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Companheiros de trincheira numa guerra chamada pandemia

''Às vezes, mais importante que a guerra, é quem esta ao seu lado na trincheira...''


(foto: Lor/Divulgação)
(foto: Lor/Divulgação)

Há quem compare esta pandemia a uma guerra. De fato, todos os elementos de um grande cenário bélico mundial estiveram presentes em 2020, e continuaremos a ver em 2021. No mundo, passamos dos 85 milhões de casos e 1.853.003 mortes. No Brasil, já somamos quase 8 milhões de infectados e 200 mil mortos pela famigerada "gripezinha".

Tudo isso com um sistema de registro epidemiológico extremamente precário na maioria dos países. Números reais jamais saberemos, mas podem ser várias vezes maiores que os "oficiais". Tivemos protagonistas do caos que menosprezaram, não enxergaram o verdadeiro inimigo e viram o tiro sair pela culatra.

O vírus macroscópico do negacionismo sepultou politicamente o suprematista maior do planeta, que, em seu ato final de desespero, tenta surrupiar o poder, na outrora sede da cavalaria mundial. Com um bando de seguidores fanáticos, viu os seus devaneios beligerantes irem, juntamente com o seu topete, para o esgoto pútrido da história.

Por aqui, segue a saga do falso Messias, cujas trapalhadas e atitudes inconsequentes fazem vítimas, ameaçam o planeta e nos envergonham diante do mundo. Assustado com o destino do seu ídolo, já disparou sua metralhadora de imbecilidades contra as nossas instituições democráticas.

Como em toda epopeia, surgem heróis e fatos inusitados. O pequeno emigrante turco descalço que salva meio mundo com uma vacina revolucionária.

O compartilhamento de informações científicas entre diferentes nações resgata nossa cambaleante esperança no futuro da humanidade. Nesta batalha insana, encontrei alguns amigos de trincheira, com os quais tenho compartilhado ideias, mensagens, e momentos extremamente ricos do ponto de vista estratégico e, até mesmo, filosófico-ideológico.

Um deles é o professor titular aposentado e voluntário da UFMG, cardiologista e genial cartunista Luiz Oswaldo Carneiro Rodrigues, cujo pseudônimo é Lor. Recebo dele todas as semanas uma charge, quase sempre acompanhada de um belo texto. Cada um mais espetacular do que o outro.

Esta semana, recebi o texto que reproduzo aqui, assim como a charge - claro, com autorização do autor. Trata-se de um conjunto de informações simples, mas extremamente importantes sobre as dúvidas mais frequentes que chegam a toda hora em nossas redes sociais.

Se a pandemia nos traz tanta tristeza e sofrimento, também nos proporciona encontros com pessoas maravilhosas que fazem a vida valer a pena. Segue o texto do Lor...

"COVID - O que estou fazendo?

Bom dia,

recebemos uma série de recomendações sobre como evitar ou tratar a COVID, escritas por um grupo de pessoas que se dizem " p_r_o_f_i_s_s_i_o_n_a_i_s_ _d_a_ _s_a_úd_e_",_ _m_a_s_ _que não se identificaram.

Várias pessoas da nossa Associação Mineira de Apoio aos Portadores de Neurofibromatose (AMANF) perguntaram-me, por ser médico, o que eu acho delas. Antes de responder a cada uma das recomendações, preciso dizer meu sentimento.

Estamos com medo de uma doença causada por um vírus que não conseguimos ver, que pode ser transmitida pelo ar por pessoas sem sintomas, que pode ser benigna em alguns casos, mas que pode ser fatal em outros ou deixar sequelas.

Estamos confusos porque o presidente diz que é uma gripezinha, diz que somente os fracos é que ficam doentes, mas milhares de pessoas continuam morrendo.

Estamos cansados de tentar manter o isolamento social, sem poder encontrar as pessoas queridas.

Estamos tristes porque muitos perderam seus empregos, outros fecharam suas lojas e nossas crianças estão presas em casa sem educação adequada.

Estamos confusos porque há médicos que dizem uma coisa e outros dizem outra. Em quem podemos confiar?

Então, vou dizer o que estamos fazendo na minha família (onde já ocorreram casos) e como oriento meus pacientes, nossas dez regras básicas, que foram construídas a partir das orientações da Dra. Luíza de Oliveira Rodrigues, minha filha médica e especialista em Avaliação em Novas Tecnologias em Saúde:

1) Mantemos o isolamento social, especialmente para os grupos de risco (idosos, diabéticos, hipertensos, obesos). Somente saímos de casa para atividades essenciais.

2) Usamos máscaras de forma correta em todas as ocasiões que temos que nos aproximar de outras pessoas que não fazem parte do nosso isolamento familiar.

3) Lavamos a mão com frequência e não tocamos a boca, nem os olhos e nem o nariz sem lavar as mãos antes.

4)
Lavamos produtos e alimentos trazidos da rua.

5)
Mantemos atividades físicas regulares pelo menos três vezes por semana.

6)
Evitamos aumentar o peso controlando a dieta.

7) Cuidamos das nossas doenças crônicas (no meu caso, tomo remédios para o coração).

8)
Lemos e confiamos nas notícias divulgadas nos sites dos jornais de grande circulação (Folha de São Paulo, G1), com jornalistas profissionais, e não no Facebook, nem Instagram. Além disso, como médico, leio diariamente o Boletim da Faculdade de Medicina sobre a COVID e outras revistas científicas e sites científicos.

9) Tomamos banhos de sol, nos horários adequados, sempre que possível.

10)
Desta forma, esperamos receber qualquer uma das vacinas já desenvolvidas, para podermos fazer parte da sociedade mundial que está tentando controlar a pandemia.

Agora, podemos conversar sobre a pergunta que me foi feita no WhatsApp da AMANF, da qual sou o presidente atual.

Primeiro, é preciso dizer que a lista de recomendações que nos enviaram contém informações corretas, como a descrição de alguns dos sinais e sintomas da COVID, e outras incorretas.

Vou tentar dar a minha visão como médico sobre cada uma delas.

É preciso lembrar que a medicina aumentou tremendamente os conhecimentos sobre a COVID desde o começo da pandemia e que hoje temos mais certezas do que antes.

Apesar disso, novos conhecimentos poderão ser alcançados à medida que as pesquisas científicas continuarem nas universidades.

A - Sinais e sintomas da COVID

Como o tal documento apresenta sinais e sintomas de forma confusa, vou rever como a COVID geralmente acontece:

1) De cada 100 pessoas infectadas por contato com outras pessoas infectadas, todas elas podem transmitir o vírus para outras. No momento, em Belo Horizonte, cada 100 pessoas infectadas transmitem para outras 106 pessoas. Por isso a pandemia está crescendo.

2) Entre as 100 pessoas infectadas:

a. 40 delas não vão apresentar nenhum sintoma (mas podem transmitir o vírus para outras pessoas)

b. 40 delas vão apresentar sintomas entre o terceiro e o sétimo dia da infecção (febre, tosse, dor de cabeça, dor no corpo, perda do olfato e do paladar).

3)
As outras 20 pessoas vão apresentar cansaço e falta de ar e devem ser levadas ao hospital:

a. 15 delas vão poder ser tratadas na enfermaria

b.
5 delas vão precisar de ser levadas para o Centro de Tratamento Intensivo (CTI ou UTI)

c.
Destas 5 internadas no CTI, 3 delas sobrevivem.

B - Devo usar antibióticos, como azitromicina?

Não existe nenhum estudo científico sério e bem conduzido que tenha recomendado o uso de qualquer antibiótico contra o vírus da COVID.

C - Devo usar vermífugos, como a ivermectina?

Não existe nenhum estudo científico sério e bem conduzido que tenha recomendado o uso de ivermectina contra o vírus da COVID.

D - Devo ingerir bastante líquido?

O melhor a fazer é seguir a sede. Somente pessoas que não podem se alimentar sozinhas é que precisam de ingestão controlada de líquidos.

E - Devo usar vitamina C e vitamina D?

A vitamina C é abundante em frutas e toda a vitamina C ingerida além das necessidades diárias contidas na alimentação saudável é jogada fora na urina. Junto com a vitamina C em excesso, vai o dinheiro que gastamos para comprar a vitamina C na farmácia.

A vitamina D é sintetizada nos banhos de sol e armazenada no nosso organismo. A imensa maioria das pessoas não precisa de vitamina D suplementar na dieta. Somente pessoas acamadas, em uso de certos medicamentos, especialmente onde não há muito sol, é que precisam de vitamina D suplementar.

F - Devo usar xarope acetilcisteína para a tosse?

Não existe nenhum estudo científico sério e bem conduzido que tenha recomendado o uso de acetilcisteina pra controlar a tosse provocada pelo vírus da COVID.

G - Devo ingerir apenas alimentos quentes?

Os alimentos adquirem a temperatura do corpo assim que são ingeridos e alimentos frios não produzem qualquer dano à saúde. O mito de que a temperatura fria cause resfriado é muito difundido em todo o mundo, mas não tem qualquer comprovação científica. Nós confundimos o reflexo do espirro em ambientes frios (normal, ocasional) com os espirros causados pelas viroses (persistentes, acompanhados de coriza e outros sintomas).

H - Devo ingerir alimentos alcalinos?

Não existe nenhum estudo científico sério e bem conduzido que tenha recomendado o uso de alimentos especiais como parte do tratamento da COVID.

Uma dieta habitual, saudável, é suficiente para fornecer TODOS os nutrientes que seu corpo precisa para enfrentar o vírus da COVID.

O que acabei de escrever é aquilo que é recomendado pela Organização Mundial da Saúde e que estudei com especialistas em doenças infecciosas, como a Dra. Luíza de Oliveira Rodrigues (especialista em Avaliação de Novas Tecnologias em Saúde) e o professor Unaí Tupinambás (infectologista), da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais.

É o melhor que posso recomendar à minha família e aos meus pacientes.

Espero que seja útil a você.

Não se desespere: há milhares de cientistas estudando maneiras de controlarmos esta pandemia. Vamos construir uma nova maneira de conviver. Vamos voltar a encontrar as pessoas queridas, a festejar, a viajar e aproveitar as alegrias da vida.

Abraço com esperança.

Eu sou Dr. Lor (Luiz Oswaldo Carneiro Rodrigues), sou médico (CRMMG 6725) e Coordenador Clínico do Centro de Referência em Neurofibromatoses do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais. Caso queira entrar em contato comigo, meu e-mail é rodrigues.loc@gmail.com.

Belo Horizonte, 7 de janeiro de 2021."

Ao terminar a minha conversa com o Lor, sugeri traduzir estas orientações para vários idiomas. São informações fundamentais para todos.

O único idioma para o qual não seria possível traduzir é o Negativês, por se tratar de uma língua morta e mortal, onde a comunicação existente só se processa entre os membros da própria tribo.

Às vezes, "mais importante que a guerra, é quem esta ao seu lado na trincheira..."

Convido-os a degustar a genialidade do Lor em seu site: www.lorcartunista.blogspot.com.br

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