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Estado de Minas Anna aos domingos

Tristeza que se repete


14/02/2021 04:00

Pouca gente sabe que os desfiles de rua no país só começaram a ser realizados depois de dois acontecimentos que explodiram na imprensa da época: a violência dos entrudos (para quem não sabe o que é, são aqueles banhos de água que as pessoas recebiam na rua quando saíam de casa nos dias de carnaval) e a beleza e o refinamento do carnaval veneziano.
 
Mas já naquela época, um acontecimento, que se repete agora, foi comentado com veemência por Machado de Assis: corria o ano de 1894 e ele publicou sua revolta em texto de sua crônica no jornal A Semana, no dia 12 de fevereiro, sobre o carnaval carioca:
 
“Quando eu li que este ano não pode haver carnaval na rua, fiquei mortalmente triste. É crença minha que no dia em que Deus Momo for de todo exilado deste mundo, o mundo acaba. Rir não é só “le propre de 1’homme”, é ainda uma necessidade dele. E só há riso, e grande riso, quando é público, universal, inextinguível, à maneira de deuses de Homero, ao ver o pobre coxo Vulcano. Não veremos Vulcano estes dias, cambaio ou não, não ouviremos chocalhos, nem guizos, nem vozes tortas e finas.
 
Não sairão as sociedades, com os seus carros cobertos de flores e mulheres, e as roupas de veludo e cetim. A única veste que poderá aparecer, é cinta espanhola, ou não sei de que raça, que dispensa agora os coletes e dá mais graça ao corpo”.  No nosso caso, não teremos desfiles de escola de samba no Rio,blocos na rua, bailes nos clubes. A pandemia fez o que Machado de Assis considerava impossível acontecer, em 1894 – exilou Deus Momo da realidade brasileira...
 
Para lembrar os bons tempos, quando os clubes da cidade se abriam para os foliões mineiros, a coluna traz um pouco dessa alegria que esperamos ter de volta no próximo ano.
 
 Íris Chaves no Baile dos Artistas de 2015, no Granfinos(foto: Eugenio Gurgel/Especial EM D A Press)
Íris Chaves no Baile dos Artistas de 2015, no Granfinos (foto: Eugenio Gurgel/Especial EM D A Press)
 
 
 
FOLIA
matinê com birita

Este domingo de carnaval acontece de forma diferente – não apenas por causa da pandemia. Na verdade, a suspensão do ponto facultativo na segunda e na terça-feira em muitas cidades brasileiras e liberação a meia-boca dos bares e restaurantes gerou certa inquietação. O fato é que brasileiro sempre arranja um jeito de escapulir das normas e tentar retirar bebum de bar no meio da tarde é sinal certo de brigas. Resumindo: ao invés de solucionar o assunto, acabaram por complicá-lo ainda mais.
 
 Rogério Cardoso com sua mulher, Lilian Furman e Gladyston Brandão Júnior no Baile dos Artistas, em 1998 (foto: arquivo EM)
Rogério Cardoso com sua mulher, Lilian Furman e Gladyston Brandão Júnior no Baile dos Artistas, em 1998 (foto: arquivo EM)
 

BILIARDÁRIOS
novos conceitos, 
antigos poderes

Embora o poder do dinheiro continue o mesmo, o conceito de riqueza parece ter mudado com os novos biliardários. Se antes ter coisas raras & caras e costumes diferenciados dos outros mortais era a meta, hoje o idealismo parece ser o novo propósito dos ricaços. O dono da Amazon, Jeff Bezos, deixou a trilionária empresa para investir em coisas diferentes (até mesmo em jornal, o Washington Post); Elon Musk vendeu tudo para morar em casa alugada e investir em foguetes espaciais, enquanto Bill Gates há muito virou filantropo e agora quer até tapar o sol com poeira. A ironia é que o capitalismo ficou ainda mais feroz e as diferenças sociais mais profundas.
 
Atriz Inês Peixoto no Baile dos Artistas de 2008(foto: Eugenio Gurgel/Especial EM D A Press)
Atriz Inês Peixoto no Baile dos Artistas de 2008 (foto: Eugenio Gurgel/Especial EM D A Press)
 

POLITICAGEM
tiro pela culatra

A extemporânea movimentação política promovida pelo governador Dória, em São Paulo, teve o objetivo óbvio de jogar para escanteio as forças mineiras na órbita do PSDB. Mas o tiro saiu pela culatra, pois seu ato de desespero acabou definindo novas posições partidárias no tabuleiro político nacional e abrindo espaço para o jovem governador gaúcho, Eduardo Leite, liderar o partido. E, também, provocando a ira de nomes históricos da legenda. Resumo da ópera: com a sutileza de um trator desgovernado, ele acabou por derrubar até as árvores que poderiam lhe dar um pouco de sombra no futuro.
 
Leliana Jonatas Valle, Junea e José Eduardo Lanna Valle (foto: Arquivo EM)
Leliana Jonatas Valle, Junea e José Eduardo Lanna Valle (foto: Arquivo EM)
 

MODA
o vestido da princesa

A história de um vestido feito por Hubert de Givenchy, na década de 1960, para a princesa Lee Radziwill, parece coisa de cinema. Usado durante a viagem da irmã Jackie e do cunhado Jack Kennedy (então presidente dos EUA) à Europa, seus trapos foram identificados, casualmente, em um fundo de teatro em Londres. A pista foi o corpete do vestido com incrível bordado em pérolas rosadas (feito pela Lesage) que, logo, foi minuciosamente restaurado pelo estilista Henry Wilkinson. Postado o modelito na internet, descobriu-se que a peça esteve nas recepções de Charles de Gaulle e da rainha Elizabeth. O descarte do vestido foi feito pela princesa, vingando-se ao ser impedida por Givenchy de ver as coleções exclusivas para as clientes (algo que ela foi durante anos), ao tentar fazer uma cobertura do assunto para revista americana. Doado a um teatro londrino, foi sendo destroçado ao longo do tempo. Agora, deve ir para um museu.

GUCCI
A Grande Familia

Uma delícia os memes que rolam no Instagram mostrando cenas da série global A grande família, cujo figurino é assumidamente brega, com tarjetas de várias grifes – de Yves Saint-Laurent a Lanvin, passando por Versace, Miumiu, Céline e outras. A gozação é ótima, porque enfatiza os duvidosos rumos da moda nos últimos anos. Mas a cereja do bolo é a tarja da Gucci sobre cena de bar com os personagens masculinos da série – realmente lembrando as propostas do estilista Alessandro Michele. Como se sabe, suas coleções parecem saídas de um brechó de periferia. O povo da moda não perdoa.
 
Dança
Contemporânea

O Grupo Contemporâneo de Dança Livre realiza o projeto “Cartografias”, com quatro apresentações de um espetáculo de improvisação  construído a partir da investigação de novas formas de territorialidade; intercâmbio com 18 artistas convidados de seis países – Argentina, Brasil, Costa Rica, Colômbia, México e Peru; que se inspiram em poemas escritos por quatro mulheres indígenas latino-americanas – Graça Graúna (Brasil), Graciela Huinao (Chile), Irma Pineda (México) e Yenny Muruy Andoque (Colômbia). A trilha sonora original é da artista argentina Sofi Álvarez. “O espetáculo foi desenvolvido através de um processo de criação totalmente virtual – já que a possibilidade de encontro presencial está interrompida – em que foram investigadas as relações e potências do encontro entre corpo, territorialidade, poesia e a construção de movimentos a partir das investigações da imagem produzida pela câmera e as possibilidades das plataformas digitais”, explica Duna Dias, integrante do Grupo Contemporâneo de Dança Livre e uma das idealizadoras do projeto. As apresentações gratuitas, intituladas Cartografias - Improvisação – encontro – virtualidades, ocorrem de 26 a 28 deste mês, de sexta a domingo, ao vivo pelo canal do YouTube do Grupo.“Cartografias”é um projeto realizado com recursos da Lei Aldir Blanc. Edital 18/2020 – Edital de seleção de propostas de pesquisa e criação para espetáculos de dança.
 
 
POR AÍ...

O aniversário de May Flower Vaz de Mello foi comemorado virtualmente entre os membros da família, em razão da pandemia. Mas como 95 anos merecem o devido registro festivo, sua filha, Beth Curi, prepara comemoração à altura da data para acontecer logo que as coisas voltarem ao normal.

A exposição que os promotores da São Paulo Fashion Week montaram no Farol Santander, em São Paulo, como parte do calendário externo daquele evento, tem presença mineira. São as peças de vestuário em 3D criadas por Gláucia Fróes (Plural), cuja experiência no assunto começou em uma das edições da Minas Trend.

Mesmo depois de morto, o estilista Karl Lagerfeld continua provocando. Nem bem seu guarda-costas ,Sébastien Jondeau, lançou livro contando sua vida a dois, a família do falecido acionou a Justiça francesa para localizar o contador responsável por repartir a sua fortuna. Ele simplesmente sumiu – e junto com ele os 300 milhões de euros que KL deixou 
 
 

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