganhar o mundo. O atleticano, tá lá no filme, quando ele acredita, periga mesmo o milagre acontecer.

Tirar o Boca é essa pedra fundamental dos nossos sonhos de futuro. Somos fundados, digamos, nestas sapatas estruturantes: a dona Alice costurando a primeira bandeira, o Dario parando no ar, o Reinaldo e seu punho cerrado, o milagre primeiro de São Victor no pênalti de Riascos. O Galo podia ter ganhado do Boca na terça passada. Mas ninguém se lembrará disso se a gente ganhar dos caras na terça que vem. O que ficará na história, o que dará um filme, será: tiramos o Boca, agora é daqui pra frente.

***
Caramba, hoje tem Corinthians. A exemplo de qualquer jogo com o Flamengo, o dever cívico da vitória. Vamo, Galo, pelamordedeus!




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