(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas EM DIA COM A POLÍTICA

O transatlântico e o combate à intolerância

Já chega de Titanic, né? Melhor esperar e torcer para que a economia possa crescer daqui pra frente, como prevê a estimativa do Orçamento da União de 2020


postado em 31/08/2019 04:00 / atualizado em 30/08/2019 20:27

Cena de Titanic, filme de James Cameron: Bolsonaro comparou a economia a um transatlântico (foto: Reprodução/Marina Amaral)
Cena de Titanic, filme de James Cameron: Bolsonaro comparou a economia a um transatlântico (foto: Reprodução/Marina Amaral)

“Lógico que é lento. A economia é igual a um transatlântico, não é de uma hora pra outra. Até a nossa casa, quando o pessoal está endividado é complicado, é devagar recuperar.” A frase é do presidente Jair Bolsonaro (PSL), reclamando dos jornais que noticiaram, com as devidas ressalvas do bom jornalismo, embora tenha havido um leve crescimento.

Se no segundo trimestre a economia cresceu 0,4% em comparação com o primeiro trimestre, a aritmética é desnecessária. Nas pesquisas eleitorais, por exemplo, seria margem de erro. E sem misturar alhos com bugalhos. Ah! E ainda levou jornais para mostrar o seu descontentamento. Mas ele reconheceu que a retomada é lenta e comparou a economia a um “transatlântico”.

A tentativa de emenda saiu pior que o soneto, ou melhor, do que o filme do transatlântico. “Havia uma forte sensação de abundância na primeira década do século 20. Elevadores! Automóveis! Aviões! Rádio sem fio! Tudo parecia tão maravilhoso, uma evolução infinita. Então tudo veio abaixo”, afirmou o cineasta James Cameron.

Aquele que tem em seu currículo filmes como Rambo II, Aliens e Exterminador do futuro. Já bastaria, mas ele fez também o Titanic, em que ganhou três prêmios Oscar: melhor filme, melhor diretor e melhor edição. E a história verdadeira é um dos piores desastres marítimos da história.

Ele teve início na noite de 14 de abril e terminou na manhã de 15 de abril de 1912. Dos 2.224 passageiros a bordo, mais de 1500 pessoas morreram afogadas ou por conta do frio. O luxuoso transatlântico Titanic foi ao fundo do mar após colidir com um iceberg no Oceano Atlântico. Ele partiu do porto de Southampton, na Inglaterra.

Já chega de Titanic, né? Melhor esperar e torcer para que a economia possa crescer daqui pra frente, como prevê a estimativa do Orçamento da União para o ano que vem. Ela estima 2,17% para o ano que vem, depois de ter sido diminuída. Na previsão inicial, seria 2,74%.

E ainda sobre o presidente Jair Bolsonaro, tem o vice-líder do Governo na Câmara dos Deputados, Carlos Jordy, cujo nome oficial é Carlos Roberto Coelho de Mattos Júnior. É que ele, na quarta-feira, apresentou um projeto de lei que cria o Dia Nacional de Combate à Intolerância Ideológica no Brasil.

A data é 6 de setembro, o Dia da Facada que atingiu Bolsonaro. Falar em datas, o deputado Jordy tem 37 anos, nasceu em 8 de fevereiro de 1982. Ele é novo na política, com direito a trocadilho à legenda, mas o seu partido é o PSL.

Sendo assim, o jeito é encerrar por aqui. O fim de semana chegou e quem sabe ele consegue dar um alívio nas notícias. Ou que traga as boas, para compensar.

Óbvio ululante
“Para Maia, reduzir carga tributária só é possível se reduzir as despesas do Estado.” É esse o título do site oficial da Câmara dos Deputados da notícia sobre o seu Presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ). E o site registrava ainda, na linha que segue o título, que “o Presidente também afirmou que a Câmara tem buscado atuar no combate às queimadas da Amazônia e na defesa de projetos que preservem o meio ambiente”. E sempre mantendo o P maiúsculo do presidente. No texto teve mais: “A gente reduz a carga tributária reduzindo o tamanho do Estado”, óbvio demais para comentar.

A propósito
A Câmara dos Deputados teve agenda cheia ontem, com direito a uma em Salvador, na Bahia, na Assembleia Legislativa de lá, para debater “Modificações no Programa Minha casa, minha vida, veiculadas pelo Ministério do Desenvolvimento Regional”. E outra em São Paulo, também na Assembleia, onde teve mesa-redonda para debater “Parcerias público-privadas, concessões públicas e fundos de investimento em infraestrutura”. Inclua ainda “Homenagem aos 72 anos de emancipação do município de São João de Meriti/RJ e homenagem ao Dia do Nutricionista”, no plenário Ulysses Guimarães. Nelas, foram os participantes que tiveram de viajar a Brasília.

''As fake news visam exatamente  disseminar o medo para semear o ódio entre as pessoas. Elas vêm para dividir, não para construir. E colocam em risco, hoje, valores democráticos''

A frase é do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, ao discursar ontem no Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo. E o ministro acrescentou ainda que tem se empenhado para defender os tribunais dedicados a causas trabalhistas.

Faz lá, então
O Mercado Central de Belo Horizonte será homenageado pela Assembleia Legislativa (ALMG) pelos 90 de anos de sua fundação, por meio de reunião especial de plenário. Será segunda-feira. Quem requereu foi a deputada Ione Pinheiro (DEM), mas errou o alvo. Ela mesma deixa claro: “A Assembleia representa o povo, o Mercado Central é a cara do povo mineiro. É tudo de bom: alegria, amizades, vida. É uma homenagem mais do que merecida”. E acrescentou que frequenta o Mercado Central desde criança, quando era levada por seu pai. Uai, por que então não faz lá?

Pelo Twitter
Sexta-feira, né? Só podia ser. Mas o presidente Jair Bolsonaro (PSL) tinha mesmo que postar, afinal, no meio do caminho tem a chanceler alemã Angela Merkel. “Hoje tive uma conversa muito produtiva com a chanceler Angela Merkel, a qual reafirmou a soberania brasileira na nossa Região Amazônica. A pedido do governo alemão, o Serviço Europeu de Ação Externa foi mobilizado para avaliar a situação das queimadas na América do Sul”. Teve até nota oficial, mas nada acrescentava de fato novo.

Pinga-fogo

Se vai dar tempo de o vice-presidente Hamilton Mourão participar das festividades do Dia da Pátria, não deu para descobrir. Mas o fato é que ele tem agenda, em Londres, com o novo premiê inglês, Boris Johnson, o que sucedeu a Theresa May.

“Todos aqueles que estão afinados com essa visão de mundo têm que começar a pensar como lidar com esse novo governo. Já fui encarregado pelo presidente Bolsonaro”, declarou Mourão, em evento na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ).

O dia ontem estava recheado de declarações interessantes: “Quando a gente vê, em manifestações, pessoas se declararem saudosas do regime militar, vem aquela passagem do evangelho: ‘Pai, eles não sabem o que fazem’”.

Desta vez, foi o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes quem fez a declaração, que é quase um alerta. E acrescentou ter ficado mais assustado em ver jovens com esse discurso. Tudo isso foi ontem, em Campos do Jordão (SP), em evento com advogados.

Enfim, melhor relaxar. Sem sustos de ver e ouvir jovens que não conhecem a história direito. Afinal, já há gente rondando por aí com saudades dos tempos ditatoriais. Não dá, né? De fato, é assustador.
 

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)