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Estado de Minas ANNA MARINA

Paraná está na frente no uso medicinal da maconha

Apenas em 2021, 40 mil pacientes brasileiros foram autorizados a importar medicamentos derivados da Cannabis sativa


01/04/2023 04:00 - atualizado 01/04/2023 00:09
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Frasco de medicamento e conta-gotas sobre folha de maconha
Medicamentos à base da planta da maconha ganham espaço no Brasil (foto: Pixabay)

A prescrição de substâncias à base de Cannabis sativa para o tratamento de diferentes tipos de patologias está cada vez mais difundida em todo o Brasil. De acordo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), apenas em 2021, 40 mil pacientes foram autorizados a importar medicamentos derivados da maconha, número que já chega a 71 mil pessoas em quatro anos.

A planta Cannabis sativa tem diferentes princípios ativos medicinais, como flavonoides, terpenos e os fitocanabinoides, que são os mais conhecidos e têm mais destaque nos estudos médicos. Já são mais de 50 substâncias com efeitos terapêuticos.

Entre elas estão o canabidiol (CBD), tetrahidrocanabinol (THC), cannabigerol (CBG) e canabinol (CBN), que atuam em nosso organismo através do sistema endocanabinoide, conforme explica Vitor Jorge Brasil, especialista em medicina preventiva do Eco Medical Center, em Curitiba.

“Esse sistema é uma rede, que envolve os sinais químicos dos receptores celulares espalhados por todo o organismo. O corpo produz substâncias canabinoides e as enzimas que as degradam, quando necessário. Esse sistema se reflete em tudo: humor, apetite, sono, percepção de dor e até na imunidade. O uso de medicamentos derivados da Cannabis ajuda a regular esse sistema e, consequentemente, traz melhorias em diferentes aspectos. Fazendo analogia com uma orquestra, podemos dizer que o sistema endocanabinoide é o maestro do nosso corpo”, afirma.

O neurocirurgião Guerino Salmazo Neto, integrante do Eco Medical Center, ressalta que todas as células do nosso organismo possuem receptores canabinoides.
 
“Principalmente as do sistema nervoso (Receptores CB1) e do sistema imunológico (Receptores CB2). Esses receptores são ativados fisiologicamente principalmente pela substância anandamida, produzida naturalmente pelo sistema nervoso central em maiores níveis durante o sono. O sistema endocanabinoide, é responsável por colaborar com o bom funcionamento geral dos órgãos e sistemas, especialmente no que se refere a imunomodulação, neurofisiologia e fisiologia gastrointestinal”, explica.

Entre os efeitos terapêuticos conhecidos pela ciência estão o antiepiléptico, analgésico, antidepressivo e anti-inflamatório, além do controle de enjoos e da ansiedade. Existem estudos em andamento sobre a eficácia da Cannabis no tratamento do câncer, mas ainda em fases muito iniciais.

Vitor Brasil explica que pacientes oncológicos são beneficiados pela Cannabis na redução dos efeitos colaterais do tratamento. “Quem faz quimioterapia pode conseguir melhorar o apetite e reduzir os quadros de enjoos causados pelo medicamento”.

O Conselho Federal de Medicina permite o uso da Cannabis principalmente para o tratamento de síndromes epilépticas na infância.

“Tendo em vista a relativa segurança da medicação, sua tolerabilidade, mecanismo de ação e a liberdade do médico em propor o tratamento ao paciente com o seu consentimento, a terapia canabinoide vem ganhando espaço para uso em diversas condições de saúde”, observa Vitor Brasil.

“Aplicamos de maneira adjuvante principalmente em pacientes com dores crônicas, portadores de mal de Alzheimer, doença de Parkinson e transtorno do espectro autista. Também ajuda pessoas com doenças incuráveis ou terminais como medida de conforto e bem-estar, assim como nos casos de quadro sequelar devido a traumatismo cranioencefálico”, afirma o especialista.

Pelo menos 2.015 pacientes realizam tratamento com substâncias derivadas da Cannabis sativa no Paraná. O estado está entre os cinco com maior número de prescrições médicas para esse tipo de terapia em todo o Brasil.
 
Os dados são do levantamento realizado pela Associação Brasileira das Indústrias de Cannabis (Abicann) e da Anvisa. Apenas em 2021, 2.015 pacientes no estado foram autorizados a importar a substância.

Especialistas enfatizam que é indispensável passar por consulta médica para checar se medicamentos à base de Cannabis é realmente indicada para o paciente.

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