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O que esperar da economia brasileira em 2020

Ano termina com bons agouros para 2020, que será melhor se governo e Congresso estiverem afinados


postado em 15/12/2019 04:00 / atualizado em 15/12/2019 07:34

(foto: Petrobras/divulgação)
(foto: Petrobras/divulgação)


O ano termina como a bola de cristal da equipe econômica do governo supunha ao fim de 2018 que 2019 iria começar: com os indicadores da economia crescendo, com o desemprego encolhendo, embora lentamente e puxado pelo trabalho informal, e bons agouros para 2020. Três ações explicam o que os cenaristas financeiros demoraram em reconhecer.
 
A mais relevante foi a maturação das reformas aprovadas entre 2017 e 2018 no governo Michel Temer, em especial o teto de gastos federais, a reforma trabalhista, o planejamento das concessões de ativos estatais e o fim do monopólio da Petrobras no pré-sal.
 
Continuidade de uma política econômica racional dá frutos, como Lula aprendeu em 2003, ao surfar o boom das commodities e as reformas da gestão FHC, e desaprendeu a partir de 2007, seduzido pelo dirigismo estatal e o laxismo fiscal defendidos por Dilma Rousseff. Ao menos, mantiveram intacto o alicerce das contas externas, mérito todo ele do Banco Central das gestões petistas – as reservas de US$ 370 bilhões.
 
É o que nos diferencia da falida Argentina. Os soluços do preço do dólar, como agora, são só isso, soluços. Essa retaguarda de medidas estruturais fez o BC abrir o ciclo de cortes da taxa básica de juros Selic, que ainda não acabou. Começou na gestão do economista Ilan Goldfajn, no governo Temer, e continua com Roberto Campos Neto.
 
A rigor, a sequência de queda da Selic, de 14,25% ao ano para 4,50%, até demorou, já que desde 2017 a inflação sinalizava um longo viés de taxas abaixo da meta anual – 4,5% este ano, 4% em 2020 e 3,75% em 2021. Mesmo com o dólar a R$ 4,20, os modelos do BC indicam inflação menor que a meta, o que sugere espaço para menos juro. Falta a banca repassar a totalidade do benefício a suas linhas de crédito.
 
O pano de fundo desses três pilares – reservas robustas, orçamento federal com canga e dieta da Selic graças à inflação domesticada pela recessão – foi a constatação de que a maioria reformista do Congresso revelada na última legislatura, sobretudo a Câmara sob a direção de Rodrigo Maia, é ainda maior. É o que se viu na aprovação da reforma da Previdência. E, se dependesse de Maia, muitas outras, como a do funcionalismo público e a tributária, teriam passado.


Mérito pouco reconhecido


E o mérito do governo de Jair Bolsonaro na recuperação econômica que parece ganhar tração? O maior mérito é o menos reconhecido, aliás, é apontado por economistas e politicólogos como motivo de incertezas.
 
Bolsonaro nada fez para aliciar partidos e formar uma base de apoio parlamentar. Como deputado federal por 28 anos, sempre em partidos do campo governista, seja FHC, Lula e Dilma, ele viu como tais arranjos se davam antes que o mensalão e depois a Lava-Jato contassem para os brasileiros. A corrupção execrada pela sociedade tem por princípio um corruptor – em geral, nas relações Executivo-Congresso, exercida às claras ou à sombra pelo presidente da República. O resto é sequela.
 
Sua pouca disposição a diálogos “não republicanos” coincidiu com o movimento de autonomia parlamentar – parte em reação à criminalização da política por setores do Ministério Público Federal, parte pela ascensão de quadros mais cientes da preponderância constitucional do Congresso em relação aos demais poderes, o Executivo e o STF.



Polarização pelo centro


Na prática, os partidos da direita moderada em que atuava Bolsonaro, chamados de “centrão”, sempre foram maioria na Câmara, só não sabiam exercê-la. É a tendência emergente na cena nacional, e vai acentuar-se com a obrigatoriedade de liberação das emendas parlamentares à lei orçamentária a partir de 2020 e a cláusula de barreira e vedação de coligações em eleições proporcionais, como a de vereadores.
 
Estima-se o número de partidos com desempenho eleitoral suficiente para ter representação municipal entre sete e 10. Será uma prévia das eleições em 2022. Os barrados em 2020 serão candidatos a também o serem em 2022, e são as bancadas na Câmara Federal que dão a métrica de acesso aos dinheiros dos fundos partidário e eleitoral.
 
Não surpreende, por isso, o movimento que tem em Maia sua liderança principal de reaglutinação dos partidos do centro, com viés liberal na economia e no comportamento e agenda social. A polaridade que já foi entre PT e PSDB e hoje seria entre a direita bolsonarista ou a lava-jatista e a esquerda tende a ter de dividir espaço com o centro.

Empreendedor será o pivô


E o papel do ministro Paulo Guedes nesses movimentos? Provavelmente, terá de adequar-se a dois outros movimentos ainda pouco visíveis. Um deles é claro: Bolsonaro precisará de resultados, sobretudo do nível de emprego e renda, para continuar competitivo. Significa que tanto a repressão fiscal e parafiscal dos últimos anos quanto a ideia de que o Estado é sempre malfeitor estarão pressionadas a serem reescritas.
 
O que há por ora é a ocupação da ociosidade das linhas de produção e da população desocupada. Mas se desconhece até onde se chega com tais impulsos de demanda sem pressão inflacionária e de infraestrutura, em especial de energia. Pelo cheiro do déficit externo revisado pelo BC, em torno de 3% do PIB, a margem é curta. São necessárias entrada mais vigorosa de investimentos externos, mais concessões e privatizações e condições para modernizar a indústria. Não é impossível, se o governo e o Congresso estiverem afinados com uma onda de empreendedorismo.

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