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Estado de Minas ANNA MARINA

Especialista explica a síndrome edemigênica, doença que matou Erasmo Carlos

Problema não é raro e decorre do excesso de líquido no corpo, que pode ter origem no rim, coração ou fígado


29/11/2022 04:00 - atualizado 29/11/2022 02:07

Erasmo Carlos, vestindo camisa jeans, sorri olhando para a câmera
Erasmo Carlos morreu devido à sindrome edemigênica, com paniculite agravada por sepse de origem cutânea, informou a família (foto: Gilda Midani/divulgação)

Erasmo Carlos se foi e deixou uma curiosidade: sua morte foi causada por uma doença pouco conhecida, a síndrome edemigênica, condição em que há excesso de líquidos (edema) nos tecidos. Quem explica o problema é a nefrologista Caroline Reigada, especialista em medicina interna pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e em nefrologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo:

“A síndrome edemigênica é um conjunto de sinais e sintomas caracterizado pelo excesso de líquido no corpo (edema), que pode ter origem em três principais órgãos: rim, coração e fígado. Quando o rim não funciona adequadamente como barreira para a perda de proteínas na urina, o corpo fica mais edemaciado (inchado), pois ocorre desequilíbrio de pressões entre o vaso sanguíneo e o interstício, a região externa a esse vaso.

Isso faz com que o líquido extravase para fora do vaso, acumulando-se nos tecidos da pele e do subcutâneo. É o famoso edema, que pode acometer até o rosto.

O fígado é responsável pela produção das proteínas do corpo. Quando estão no sangue, as proteínas são responsáveis por “segurar” a água dentro do vaso sanguíneo. Se o fígado está doente (com cirrose, por exemplo), pode haver extravasamento de líquidos e consequente edema.

O coração realiza uma força ejetora para levar sangue a todo o organismo. Quando ele está fraco, como é o caso da insuficiência cardíaca, mais sangue (portanto, mais líquido) fica represado nas veias e no pulmão, o que pode levar ao edema (a “água no pulmão”). Ou então ao edema periférico, nas pernas, na barriga e no fígado.

Outras causas são alergias e problemas circulatórios. No caso da insuficiência venosa ou linfática, o edema geralmente fica circunscrito apenas aos membros inferiores.

A síndrome edemigênica não é um problema raro, pois pode vir de outras doenças. A insuficiência cardíaca, por exemplo, é uma das principais causas de mortalidade e morbidade no mundo. No Brasil, há 2 milhões de pacientes, e a incidência é de cerca de 240 mil novos casos por ano.

A cirrose hepática e outras hepatites crônicas foram a décima maior causa de morte no país em 2017, de acordo com o Ministério da Saúde.

Considerando a doença renal crônica, que pode ser o motivo da síndrome edemigênica, sabemos que ela causa pelo menos 2,4 milhões de mortes por ano, com taxa crescente de mortalidade. No Brasil, estima-se que 10 milhões de pessoas tenham a doença.

Pacientes com risco de desenvolver doenças do coração, fígado e rim são os mais propensos a apresentar a síndrome. Estão mais suscetíveis ao problema os idosos, diabéticos, hipertensos, obesos, portadores de dislipidemia, tabagistas, etilistas e portadores de doenças autoimunes.

A intoxicação por medicações que levam à hepatite fulminante pode provocar a síndrome. 

O uso exagerado de anti-inflamatórios é outra causa, pois acarreta inflamação renal e, portanto, surgimento do edema generalizado.

A sobrecarga de líquidos no coração e pulmão pode ser fatal. Existem casos em que há edema cerebral, condição potencialmente fatal. O edema agudo pulmonar (água no pulmão) pode levar à insuficiência respiratória e à morte.

Além disso, a síndrome edemigênica facilita a infecção dos tecidos edemaciados. O tecido celular subcutâneo, a gordura abaixo da pele, pode se infectar, o que chamamos de paniculite, que pode evoluir para a infecção generalizada.

Quando muito líquido extravasa para fora do vaso sanguíneo, o sangue que permanece dentro do vaso fica mais espesso e há o aumento do risco de trombose.

O tratamento reúne o alívio do edema, que consiste na utilização de diuréticos, e, principalmente, focar na causa da síndrome. Doenças imunes são tratadas com imunossupressores. A forma grave de doença renal crônica ou da lesão renal aguda pode exigir diálise.

A insuficiência cardíaca apresenta todo um arsenal terapêutico para o seu controle. Doenças avançadas ou graves do rim, do coração e do fígado podem exigir transplante. Casos importantes de edema, com falta de ar e cansaço, precisam de apoio do médico na emergência hospitalar. Não é adequado o paciente tomar diuréticos por conta própria, pois, além de não se reconhecer a verdadeira causa do problema, há muitos efeitos colaterais relacionados aos diuréticos.”





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