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Estado de Minas PADECENDO

Em tempo de coronavírus

A preocupação não pode ser somente com a COVID-19, porque existem outras doenças que levam à internação e à necessidade de respiradores


postado em 03/05/2020 04:00

Bebel Soares 

(foto: Depositphotos)
(foto: Depositphotos)




No outono, não é só o novo coronavírus que ameaça a saúde da população. Esta estação marca a circulação do vírus sincicial respiratório (VSR) nos estados do Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e na Região Sul do país.

O isolamento social é fundamental para achatar a curva da COVID-19, mas também para evitar que outros vírus, como o VSR, se espalhem. Informação dada pela pediatra Ana Escobar em live com Leandro Ziotto (@4_daddy).

A infecção pelo VSR tem efeitos devastadores, sobretudo em bebês prematuros ou nascidos com cardiopatias congênitas, sendo uma das principais causas de re-hospitalizações frequentes (em alguns casos, pode ser fatal), podendo resultar problemas respiratórios por longos períodos (até 10-12 anos de idade). O contágio é pelo ar ou por objetos e superfícies que possam estar contaminados (como brinquedos, maçanetas de portas).

Não existe tratamento para a infecção do VSR, apenas controle dos sintomas, mas as crianças de risco podem receber profilaxia com um anticorpo monoclonal específico, capaz de prevenir formas mais graves da doença, reduzindo taxas de hospitalização. A profilaxia está prevista no calendário de prematuros da Sociedade Brasileira de Pediatria.

A filha da Vanessa Guilherme foi prematura, nasceu com 25 semanas, em 2009. Ela ficou internada por 11 se- manas. Durante a internação não pôde fazer a profilaxia. Em 2011, a mãe entrou com um requerimento e, na semana em que a profilaxia foi autorizada, a menina foi internada pelo SUS com broncoespasmo que evoluiu para pneumonia. Ela teve cinco paradas cardiorrespiratórias. Ficou internada durante dois meses. Quando teve alta hospitalar iniciou a profilaxia. Depois disso nunca mais foi internada, raramente tem episódios de gripe ou resfriado e não precisou mais usar bombinhas.

A filha da Izabel Andrade nasceu em janeiro de 2020 com 28 semanas e começou a profilaxia ainda na UTI neonatal, onde recebeu as duas primeiras doses. Assim que teve alta, a mãe preencheu os documentos para requerer as demais doses via Estado. A solicitação foi aprovada quatro dias depois e ela já recebeu a terceira dose e está com a próxima dose agendada. São cinco doses, a próxima ela receberá em maio e a última em junho.

“O Sistema Único de Saúde (SUS) e os planos privados de seguro-saúde fornecem essa profilaxia gratuitamente para crianças com menos de 1 ano e que nasceram com idade gestacional menor ou igual a 28 semanas e 6 dias, ou até os 2 anos com doença pulmonar crônica da prematuridade ou doença cardíaca congênita. Mas, para toda a população, lavar as mãos corretamente é a melhor medida”, afirma a pneumopediatra Débora Chong.

Pesquisa Datafolha, realizada em outubro de 2019, mostra que cerca de 1/3 dos brasileiros tiveram conhecimento de pelo menos um caso de nascimento prematuro nos últimos cinco anos. Dados da SBP revelam que, por ano, nascem cerca de 30 milhões de bebês prematuros ou com baixo peso ou adoecem logo nos primeiros anos de vida em todo o mundo. Em 2017, 2,5 milhões de recém-nascidos morreram nos primeiros 28 dias de vida – 80% por baixo peso ao nascer e 65% por prematuridade.

O levantamento do Datafolha revela que a bronquiolite, uma das principais doenças causadas pelo VSR, é conhecida por metade dos brasileiros (51%), mas o vírus ainda é pouco conhecido (24% dos brasileiros). Mesmo entre aqueles que conhecem a doença, 68% não conhecem VSR. O Instituto ouviu 2.086 pessoas (52% de mulheres), com idade média de 42 anos, de todas as regiões brasileiras, entre 7 e 14 de outubro de 2019.

Fiz uma enquete dentro do grupo do qual participam mais de 10 mil mães e o resultado foi muito parecido com o do Datafolha, quando se trata de conhecer o VSR. No entanto, 99% das mães que responderam à enquete conhecem a bronquiolite.

Infecção por VSR 

A bronquiolite é uma infecção nos bronquíolos, ramificações dos brônquios que levam oxigênio aos pulmões. A infecção provocada pelo VSR causa excesso de muco e estreitamento nos bronquíolos, comprometendo a absorção de oxigênio. Entre os sintomas, o bebê fica com dificuldade para respirar e falta de ar. Depois da bronquiolite instalada, existem somente medidas paliativas para alívio dos sintomas.

A pneumopediatra Débora Chong afirma que devem ser imunizados os bebês prematuros que nascem durante a estação do vírus e aqueles que nasceram nos meses que antecedem a estação do ano. A imunização, mediante prescrição médica, é fornecida gratuitamente pelo SUS (conforme o calendário de cada região) e faz parte do rol de procedimentos obrigatórios estabelecidos pela Agência Nacional de Saúde (ANS) para planos de saúde privados.

Influenza A  

Outra preocupação nesta época é com a influenza A (H1N1). Há quatro anos, Sofia, filha da Karina, era internada na UTI, em isolamento. Ela teve pneumonia viral, encefalite viral e gastroenterite viral decorrentes de H1N1. “Além do drama vivido na época, convulsões, acessos respiratórios e venosos, sondas, perda temporária de algumas funções cerebrais, ficou o trauma, o aprendizado e a sequela da atelectasia pulmonar que ela carrega até hoje e a faz ter uma saúde mais vulnerável que a de outras crianças da mesma idade”, conta Karina.

Existe vacina para a influenza, ainda assim muitas pessoas podem contraí-la e precisar de vagas na UTI. Ou seja, a preocupação não pode ser somente com a COVID-19, porque existem outras doenças que levam à internação e à necessidade de respiradores. Se as crianças não são o grupo mais vulnerável quando se trata do coronavírus, a preocupação com outras doenças continua existindo.

Ficar em casa é fundamental nesse momento. Se você puder, #fiqueemcasa.

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