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Estado de Minas COMPORTAMENTO

As coisas boas da vida

Almoços de família que viram festa, desfilar em escola de samba ou uma simples simpatia podem fazer o nosso dia a dia valer a pena


06/01/2022 04:00 - atualizado 06/01/2022 07:27

Foto mostra romãs
Hoje é o dia de fazer a simpatia da romã: três sementes jogadas de costas e três guardadas na carteira para ter dinheiro o ano inteiro (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

Fim de ano é tempo de fazer uma revisão do passado – é impossível fugir disso. Deixo de lado os anos mais felizes e emocionais de minha vida, que só a mim interessam, para entrar na área da vivência geral. Todos sabem que fiz da profissão um modo de viver, de participar, tenho mais de 60 anos de profissão e estou indo bem. Um de meus médicos, com quem divido meus problemas de saúde há mais de 35 anos, me ensina que não posso parar de trabalhar – trabalho é vida.

E, realmente, esses quase dois anos que estamos pagando por existir vejo que tem razão. A obrigatoriedade de sair de casa todo santo dia, faça chuva ou sol, realmente nos faz viver. Como não me entreguei ao terror generalizado da COVID, apesar de terem aparecido alguns casos brandos aqui e ali na família, com exceção de um quase mortal, resolvido pela experiência e dedicação do Hospital Mater Dei, não fiquei enclausurada. Fiz o que tinha que fazer, inclusive reformas em casa, com operários entrando e saindo, e fui levando numa boa.

Durante todo esse tempo, minha casa funcionou para a família, principalmente nos fins de semana, o que, acredito, ajudou na falta de tensão de todos. Afinal de contas, como sou agora a mais velha da família, preciso ser aproveitada enquanto estou aqui. E meus sobrinhos e amigos mais próximos sabem disso. Gosto quando sábados e domingos se transformem em uma festa, com mesa cheia e almoço para todos.

Quer melhor? Agora, com a chegada do carnaval, resolvi relembrar meus tempos de sambista; gostava muito de uma escola de samba. O tempo passou e a vontade acabou, mas levo comigo dois desfiles onde botei o pé no asfalto: o primeiro foi aqui, na Escola Cidade Jardim – acharam que eu estava completamente maluca. Onde já se viu frequentar a melhor sociedade mineira e sambar na Afonso Pena? Não dei a menor importância aos comentários, gostei demais da experiência.

Depois disso, passei a assistir aos desfiles no Rio, resguardada em camarotes, sambando sem ser incomodada. Sempre foi mais do que bom, até que um dia uma querida amiga chegou com uma proposta irrecusável: me convidou para desfilar na Mangueira, que tinha levado o primeiro lugar no ano anterior. A ala era a das baianas, não aquela bacanona, com aquelas fantasias incríveis, mas a ala onde a escola destinava a receber as amadoras. Como estava praticamente em cima do desfile, aproveitei a inscrição da uma prima dessa minha amiga, que não ia poder desfilar, porque estava doente. O negócio é assim: é preciso ser admitida antes, ter lugar guardado.

Na noite do desfile, passei o tempo todo no camarote. E, quando se aproximou a hora de a Mangueira desfilar, fui para o toalete, vesti a fantasia e consegui chegar à concentração. Foi um sufoco só, mas uma grande emoção. Naquele tempo, ainda tinha fôlego, acompanhei a música e o desenrolar de cada ala, algumas mangueirenses mais tarimbadas colocavam os novatos na linha. Foi uma canseira só, mas passei embaixo do camarote para me mostrar a quem estava lá e consegui chegar até o final do desfile. Quando chegamos naquela praça final, onde a escola se desmancha, é que a coisa apertou: eu não podia voltar pelo caminho do desfile, a pista da avenida, e não sabia como chegar ao camarote voltando pelo Centro do Rio.

Tive um pouco de medo, mas a fantasia ajudou. Achei um tanto de carnavalescos que me ensinaram o caminho. E, é claro, só consegui chegar ao camarote porque estava fantasiada, a entrada era supercontrolada. Adorei a experiência e, hoje em dia, ao recordar minha doideira, fico pensando se tinha direito de fazer isso com o cara-metade, que aceitava tudo com o maior amor. Tempos bons, que não voltam mais.

E para quem gosta e acredita, hoje é o dia de fazer a simpatia da romã: três sementes jogadas de costas e três guardadas na carteira para ter dinheiro o ano inteiro.

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